Tudo o que possuía para viver (Lucas 21,1-4)
25 de novembro de 2013Levantem-se e ergam a cabeça (Lucas 21,20-28)
28 de novembro de 2013“Algumas pessoas comentavam sobre o Templo, enfeitado com pedras bonitas e com coisas dadas em promessa. Então Jesus disse: “Vocês estão admirando essas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído.”
Eles perguntaram: “Mestre, quando vai acontecer isso? Qual será o sinal de que essas coisas estarão para acontecer?” Jesus respondeu: “Cuidado para que vocês não sejam enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: “sou eu”. E ainda: ‘O tempo já chegou’. Não sigam essa gente. Quando vocês ouvirem falar de guerras e revoluções, não fiquem apavorados. Primeiro essas coisas devem acontecer. Mas não será logo o fim.”
E Jesus continuou: “Uma nação lutará contra outra, um reino contra outro reino.
Haverá grandes terremotos, fome e pestes em vários lugares. Vão acontecer coisas pavorosas e grandes sinais vindos do céu.””
De hoje até sábado a liturgia nos apresenta o trecho apocalíptico do Evangelho de Lucas. Apocalipse é um gênero literário comum entre os anos 250 a.C. e 100 d.C, presente, por exemplo, no livro de Daniel (primeiras leituras desta semana). O gênero recebeu o nome do próprio livro do Apocalipse de São João. Esta literatura traz uma noção de fim da história, que é o que dá sentido ao passado e ao presente. Escrito em épocas de grande opressão do povo, tem o objetivo de trazer esperança e encorajamento para se manter a fidelidade, mostrando que o combate é necessário para que seja instaurado o Reinado de Deus, que sairá vitorioso. Além disso, nesta época, a realidade escapava cada vez mais das mãos do povo, porque um sistema anônimo dominava a situação. A quem reclamar? É uma forma de dar sentido às turbulências presentes, mostrando que há um velho e um novo em luta, mas “o que há de vir”, o novo trazido por Deus prevalecerá, por isso vale a pena resistir.
Quando o Evangelho de Lucas foi escrito (anos 80 d.C.), o Templo de Jerusalém já havia sido destruído pelos romanos (anos 70 d.C.), que aumentaram a opressão ao povo judeu. A ferida causada no povo pela destruição deste Templo, edifício de 10 andares, provavelmente adornado a ouro, prata e outros itens preciosos, era enorme, quase um questionamento de se o seu Deus estava perdendo o poder diante daquela opressão, e se já era chegado o fim dos tempos.
A esta pergunta Lucas vem responder. “Vocês estão admirando essas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído.” “Primeiro essas coisas devem acontecer. Mas não será logo o fim.” Jesus alerta os discípulos para não se deixarem enganar, e não irem atrás de qualquer voz que se confunda com a dele.
Nossa realidade também é muito opressora. Quantas vezes sentimos o peso “do sistema”, ao qual parece impossível combater! Ou mesmo agir diferente!
“O sistema” parece absoluto e acaba virando desculpa para tantas coisas: “Ah, o sistema é assim!”
Dentro dele, quantas coisas também nós absolutizamos e admiramos! Dialogar com Jesus, colocar-nos na cena e deixar que seja para nós a sua pergunta: “Vocês estão admirando essas coisas?” Quais são “essas coisas” que tenho admirado, desejado? Onde está a minha atenção, o meu interesse?
“Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra.” Qual a duração do que admiro? É para sempre ou não? Cheira à eternidade do Reino ou ao que? Tenho ficado com o essencial ou com o acessório?
Ver também diante dele a nossa vulnerabilidade ao que as pessoas dizem ou vão dizer. É isto o que marca as minhas decisões? “Cuidado para que vocês não sejam enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: “sou eu”. E ainda: ‘O tempo já chegou’.” Quantas ofertas nos são apresentadas hoje com o nome de “amor”, de “paz”, de “felicidade”, os nomes do Senhor. Ele nos alerta: “Cuidado!” “Não sigam essa gente.” O que tenho seguido, do que tenho corrido atrás no meu dia a dia? Movida(o) por qual desejo, ou qual carência?
Vamos pedir ao Senhor a sabedoria para discernir os “sinais dos tempos” e descobrir na realidade a sua verdadeira voz e chamado.
Tania Pulier, comunicadora social – Palavra Acesa Editora – Família Missionária Verbum Dei