Jesus, o mestre que também aprendia
27 de março de 2017O que o Pai e o Filho fazem (João 5, 17-19)
29 de março de 2017Leitura: João 5, 1-16
Depois disso, houve uma festa dos judeus, e Jesus foi até Jerusalém. Ali existe um tanque que tem cinco entradas e que fica perto do Portão das Ovelhas. Em hebraico esse tanque se chama “Betezata”. Perto das entradas estavam deitados muitos doentes: cegos, aleijados e paralíticos. Esperavam o movimento da água, porque de vez em quando um anjo do Senhor descia e agitava a água. O primeiro doente que entrava no tanque depois disso sarava de qualquer doença. Entre eles havia um homem que era doente fazia trinta e oito anos. Jesus viu o homem deitado e, sabendo que fazia todo esse tempo que ele era doente, perguntou:
— Você quer ficar curado?
Ele respondeu:
— Senhor, eu não tenho ninguém para me pôr no tanque quando a água se mexe. Cada vez que eu tento entrar, outro doente entra antes de mim.
Então Jesus disse:
— Levante-se, pegue a sua cama e ande!
No mesmo instante, o homem ficou curado, pegou a cama e começou a andar. Isso aconteceu no sábado. Por isso os líderes judeus disseram a ele:
— Hoje é sábado, e a nossa Lei não permite que você carregue a sua cama neste dia.
Ele respondeu:
— O homem que me curou me disse: “Pegue a sua cama e ande.”
Eles perguntaram:
— Quem é o homem que mandou você fazer isso?
Mas ele não sabia quem tinha sido, pois Jesus havia ido embora por causa da multidão que estava ali.
Mais tarde Jesus encontrou o homem no pátio do Templo e disse a ele:
— Escute! Você agora está curado. Não peque mais, para que não aconteça com você uma coisa ainda pior.
O homem saiu dali e foi dizer aos líderes judeus que quem o havia curado tinha sido Jesus. Então eles começaram a perseguir Jesus porque ele havia feito essa cura no sábado.
Oração:
O diálogo de Jesus com os doentes é, na maior parte das vezes, desconcertante. Jesus pergunta A, o enfermo responde B. Mesmo assim, Jesus cura. No início desse momento de oração, colocamo-nos com humildade diante da Trindade, reconhecendo que, mesmo que saudáveis, somos tão necessitados das curas que o Amor – e só Ele – pode nos dar. No início de nossa oração, podemos pensar nas conversas que temos com Deus: quando Ele pergunta A, também respondo B? E continuar essas conversas que, pelo seu próprio processo, nos curam…
Hoje a conversa com Ele tem essa imagem para nos ajudar: um homem doente há 38 anos; Jesus, perplexo pela duração da enfermidade, pergunta: “Você quer ficar curado?” O homem responde: “Não há quem me leve à piscina para que eu fique curado”. Jesus responde: “Levante-se, pegue sua cama e ande”.
Na oração, contemplo a solidão desse homem. O grande problema dele não era a enfermidade de 38 anos. Jesus percebe que seu problema era ter passado tanto tempo na solidão e no esquecimento. 38 anos à beira da cura e ninguém que o levasse até a piscina. Jesus não aceita a situação e conversa com o homem com quem ninguém conversava. Jesus não precisava levantá-lo e levá-lo até lá… é a conversa com o homem que o levanta. Jesus não precisava que o homem fosse mergulhado numa piscina cujas ondas agitadas curam o primeiro doente que lá se coloca. Jesus é uma água sempre agitada que toca todos que se aproximam… fonte de água viva.
A cena é bonita demais. Convida-nos à contemplação…
Um homem doente há 38 anos… eu também tenho as doenças que levo por anos e anos, já despreocupado com a cura? Eu também me conformei com o lugar que me deram na fila dos doentes? Eu desisti de ter vida plena e me contento com o vai e vem de pessoas ao redor da água viva ao invés de fazer tudo para sentir essa vida?
NINGUÉM, em 38 anos, levou esse homem à piscina… enxergo a solidão dos que estão ao meu lado? Tenho olhos que percebem aqueles que precisam da minha ajuda, mesmo que seja para dar apenas poucos passos em direção a uma vida plena? Muitas pessoas passavam por ali quando iam ao templo: e eu? Vou à Igreja e tento falar com Deus e continuo achando natural que tantos estejam do lado de fora, incapazes de se mover em direção a uma vida feliz?
“Levante-se, pegue sua cama e ande”… Tenho que ouvir a voz de Jesus, que me fala o mesmo. Talvez eu tenha colocado minha cama, meu armário, meu fogão, toda minha vida num lugar infeliz… Talvez eu tenha me acostumado a morar ao lado da tristeza, da vida pela metade. Jesus fala que eu tenho de pegar minhas coisas e sair daqui, pois esses sentimentos não são moradas, mas passagens…
Que Jesus, água capaz de sempre agitar nossas vidas, nos encontre pelo caminho e que ouçamos sua voz que nos impele a uma vida sempre mais inteira e alegre.
João Gustavo H. M. Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte