24/03/20 – Jo 5,1-16 – “Levanta-te, pega tua cama e anda”

1. O que o texto diz?

Jesus nos é apresentado como Aquele que cumpre a grande obra de Amor e Justiça confiada pelo Pai, enfrentando todo tipo de oposição, mas perseverante para que ninguém impeça a ação do Espírito. No trecho de nossa meditação de hoje, Jesus está em Jerusalém. Ele se encontra na chamada Porta Probática, porta pela qual as ovelhas eram conduzidas ao Templo para o sacrifício. Perto dessa porta havia uma piscina de águas que tinham função curativa, conhecida pelo nome de Betesda (= casa da misericórdia). No mesmo lugar estava um paralítico, alguém que não poderia se mover para alcançar as águas. Em mais um gesto de compaixão, Jesus vai até o homem e o interroga sobre sua necessidade. O homem demonstra sua limitação e denuncia a falta de caridade e atenção dos outros para com ele. Jesus, ao contrário do que se podia pensar, não leva o homem até a piscina, mas o cura através de sua Palavra. Mais uma vez, Ele realiza o plano de amor do Pai, olha para a necessidade de quem precisa e vai além do que se espera. No entanto, esse gesto de Jesus não é bem visto pelos líderes dos judeus que se valem da Lei que pedia o reguardo do sábado e se utilizam disso para persegui-lo.

• O que o texto me diz?

Depois de levantarmos alguns elementos importantes do texto, nós podemos nos colocar de forma profunda dentro desse texto. Que imagem de Jesus toma mais relevância? Assim como aquele paralítico, como eu me sinto olhado pelos meus irmãos? E mais, não tenho eu agido conforme aqueles que não foram capazes de olhar a necessidade do outro por prestar atenção somente na minha? Quem sou eu nesse evangelho?

• O que o texto me faz dizer?

Deixando que o Espírito continue conduzindo nosso encontro com o Senhor, vamos nos colocar diante Dele e expressar os sentimentos que esse texto causa em nós. Diante da necessidade de tantos irmãos que não amamos e sequer prestamos atenção, peçamos a Deus seu perdão por nossa omissão, nossa falta de zelo e atenção. Peçamos que Ele nos cure do mal do egoísmo, assim como do mal do rigorismo que tanto assola nossas instituições religiosas. Clamemos ao Senhor da misericórdia que Ele nos ensine a ser casa de misericórdia para o outro.

• Contemplação

Tomados pela misericórdia de Deus que supera as nossas limitações, que nos ama acima de tudo, num profundo silêncio deixemos que o Espírito nos aponte nossas reais necessidades. Acreditando que Jesus vê o mais profundo de nosso ser, abramos nosso coração para a cura que Ele deseja fazer em nós. Em mais um dia de desafio, em meio ao caos e a preocupação que o atual contexto nos apresenta, deixemos que o Espírito suscite em nós o amor, o zelo, o respeito pela limitação do próximo. Nesse momento, vamos deixar que Deus seja Deus e faça o que Ele necessita fazer em nós.

• Ação

Mais uma vez, tocados pela graça de Deus, vamos nos fazer casa da misericórdia. Quantos irmãos hoje, tomados pelo medo e pela falta de esperança, estão necessitados de um gesto concreto de amor. Em vista disso, faça o que estiver ao seu alcance para que estes irmãos se sintam olhados, acolhidos. Ainda em situação de quarentena, faça uma oração intercedendo por esses irmãos. De forma especial, rezemos por tantos profissionais que não podem ficar em suas casas, por tantos que, também por nós, sacrificam suas vidas nesse momento, para que os serviços básicos para nossa sobrevivência não faltem.

Ir. Fabrício Wagner, INJ

Membro do Instituto Religioso Nova Jerusalém. Graduado em Teologia pela FAJE e filosofia pela FCF. Mora em Vespasiano-MG, Brasil.