O poder da oração (Lc 6,12-19)
28 de outubro de 2015“E se um filho de vocês cair no poço?”
30 de outubro de 2015Leitura: Lucas 13, 31-35
Naquele momento alguns fariseus chegaram perto de Jesus e disseram: — Vá embora daqui, porque Herodes quer matá-lo. Jesus respondeu: — Vão e digam para aquela raposa que eu mandei dizer o seguinte: “Hoje e amanhã eu estou expulsando demônios e curando pessoas e no terceiro dia terminarei o meu trabalho.” E Jesus continuou: — Mas eu preciso seguir o meu caminho hoje, amanhã e depois de amanhã; pois um profeta não deve ser morto fora de Jerusalém. Jerusalém, Jerusalém, que mata os profetas e apedreja os mensageiros que Deus lhe manda! Quantas vezes eu quis abraçar todo o seu povo, assim como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram! Agora a casa de vocês ficará completamente abandonada. Eu afirmo que vocês não me verão mais, até chegar o tempo em que dirão: “Deus abençoe aquele que vem em nome do Senhor!”
Oração:
O evangelho de hoje nos mostra de forma exemplar a audácia de Jesus. Em resposta aos fariseus, grupo que não Lhe queria bem, mas que Lhe veio com um conselho aparentemente bom, Ele responde: não irei embora. Morrerei onde devo morrer. Hoje, amanhã e depois de amanhã continuarei o meu caminho. Expulsarei demônios. Curarei pessoas. No terceiro dia, terminarei meu trabalho.
A resposta de Jesus, típica dos profetas, é também a resposta que temos de estar dispostos a dar e viver caso queiramos seguir Aquele que nos chama.
Em primeiro lugar, quanta atenção é necessária para não destruirmos a vida que há em nós quando pensamos que dela estamos cuidando. Jesus poderia ter parado antes de Jerusalém. Talvez nunca tivesse sido morto. Estaria morto, porém, o profeta. Assim também é conosco. Os fariseus das nossas vidas não querem que a nossa vida alcance a altura que deve ter. Não lhes incomoda que vivamos; não aguentam, porém, que vivamos plenamente. Tanto carinho, proteção e bom conselho podem ser, no fundo, apego, medo e projeção daqueles que não conseguem ter sobre nossa vida um olhar de transcendência. Na oração, consigo discernir essas vozes farisíacas, que vêm de fora ou brotam dentro de mim?
Em segundo lugar, quanta necessidade de morrermos no lugar certo. A consciência de que de toda forma darei minha vida, a certeza de que não posso guardá-la e conservá-la para sempre deve encher-me de coragem para decidir o destino desse dom. Jesus disse, quando estavam para matá-lo, que a vida não Lhe seria tirada; Ele a dava. Assim também deve ser com os seguidores. Na oração, tentar discernir o que toma meu tempo, meu pensamento e minhas forças… eu quero oferecer o dom da minha vida a essas realidades ou elas estão tirando de mim, à força, o que tenho de mais precioso? A que desejo me doar? Onde percebo que o Pai deseja meu sacrifício?
Em terceiro lugar, quanto vigor requer a caminhada constante. Não basta caminhar hoje. Não basta caminhar hoje e amanhã. Alguém que segue Jesus caminha hoje, amanhã e depois de amanhã; caminha, portanto, sempre. Na oração, encontro as respostas que me dizem que os passos não são em vão? De onde tiro a força para não me deter pelo caminho e ficar nas beiradas? Que me faz ir ao centro da fé e da vida?
Eu me disponho ao caminho, mesmo com as dificuldades do enfrentamento a tantas vozes, mesmo com a proposta do sacrifício da própria vida, mesmo que o caminho seja extenso e cotidiano, pois ouço Jesus dizendo: “Hoje e amanhã eu estou expulsando demônios e curando pessoas e no terceiro dia terminarei o meu trabalho”. Lembrar que no terceiro dia Jesus vive de novo e para sempre dá-me o ânimo que o olhar sobre o trabalho talvez me tirasse. Eu não desejo apenas ficar curando as doenças e mazelas da humanidade. O cansaço aí talvez me consumisse. Tampouco me animaria sempre o combate constante à maldade, à desonestidade, à corrupção e à hipocrisia nos outros e em mim. Na oração, entendo que aceito esse caminho árduo porque, no fim, é vida cheia de sentido, vida plena que eu quero ajudar a semear.
Que a oração nos ajude a dar respostas cheias de coragem e certeza como deu Jesus.
João Gustavo H. M. Fonseca – Família Verbum Dei de Belo Horizonte