“Como o orvalho da madrugada, os jovens se encontrarão com o senhor nos montes sagrados”
23 de junho de 2019“Eu louvo a Deus porque ele não deixou de ouvir a minha oração e nunca me negou o seu amor”
7 de julho de 2019PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, derrama-te com força.
Espírito Santo, faze com que eu possa receber a Boa Nova.
Espírito Santo, concede-nos um novo Pentecostes
a fim de que possamos viver o Evangelho pessoalmente e em comunidade.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Lc 9.51-62
Os samaritanos não recebem Jesus
51Como estava chegando o tempo de Jesus ir para o céu, ele resolveu ir para Jerusalém. 52Então mandou que alguns mensageiros fossem na frente. No caminho eles entraram em um povoado da região de Samaria a fim de prepararem um lugar para ele. 53Mas os moradores dali não quiseram receber Jesus porque viram que ele estava indo para Jerusalém. 54Quando os seus discípulos Tiago e João viram isso, disseram:
— O senhor quer que a gente mande descer fogo do céu para acabar com estas pessoas?
55Porém Jesus, virando-se para eles, os repreendeu. 56Então ele e os seus discípulos foram para outro povoado.
Algumas pessoas que queriam seguir Jesus
Mateus 8.18-22
57Quando Jesus e os discípulos iam pelo caminho, um homem disse a Jesus:
— Eu estou pronto a seguir o senhor para qualquer lugar onde o senhor for.
58Então Jesus disse:
— As raposas têm as suas covas, e os pássaros, os seus ninhos. Mas o Filho do Homem não tem onde descansar.
59Aí ele disse para outro homem:
— Venha comigo.
Mas ele respondeu:
— Senhor, primeiro deixe que eu volte e sepulte o meu pai.
60Jesus disse:
— Deixe que os mortos sepultem os seus mortos. Mas você vá e anuncie o Reino de Deus.
61Outro homem disse:
— Eu seguirei o senhor, mas primeiro deixe que eu vá me despedir da minha família.
62Jesus respondeu:
— Quem começa a arar a terra e olha para trás não serve para o Reino de Deus.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. Que tempo se aproxima e aonde Jesus decide ir e por quê?
2. O que acontece com os mensageiros enviados por Jesus?
3. Como reagem Tiago e João diante do ocorrido e o que Jesus lhes diz?
4. O que diz certo homem a Jesus pelo caminho e que resposta recebe?
5. Que diálogo Jesus tem com outro homem que dele se aproxima?
6. O que pede o terceiro homem que se achega e o que Jesus lhe responde?
Algumas pistas para compreender o texto:
Mons. Damian Nannini (Dom Damián Nannini é bispo da Diocese de San Miguel (Argentina); licenciado em Sagrada Escritura pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma.)
O evangelho deste domingo se compõe de um relato de missão (9.51-66) e de três cenas de seguimento (9.57-61).
O primeiro relato começa com a firme decisão de Jesus de ir até Jerusalém. O texto grego pode ser traduzido literalmente assim: “Com determinação, enrijeceu seu rosto para ir a Jerusalém”. Algo assim como quando um profeta cerra os dentes e fixa o olhar em uma meta, com determinação. Isto é o que faz Jesus, voltado para Jerusalém, sabendo o que o esperava ali.
Era notória a inimizade entre judeus e samaritanos, o que explica a negativa que os discípulos recebem da parte destes últimos para hospedar que se dirige a Jerusalém. Desproporcionada é a reação de Tiago e João, a qual não corresponde nem ao espírito nem aos ensinamentos de Jesus. Por isso Jesus os repreende. Podemos observar que Jesus não somente é rejeitado pelos samaritanos, mas que é também incompreendido por seus próprios discípulos. Esta primeira cena de rejeição do Mestre e Senhor cria o clima apropriado para as três cenas subsequentes, porque o discípulo de Jesus deve saber que também o espera o desprezo dos homens.
Sucedem-se, portanto, as três cenas de seguimento, que são ocasião para deixar claras as condições para tornar-se discípulo de Jesus e anunciar o Reino. Na realidade, como bem observa o Cardeal Martini, trata-se de “três formas impróprias de seguimento”, porque manifestam obstáculos ou apegos que impedem seguir verdadeira e realmente Jesus.
Na primeira cena, Jesus responde a “um homem” que quer segui-lo: “O Filho do Homem não tem onde descansar”. O seguimento evangélico implica viver nas mesmas condições em que Jesus vive: neste caso, de desenraizamento e de pobreza. Para R. Guardini, trata-se também da solidão afetiva de Jesus, porquanto a expressão “não tem onde descansar” tinha valor simbólico do que chamamos de “falta de contentamento afetivo”, a carência de apoios humanos.
Na segunda cena, Jesus é quem toma a iniciativa e convida “outro homem” a segui-lo; este, porém, pede para ir primeiro enterrar seu pai. A resposta de Jesus soa muito dura: “Deixe que os mortos sepultem seus mortos. Mas você vá e anuncie o Reino de Deus”. A mensagem é que o seguimento de Jesus não admite nenhum adiamento, nem sequer por parte de um vínculo tão originário e fundamental como é a relação com o pai e com todo o mundo dos valores e tradições familiares.
Na terceira cena, a iniciativa é de “outro homem” que deseja segui-lo, mas que coloca como condição prévia poder despedir-se dos seus, dos de sua casa. A resposta de Jesus volta a ser dura: “Quem começa a arar a terra e olha para trás não serve para o Reino de Deus”. Segundo F. Bovon, “a ideia central é a seguinte: aquele que olha para trás, para o trabalho feito, e não para diante e para o que resta a fazer, não traça bem o sulco que está abrindo. Não vai direto à meta. Assim, portanto, a sentença aconselha a concentrar-se no objetivo e critica as lamentações pelo que vai ficando para trás”.
Em síntese, o verdadeiro seguimento de Cristo não admite nenhuma demora, nenhum apego ao próprio eu, às pessoas, às coisas, porque busca total obediência a Deus e à sua palavra. Observemos – e esta é a dimensão eclesial do relato – que os discípulos estão presentes quando Jesus mantém estes diálogos com aqueles homens e devem assimilar bem as exigências reais de seu próprio seguimento de Jesus.
O que o Senhor me diz no texto?
Hoje podemos perguntar-nos se é muito difícil ser cristão, seguir Jesus. Quão exigente é Jesus para com aqueles que querem segui-lo? Embora seja um tanto áspera, a resposta é clara: é muito exigente porque não é que ele peça muito: ele pede é tudo. Sim, pede que lhe demos toda a nossa vida que lhe confiemos o que somos e nos ponhamos em suas mãos, dispostos a segui-lo aonde quer que nos leve.
Contudo, para não nos espantemos diante de toda a exigência que o evangelho de hoje nos apresenta, é necessário que partamos do princípio. Sim, porque a primeira coisa é sentir-nos fascinados por Jesus, descobri-lo como o Filho de Deus que nos ama ate o extremo de ter dado, por primeiro, toda a sua vida por nós. Sim, porque Jesus pensou mais em nós, em nossa necessidade de sermos salvos, perdoados, curados, do que em si mesmo. E por isso não desceu da cruz. Ficou ali até morrer por nós. E o Pai ressuscitou-o e glorificou-o. E está vivo e presente em nosso mundo, em nossa vida, e continua a chamar-nos a segui-lo. E assim, com tantas demonstrações de verdadeiro amor, ganhou nossa confiança, a ponto de já podermos livrar-nos de tudo o que nos aprisiona a fim de poder segui-lo por onde nos quiser conduzir.
Consolados por seu amor, poderemos superar todos os apegos que nos detêm e retardam: a busca de segurança e de comodidade, o apego ao próprio eu, às pessoas, às coisas, bem como a saudade do passado.
A este respeito, diz o Papa Franco em Cristo vive nº 289-290: “O dom da vocação será, sem dúvida, um dom exigente. Os dons de Deus são interativos e, para os desfrutar, é preciso pôr-me em campo, arriscar. Não será a exigência de um dever imposto por outro de fora, mas algo que estimulará você a crescer e a optar por que esse presente amadureça e se transforme em dom para os outros. Quando o Senhor suscita uma vocação, não pensa apenas no que você é, mas em tudo o que você poderá, juntamente com Ele e os outros, chegar a ser. […] Antes de toda a lei e dever, aquilo que Jesus nos propõe escolher é um seguimento como o de amigos que se frequentam, procuram e encontram por pura amizade. Tudo o mais vem depois; e até os fracassos da vida poderão ser uma experiência inestimável de tal amizade que não se rompe jamais”.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Já tomei decisões difíceis na vida?
2. Que temores ou que apegos me impedem de seguir o Senhor?
3. Confio no Senhor a ponto de entregar-lhe minha vida?
4. Já me perguntei se o Senhor me chama para um seguimento mais radical, que implique deixar tudo por Ele?
O que respondo ao Senhor que me fala no texto?
Obrigado, Jesus, por tua proposta a seguir-te, mais uma vez.
Também quero ir contigo na “subida” para Jerusalém.
Que eu sempre anseie por diminuir a fim de que cresça o Reino.
Que a radicalidade de teu seguimento
não seja um peso, mas um convite sempre novo.
Concede-me compreender que a renúncia não é capricho teu.
Dá-me a audácia para escolher sempre o verdadeiro, o mais autêntico,
o que me liberte para ser fiel a teu Projeto.
Faze-me sair de mim mesmo a fim de sonhar com um nós.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, dá-me a coragem para buscar-te, seguir-te e encontrar-te cada dia”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, proponho-me buscar a verdade e o autêntico no dia-a-dia. Ali também acolho o convite que o Senhor me faz para segui-lo.
“Para chegar a Deus, há muitos caminhos, talvez mais excelentes do que aquele que seguimos. Reconheçamos a excelência deles, mas coloquemos nosso esforço em progredir no caminho em que Deus nos colocou, porque ali é onde ele nos quer”.
São Francisco de Sales