Autoridade de amar (Mc 1,40-45)
15 de janeiro de 2015Justo ou pecador? (Mc 2,13-17)
17 de janeiro de 2015Alguns dias depois, Jesus entrou de novo em Cafarnaum. Logo se espalhou a notícia de que ele estava em casa. E reuniram-se ali tantas pessoas, que já não havia lugar, nem mesmo diante da porta. E Jesus anunciava-lhes a Palavra. Trouxeram-lhe, então, um paralítico, carregado por quatro homens. Mas não conseguindo chegar até Jesus, por causa da multidão, abriram então o teto, bem em cima do lugar onde ele se encontrava. Por essa abertura desceram a cama em que o paralítico estava deitado. Quando viu a fé daqueles homens, Jesus disse ao paralítico: “Filho, os teus pecados estão perdoados”. Ora, alguns mestres da Lei, que estavam ali sentados, refletiam em seus corações: “Como este homem pode falar assim? Ele está blasfemando: ninguém pode perdoar pecados, a não ser Deus”. Jesus percebeu logo o que eles estavam pensando no seu íntimo, e disse: “Por que pensais assim em vossos corações? O que é mais fácil: dizer ao paralítico: ‘os teus pecados estão perdoados’, ou dizer: ‘Levanta-te, pega a tua cama e anda’? Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem, na terra, poder de perdoar pecados disse ele ao paralítico: eu te ordeno: levanta-te, pega tua cama, e vai para tua casa!” O paralítico então se levantou e, carregando a sua cama, saiu diante de todos. E ficaram todos admirados e louvavam a Deus, dizendo: “Nunca vimos uma coisa assim”.
Quando comecei a orar este trecho do evangelho, lembrei-me de uma frase que a minha mãe utiliza com frequência. Ela, participante diária da eucaristia, costuma dizer para as pessoas que lhe pedem orações: “pode deixar, hoje vou te colocar no altar, pertinho de Jesus”.
Quatro homens, anônimos, como muitos outros anônimos nas narrativas dos evangelistas, fazem o possível e o impossível, para colocar um paralítico pertinho de Jesus.
Os quatro homens anônimos não tem nomes somente para nós, pois Deus os conhece, assim como conhece cada um de nós que levamos à sua presença nossos irmãos necessitados.
Eles não fizeram pedido nenhum. Apenas colocaram o necessitado na presença do Senhor. Havia uma grande confiança de que Jesus saberia fazer o melhor para aquele paralítico.
Imagino que, no fundo, os quatro homens esperavam que Jesus o curasse da paralisia, porém, num primeiro momento, Ele preferiu perdoar os pecados do paralítico. Talvez fosse o que ele mais precisasse naquele momento.
O evangelista não comenta nada mais a respeito dos amigos do paralítico, talvez porque, amparados pela fé que demonstraram, estavam refletindo sobre a atitude de Jesus. Mesmo que não tenham compreendido e tenham ficado desapontados, pois esperavam a cura, não perderam a esperança de que Jesus estava fazendo o que mais importava para o doente.
Podemos, neste ponto, relembrar como tem sido nossas atitudes diante das coisas que não acontecem como esperávamos? Continuamos confiando que o Senhor nos atendeu, mesmo que não percebamos como?
Por outro lado, também estavam presentes algumas pessoas que não tinham fé. Estavam ali porque precisavam de sinais exteriores e se escandalizaram, pois a falta de fé não permitia que aceitassem a possibilidade de Jesus ter o poder de perdoar pecados.
Neste ponto é colocada uma questão muito importante, da qual podemos tirar muito proveito em nossa oração. A fé permite que confiemos na mudança, na transformação, mesmo que não percebamos sinais exteriores imediatos. Como a semente que ao ser plantada não dá, por muito tempo, nenhum sinal da transformação que se iniciou. Por outro lado, a falta de fé, mesmo que aconteça sinais maravilhosos, não permite que confiemos em uma verdadeira transformação interior.
Daí a pergunta de Jesus: “O que é mais fácil: dizer ao paralítico: ‘os teus pecados estão perdoados’, ou dizer: ‘Levanta-te, pega a tua cama e anda’?”.
Ora, é mais fácil dizer que os pecados estão perdoados, pois ninguém pode ver esta ação ocorrendo, a não ser aquele a quem os pecados foram perdoados. Por outro lado, dizer para um paralítico se levantar, pegar sua cama e andar, é muito difícil, pois caso isto não ocorra será ridicularizado por todos.
Aos que tem fé, Jesus ensina que deve-se mantê-la, mesmo que não se perceba nada acontecendo, pois nenhum sofredor colocado pertinho dele, deixará de ser atendido em suas necessidades. Àqueles que não tem fé, Jesus ensina que é necessário buscá-la, pois os sinais exteriores tem demonstrado que há muitas mudanças ocorrendo no interior e sem os olhos da fé não se pode apreciá-las.
Como temos vivido nossa vida de fé? Confiamos nas ações interiores que o Senhor está operando ou temos exigido sinais exteriores?
Peçamos ao Espírito Santo que nos dê o dom da fé, para que possamos perceber todas as maravilhas que o Senhor tem operado em nossas vidas e possamos, louvando a Deus, também dizer: “Nunca vimos uma coisa assim”. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte – MG