Tradição e tradições (Mateus 15,1-2.10-14)
4 de agosto de 2015Resplandecer a experiência do amor (Marcos 9, 2-10)
6 de agosto de 2015
“Jesus saiu dali e foi para a região que fica perto das cidades de Tiro e de Sidom. Certa mulher cananeia, que morava naquela terra, chegou perto dele e gritou:
– Senhor, Filho de Davi, tenha pena de mim! A minha filha está horrivelmente dominada por um demônio!
Mas Jesus não respondeu nada. Então os discípulos chegaram perto dele e disseram:
– Mande essa mulher embora, pois ela está vindo atrás de nós, fazendo muito barulho!
Jesus respondeu:
– Eu fui mandado somente para as ovelhas perdidas do povo de Israel.
Então ela veio, ajoelhou-se aos pés dele e disse:
– Senhor, me ajude!
Jesus disse:
– Não está certo tirar o pão dos filhos e jogá-lo para os cachorros.
– Sim, senhor, – respondeu a mulher – mas até mesmo os cachorrinhos comem as migalhas que caem debaixo da mesa dos seus donos.
– Mulher, você tem muita fé! – disse Jesus. – Que seja feito o que você quer!
E naquele momento a filha dela ficou curada.”
A graça que vamos pedir ao Senhor nesta oração é o dom da humildade.
Contemplar longamente a imagem da mulher cananeia aos pés de Jesus, ouvindo o diálogo que ela trava com o Senhor. Pela necessidade de outra pessoa – uma pessoa amada, sua filha -, até onde ela é capaz de chegar? O que vemos em suas atitudes e captamos em suas palavras?
Uma mulher de amor, humildade e fé. Toma a iniciativa de se aproximar de Jesus. E suplica-lhe: “Senhor, Filho de Davi, tenha pena de mim!” Na sua súplica, já aparece a confissão de fé. Ela professa que aquele home é o Messias, o Filho de Davi. A confissão esperada do Povo escolhido diante do dom de Deus é feita por uma mulher considerada pagã.
Os discípulos não têm paciência com ela. Preconceito? Dureza de coração?
Jesus silencia, como que buscando compreender aquelas palavras que já o tocam, mas que parecem contrapor-se ao seu chamado de chegar primeiro “às ovelhas perdidas do povo de Israel.” É a sua primeira resposta.
Mas a mulher insiste. Ajoelha-se, algo que se faz quando se reconhece a presença de Deus. E suplica por ajuda. Jesus ainda resiste, por entender que seu chamado era outro. “Não está certo tirar o pão dos filhos e jogá-lo para os cachorros.“ Era comum os judeus chamarem os pagãos de cachorrinhos. Mesmo assim, suas palavras são duras.
Mas a mulher redobra de humildade em sua resposta: “Sim, senhor, – respondeu a mulher – mas até mesmo os cachorrinhos comem as migalhas que caem debaixo da mesa dos seus donos.” Uma humildade que desconcerta o próprio Jesus, que rouba-lhe o coração, fazendo com que manifesta em arrombo sua admiração diante daquela fé: “Mulher, você tem muita fé!”
Reconhecendo nela a fé, algo que é dom de Deus, Jesus é capaz de deixar-se mudar em seu discernimento e confirmar o que o Espírito faz ver, concedendo-lhe a realização do seu desejo e necessidade: “Que seja feito o que você quer!”
Vamos pedir ao Senhor que, ao contemplar esta mulher, deixemo-nos também tocar por sua fé humilde, como Ele próprio deixou-se tocar, e que esta fé nos contagie para também vivenciá-la.