“Este é o dia da vitória de Deus, o Senhor; que seja para nós um dia de felicidade e alegria”
28 de abril de 2019“O teu Reino é eterno, e tu és Rei para sempre”
19 de maio de 2019PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, ajuda-me a encontrar a atualidade do Evangelho.
Espírito Santo, unge-me com a força da Palavra.
Espírito Santo, move-me, para que, junto a meus irmãos,
possa levar a Boa Nova a todos os lugares.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Jo 21.1-19
Jesus aparece a sete discípulos
1Depois disso, Jesus apareceu outra vez aos seus discípulos, na beira do lago da Galileia. Foi assim que aconteceu:
2Estavam juntos Simão Pedro e Tomé, chamado “o Gêmeo”; Natanael, que era de Caná da Galileia; os filhos de Zebedeu e mais dois discípulos. 3Simão Pedro disse aos outros:
— Eu vou pescar.
— Nós também vamos pescar com você! — disseram eles.
Então foram todos e subiram no barco, mas naquela noite não pescaram nada. 4De manhã, quando começava a clarear, Jesus estava na praia. Porém eles não sabiam que era ele. 5Então Jesus perguntou:
— Moços, vocês pescaram alguma coisa?
— Nada! — responderam eles.
6 — Joguem a rede do lado direito do barco, que vocês acharão peixe! — disse Jesus.
Eles jogaram a rede e logo depois já não conseguiam puxá-la para dentro do barco, por causa da grande quantidade de peixes que havia nela. 7Aí o discípulo que Jesus amava disse a Pedro:
— É o Senhor Jesus!
Quando Simão Pedro ouviu dizer que era o Senhor, vestiu a capa, pois havia tirado a roupa, e se jogou na água. 8Os outros discípulos foram no barco, puxando a rede com os peixes, pois estavam somente a uns cem metros da praia. 9Quando saíram do barco, viram ali uma pequena fogueira, com alguns peixes em cima das brasas. E também havia pão. 10Então Jesus disse:
— Tragam alguns desses peixes que vocês acabaram de pescar.
11Aí Simão Pedro subiu no barco e arrastou a rede para a terra. Ela estava cheia, com cento e cinquenta e três peixes grandes, e mesmo assim não se rebentou. 12Jesus disse:
— Venham comer!
Nenhum deles tinha coragem de perguntar quem ele era, pois sabiam que era o Senhor. 13Então Jesus veio, pegou o pão e deu a eles. E fez a mesma coisa com os peixes.
14Foi esta a terceira vez que Jesus, depois de ter sido ressuscitado, apareceu aos seus discípulos.
Jesus e Pedro
15Quando eles acabaram de comer, Jesus perguntou a Simão Pedro:
— Simão, filho de João, você me ama mais do que estes outros me amam?
— Sim, o senhor sabe que eu o amo, Senhor! — respondeu ele.
Então Jesus lhe disse:
— Tome conta das minhas ovelhas!
16E perguntou pela segunda vez:
— Simão, filho de João, você me ama?
Pedro respondeu:
— Sim, o senhor sabe que eu o amo, Senhor!
E Jesus lhe disse outra vez:
— Tome conta das minhas ovelhas!
17E perguntou pela terceira vez:
— Simão, filho de João, você me ama?
Então Pedro ficou triste por Jesus ter perguntado três vezes: “Você me ama?” E respondeu:
— O senhor sabe tudo e sabe que eu o amo, Senhor!
E Jesus ordenou:
— Tome conta das minhas ovelhas. 18Quando você era moço, você se aprontava e ia para onde queria. Mas eu afirmo a você que isto é verdade: quando for velho, você estenderá as mãos, alguém vai amarrá-las e o levará para onde você não vai querer ir.
19Ao dizer isso, Jesus estava dando a entender de que modo Pedro ia morrer e assim fazer com que Deus fosse louvado.
Então Jesus disse a Pedro:
— Venha comigo!
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. Onde se encontram os discípulos e o que estão fazendo?
2. Como lhes foi a pesca e o que Jesus lhes diz? Reconhecem-no?
3. O que diz o discípulo amado e que faz Pedro?
4. O que faz Jesus com os discípulos depois da pesca?
5. O que Jesus pergunta a Pedro e o que este lhe responde?
6. Que missão Jesus confia a Pedro o que lhe diz sobre seu futuro?
ü Algumas pistas para compreender o texto:
Mons. Damian Nannini1
Depois das aparições de Jesus Ressuscitado em Jerusalém, nesta ocasião se segue sua manifestação à beira do lago de Tiberíades ou Mar da Galileia. Estão presentes, aqui, sete de seus discípulos, dos quais se identificam cinco deles: Pedro, Tomé, Natanael e os filhos de Zebedeu (João e Tiago). Os outros dois discípulos não são nomeados. Os cinco nominados fazem parte dos discípulos de Jesus da primeira hora, os primeiros a ser chamados e a segui-lo (cf. Jo 1.35-51).
Pedro toma a iniciativa de ir pescar, e os demais o seguem. Depois da paixão, os discípulos voltam a sua antiga região – à Galileia –, a suas origens e a sua atividade anterior: a pesca. A novidade deste relato é, portanto, que Jesus ressuscitado se faz presente na vida cotidiana dos discípulos.
“Mas naquela noite não pescaram nada”. Encontram-se em uma situação de fracasso, justamente naquilo que se supõe que sabiam fazer bem, pois eram pescadores.
“De manhã, quando começava a clarear, Jesus estava na praia”. Esta referência pode recordar-nos a passagem do Mar Vermelho, quando, ao amanhecer, o povo se encontra na outra margem, e os egípcios jazem mortos no meio do mar. O certo é que Jesus se insere na vida dos discípulos de modo simples e discreto, sem que se deem conta.
Jesus pede-lhes de comer, mas eles têm as mãos vazias, pois não pescaram nada. Com este pedido, convida-os ao reconhecimento de sua carência, de sua pobreza.
“’Joguem a rede do lado direito do barco, que vocês acharão peixe!’ Eles jogaram a rede e logo depois já não conseguiam puxá-la para dentro do barco, por causa da grande quantidade de peixes que havia nela”
(v. 6). Praticam a obediência à Palavra de Jesus, para além do peso do mau êxito por não haverem pescado nada durante a noite, e o resultado é uma pesca milagrosa abundante.
“Aí o discípulo que Jesus amava disse a Pedro: ‘É o Senhor Jesus!’”. Aquele que se sente amado é quem o reconhece.
Quando chegam à margem, Jesus já tem preparado um peixe sobre as brasas e pão. O peixe e o pão, assim como a localização à margem do lago de Tiberíades, remetem-nos à narrativa da multiplicação dos cinco pães e dos dois peixes (cf. Jo 6.1-13).
Jesus pede-lhes que tragam alguns dos peixes que acabam de pescar. Imediatamente, Pedro dirige-se à barca e puxa a rede para a terra, cheia de peixes grandes. É Pedro quem apresenta a Jesus a totalidade da pesca, e se trata de uma plenitude de pesca: 153 peixes. Este número foi objeto de muitas interpretações; talvez a mais acertada seja a que simboliza a universalidade da missão, pois 153 era o número de nações conhecidas naquele tempo; ou o número de tipos de peixes conhecidos. Para além do simbolismo do número 153, sempre hipotético, o certo é que, “mesmo assim, não se rebentou” (Jo 21.11).
“Nenhum deles tinha coragem de perguntar quem ele era, pois sabiam que era o Senhor”. Aqui se utiliza exatamente a mesma expressão que na exclamação do discípulo amado em 21.7: “É o Senhor”. Portanto, agora todos os discípulos, estando junto a Jesus, partilhando o pão, reconhecem-no como o Senhor. Não se trata de um reconhecimento exterior, pois não se diz que agora o “veem”, mas que se trata muito mais da certeza de fé a que chegam através dos diversos sinais; por isso, o texto diz que “sabem”, “reconhecem” que é o Senhor. E Jesus confirma este reconhecimento dos discípulos fazendo um último gesto, praticamente idêntico ao da multiplicação dos pães (Jo 6.11): “… pegou o pão e deu a eles. E fez a mesma coisa com os peixes”. Temos de reconhecer aqui uma alusão à Eucaristia, o que torna este relato semelhante ao dos discípulos de Emaús.
As ações de Jesus Ressuscitado, descritas neste capítulo final de João, trazem-nos à memória as ações realizadas durante seu ministério público. A intenção é ensinar que o Jesus que agora está com eles, glorificado, é o mesmo Jesus que conheceram antes.
Segundo R. Brown e F. Moloney, os temas fundamentais deste relato são: a universalidade da comunidade cristã, resultado da iniciativa de Jesus; a liderança de Pedro e do discípulo amado, e a participação dos discípulos.
Depois de comer, Jesus chama Pedro à parte para fazer-lhe, por três vezes, a mesma pergunta: “Simão, filho de João, você me ama?”. A expressão “Simão, filho de João” relembra-nos o primeiro encontro de Pedro com Jesus e o primeiro chamado (cf. Jo 1.42). “Tome conta das minhas ovelhas”. Jesus quer que o amor por sua pessoa, confessado por Pedro, seja demonstrado no cuidar do rebanho do Senhor. Parece claro que esta tríplice confissão de amor é uma reparação pela tríplice negação do Senhor, da parte de Pedro, durante a paixão. Como pano de fundo, devemos reconhecer o discurso do bom Pastor (Jo 10.1-18), visto que utiliza a mesma metáfora e tem os mesmos realces. Notemos, porém, que as ovelhas confiadas a Pedro não lhe pertencem, mas são as de Jesus, que diz em cada ocasião “minhas ovelhas”.
Depois da terceira resposta de Pedro, acolhida, por fim, Jesus anuncia-lhe “de que modo Pedro ia morrer e assim fazer com que Deus fosse louvado”. O dito de Jesus aplica-se a que quando alguém é jovem, dispõe de si mesmo, e quando chega à ancianidade, outros dispõem dele. Com estas palavras, Jesus Ressuscitado revela a Pedro que cuidar das ovelhas é identificar-se com ele na doação da vida e, assim, glorificar a Deus. Poder-se-ia ver também, aqui, de modo particular na expressão “estender as mãos”, uma antecipação da futura crucifixão de Pedro. Coisa certa é que se trata de uma morte martirial. Em seguida, diz-lhe “venha comigo!”. À tríplice confissão de amor, segue-se a renovação da vocação, do chamado. Agora que Pedro aprendeu a reconhecer sua fragilidade, o Senhor convida-o novamente a segui-lo pelo caminho do sofrimento e da humildade. É claro que Jesus volta a confiar em Pedro e lhe renova a vocação-missão, que consiste em amar o Senhor, cuidando de seu rebanho até entregar a vida por Ele.
O que o Senhor me diz no texto?
Ao meditar os evangelhos deste tempo pascal, procuramos descobrir os lugares e os modos pelos quais Jesus se faz presente na vida dos crentes.
Observamos, em primeiro lugar, que em todos os relatos de aparição, Jesus entra no dia a dia dos discípulos de modo singelo e modesto, e muitas vezes eles não o reconhecem logo. Com isto, talvez, tem-se a intenção de dizer-nos que Jesus está presente, embora não o vejamos diretamente. Com outras palavras, chegar a uma verdadeira fé pascal supõe um processo de purificação do olhar pela fé, para que possamos reconhecer sua presença em nossa vida cotidiana.
O retorno dos discípulos a seu lugar de origem – a Galileia – e a sua atividade cotidiana – pescar – convida-nos a observar a presença de Jesus em nossa vida de todos os dias. Ele está ali, cada dia, todo o tempo, conosco. Mas de modo discreto, simples.
Em segundo lugar, não podemos deixar passar o valor simbólico da barca, com Pedro à frente, e da pesca abundante. Trata-se da Igreja, presidida por Pedro e seus sucessores, que é fecunda em sua ação evangelizadora, desde que a realize em obediência à Palavra de Jesus, pois ele continua sendo seu Senhor. A noite pode ser longa e o labor muitas vezes é fatigante e aparentemente infrutífero, mas o Senhor leva em conta a constância dos discípulos em permanecer unidos, e a confiança e obediência às suas indicações, vencendo o peso do insucesso, que culmina com a pesca abundante. Somente então o reconhecem presente em meio a eles.
Quanto à segunda parte do Evangelho, no diálogo com Pedro, Jesus pede-lhe que aceite duas coisas: cuidar do rebanho e estar disposto ao martírio (disponibilidade total). E tudo isto com a única motivação válida que é o amor a Jesus, que dá forma ao apostolado cristão, como bem explica santo Agostinho: “Com efeito, que significam as palavras: ‘Você me ama?” e “Cuide de minhas ovelhas?”. É como se, com elas, o Senhor dissesse: ‘Se você me ama, não pense em cuidar de si mesmo. Cuide, antes, de minhas ovelhas por serem
minhas, não como se fossem suas; busque apascentar minha glória, não a sua; busque estabelecer meu Reino, não o seu; preocupe-se com meus interesses, não com os seus, se não quiser figurar entre os que, nestes tempos difíceis, amam-se a si mesmos e, por isso, caem em todos os outros pecados que desse amor a si mesmos derivam como de seu princípio. Não nos amemos, pois, a nós mesmos, mas ao Senhor e, ao apascentar suas ovelhas, busquemos seu interesse e não o nosso”.
O Amor a Cristo deve crescer em quem apascenta suas ovelhas até alcançar um ardor espiritual que o faça vencer até mesmo esse temor natural da morte, de modo que seja capaz de morrer precisamente porque quer viver em Cristo.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Já experimentei a presença de Jesus em minha vida cotidiana?
2. Como reajo diante dos fracassos ou desilusões em meu apostolado?
3. Creio realmente que a fecundidade apostólica é fruto, antes de mais nada, da obediência à Palavra de Deus, mais do que de meus talentos e projetos?
4. O amor a Jesus é o motor principal de minha entrega aos demais?
O que respondo ao Senhor que me fala no texto?
Obrigado, Jesus, por estares em minha vida cotidiana.
Obrigado por estares em cada uma de minhas noites.
Que eu possa deixar-te pisar nas margens de minha vida,
para que, a partir daí, entres nela por completo.
Aqui estão minhas pobrezas, minhas carências.
Toma-as outra vez!
Concede-me um olhar pascal a fim de reconhecer-te.
És o Senhor de minha vida!
Sabes que te amo:
chama-me de novo!
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus Ressuscitado, concede-me um olhar pascal
a fim de que possa reconhecer-te em minha vida cotidiana”
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, comprometo-me a olhar nos olhos das pessoas quando lhes falar, pedindo ao Senhor que nos purifique o olhar.
“Temos de viver uma relação intensa com Jesus, uma intimidade de diálogo e de vida,
de tal maneira que o reconheçamos como o Senhor”.
Papa Francisco