E você, quem acha que sou? (Mateus 16,13-19)
22 de fevereiro de 2016Conversas com Deus…
24 de fevereiro de 2016Leitura: Mateus 23, 1-12
Então Jesus falou à multidão e aos seus discípulos. Ele disse:
— Os mestres da Lei e os fariseus têm autoridade para explicar a Lei de Moisés. Por isso vocês devem obedecer e seguir tudo o que eles dizem. Porém não imitem as suas ações, pois eles não fazem o que ensinam. Amarram fardos pesados e os põem nas costas dos outros, mas eles mesmos não os ajudam, nem ao menos com um dedo, a carregar esses fardos. Tudo o que eles fazem é para serem vistos pelos outros. Vejam como são grandes os trechos das Escrituras Sagradas que eles copiam e amarram na testa e nos braços! E olhem os pingentes grandes das suas capas! Eles preferem os melhores lugares nos banquetes e os lugares de honra nas sinagogas. Gostam de ser cumprimentados com respeito nas praças e de ser chamados de “mestre”. Porém vocês não devem ser chamados de “mestre”, pois todos vocês são membros de uma mesma família e têm somente um Mestre. E aqui na terra não chamem ninguém de pai porque vocês têm somente um Pai, que está no céu. Vocês não devem também ser chamados de “líderes” porque vocês têm um líder, o Messias. Entre vocês, o mais importante é aquele que serve os outros. Quem se engrandece será humilhado, mas quem se humilha será engrandecido.
Oração:
No evangelho de hoje, Jesus, embora reconheça a autoridade dos mestres da Lei e dos fariseus, pede a seus discípulos que não os sigam em suas atitudes, uma vez que estão divididos interiomente: o que falam é diferente do que vivem. A fala de Jesus tanto expressa o que ele reprova nos mestres da Lei quanto revela o caminho que seus discípulos devem seguir. Se tivéssemos, como povo de Deus, dado ouvidos – e mãos e vida – à advertência de Jesus, o texto de hoje seria apenas um lembrete a poucos desavisados ou desobedientes. No entanto, se fecharmos os olhos e contemplarmos, na oração, nossa comunidade, nossa paróquia, a Igreja, todas as igrejas (e nós mesmos, por quê não?), veremos que o texto grita. Jesus está tentando, ainda hoje, explicar aos seus discípulos, que o amam e o querem seguir intimamente, que não devem fazer o que fazem os atuais senhores que defendem a preponderância da Lei sem terem qualquer pretensão de segui-la.
Amarram fardos pesados e os põem nas costas dos outros, mas eles mesmos não os ajudam, nem ao menos com um dedo, a carregar esses fardos. Como é triste perceber a atualidade da descrição de Jesus! Como faz estremecer esse convite implícito a não ser pessoas que trazem mais peso que alívio, mais dor que ajuda… Como é desafiador o convite a perceber que meus preceitos, meus discursos e minhas crenças podem ser pesados para tantos outros quando eu mesmo não os levo a sério ou, mesmo os tendo em conta, vivo na dinâmica do “cada um por si”…
Eles preferem os melhores lugares nos banquetes e os lugares de honra nas sinagogas. Gostam de ser cumprimentados com respeito nas praças e de ser chamados de “mestre”. Como é triste perceber que alguns padres, bispos, consagrados e leigos engajados na vida da Igreja, além de fecharem os olhos para a forma como viveu aquele em nome de quem falam, tentam fechar os ouvidos até para as duras críticas do atual líder de seu local de fé… Como é desafiador, para eles e para mim, não querer ser tido em alta conta, não buscar – e mesmo recusar – os lugares de prestígio e os confortos exacerbados…
Entre vocês, o mais importante é aquele que serve os outros. Quem se engrandece será humilhado, mas quem se humilha será engrandecido. E como é simples a constatação de Jesus! Não é preciso dar voltas para entendê-la. O importante é servir; o importante é aquele que serve. Quem tentar ver sua pouca importância, verá que Deus o ama demais! Quem tentar ver que não é maior – nem melhor, nem mais importante, nem mais amado – que ninguém, verá que o Pai o ama com amor infinito – isso é ser engrandecido!
A palavra de Jesus enche-nos de paz para seguir nosso caminho. Não é preciso lutar acirradamente contra os mestres da Lei de hoje, pois Jesus não incentivou esse caminho outrora. Não é preciso viver, todo dia, a indignação de termos um lobo ocupando o lugar do bom pastor. Não é preciso guerrear e consertar tudo para depois seguir. Jesus falou à multidão e aos seus discípulos para seguirem o caminho com Ele… os fariseus e os mestres da Lei continuaram no deles. Também assim hoje: os que quiserem ser príncipes têm toda a liberdade para viver o conto de fadas; os que quiserem partilhar a vida com Jesus têm toda a chance de viver o Evangelho.
A oração nos dê a coragem para abandonar nossos castelos, reinos e súditos para servir no Reino cuja fortaleza está dentro.
João Gustavo H. M. Fonseca – Família Missionária Verbum Dei de Belo Horizonte