O amor de Jesus
20 de janeiro de 2016III Domingo do Tempo comum – Ano C
24 de janeiro de 2016Leitura: Marcos 3, 20-21
Quando Jesus foi para casa, uma grande multidão se ajuntou de novo, e era tanta gente, que ele e os discípulos não tinham tempo nem para comer. Os parentes de Jesus souberam disso e foram buscá-lo porque algumas pessoas estavam dizendo que ele estava louco.
Oração:
O evangelho de hoje, curto em palavras, é cheio de beleza. Para descrever como várias pessoas estavam vendo Jesus, as traduções trazem inúmeras expressões. Quem via Jesus dizia: “enlouqueceu”, “está louco”, “está fora de si”… Mas por que diziam isso?
Marcos está interessado em contar sobre o caminho de Jesus. Antes de os mais próximos de Jesus constatarem que Ele estava louco, o evangelista conta que Jesus tinha expulsado o demônio de uma pessoa, tinha curado a sogra de Pedro e vários outros doentes, tinha comido com os pecadores, tinha rebatido a crítica feita a seus discípulos, que não jejuavam, tinha curado, em dia de sábado, um homem com a mão atrofiada… depois desse percurso, multidões começaram a segui-Lo, e tornou-se difícil para Ele e os apóstolos ter um momento de mais tranquilidade. Muitos diziam: “está louco”, “está fora de si”, “pirou”…
Com essas expressões podemos externar nosso espanto diante de algumas atitudes do Papa Francisco, que ousa questionar os privilégios de alguns cardeais, bispos e padres da Igreja. “Enlouqueceu”! Também assim poderíamos comentar sobre a atitude de políticos, juízes, promotores, defensores, médicos, professores, pesquisadores e tantos outros profissionais que, mesmo correndo risco de morte, ousam não se corromper, não ceder à chantagem, não fazer “vista grossa” para o que não é correto, não se conformar com o que está dado. “Estão loucos”! Da mesma forma poderíamos falar dos que lutam, numa sociedade elitista, machista, homofóbica, imediatista, classista, corporativista, escravagista, racista, dentre tantos outros defeitos, para que o meio-ambiente seja preservado, os trabalhadores sejam respeitados, as mulheres tenham voz, os pobres tenham dignidade… “Estão fora de si”!
O evangelho – não apenas o de hoje, mas todo ele – é um permanente convite a que sejamos “loucos” no molde do protagonista da narrativa. “Estar fora de si”, no evangelho, não é defeito, mas exigência. É preciso sair de mim mesmo, seguir Alguém, olhar para o outro… O evangelho nos faz ver que só há saúde espiritual se enlouquecemos diante de um mundo adoecido. Que a oração seja a causadora, em nós, dessa loucura que vitimou tantos da humanidade como Francisco de Assis, Madre Teresa e vários outros menos conhecidos e nem por isso menos infectados pelo Amor.
João Gustavo H. M. Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte