O Senhor pode (Lucas 5,12-16)
9 de janeiro de 2015Batismo do Senhor
11 de janeiro de 2015“Depois disso, Jesus e os seus discípulos foram para a região da Judeia. Ele ficou algum tempo com eles ali e batizava as pessoas. João também estava batizando em Enom, perto de Salim, porque lá havia muita água. (João ainda não tinha sido preso.)
Alguns discípulos de João tiveram uma discussão com um judeu sobre a cerimônia de purificação. Eles foram dizer a João: ‘Mestre, aquele homem que estava com o senhor no outro lado do rio Jordão está batizando as pessoas. O senhor falou sobre ele, lembra? E todos estão indo atrás dele.
João respondeu: ‘Ninguém pode ter alguma coisa se ela não for dada por Deus. Vocês são testemunhas de que eu disse: ‘Eu não sou o Messias, mas fui enviado adiante dele.’ Num casamento, o noivo é aquele a quem a noiva pertence. O amigo do noivo está ali, e o escuta, e se alegra quando ouve a voz dele. Assim também o que está acontecendo com Jesus me faz ficar completamente alegre. Ele tem de ficar cada vez mais importante, e eu, menos importante.”
Os discípulos de João vislumbraram uma oposição entre o ministério de Jesus e o ministério de João. “Eles foram dizer a João: ‘Mestre, aquele homem que estava com o senhor no outro lado do rio Jordão está batizando as pessoas.’” E uma oposição atrevida inclusive, uma vez que Jesus foi batizado por João e agora se coloca neste lugar e as pessoas vão atrás dele.
João, no entanto, corrige. Em primeiro lugar aponta para o dom que vem de Deus. “Ninguém pode ter alguma coisa se ela não for dada por Deus.” É a Deus que nós servimos. Ele distribui seus dons a quem quer e bendito seja por isso. Não pode haver oposição, comparação e muito menos competição entre quem oferece o que recebeu de Deus.
Posto isso, João coloca a devida “ordem nas coisas”, a partir de uma consciência de sua própria missão. “Eu não sou o Messias, mas fui enviado adiante dele.” Esta é a missão de João, vivida com toda a radicalidade, até a entrega da própria vida: preparar os caminhos para o Senhor, preparar o coração do povo para a acolhida do Messias.
E, finalizando a explicação a seus discípulos, para ressaltar o papel de Jesus e apontá-lo como o Messias, João utiliza esta belíssima metáfora: “Num casamento, o noivo é aquele a quem a noiva pertence. O amigo do noivo está ali, e o escuta, e se alegra quando ouve a voz dele.” Pertença não é propriedade, posse ou submissão. Pertença é o laço do amor. A nova Jerusalém é a noiva do Cordeiro, pertence a ele, foi enlaçada em Seu amor extremo. A Igreja é pertença de Cristo, e só dele. A missão do amigo é deixar a noiva com o noivo. A missão de João foi deixar as pessoas com Jesus, e ele o fez muito bem, sabendo colocar-se com autoridade e retirar-se com humildade. “Assim também o que está acontecendo com Jesus me faz ficar completamente alegre. Ele tem de ficar cada vez mais importante, e eu, menos importante.” Outras traduções dizem: “É preciso que Ele cresça e eu diminua.”
Como estão nossas comunidades? Como está a consciência de que a Igreja pertence a Cristo e não a fulano ou siclano? Como está a missão de deixar as pessoas com Cristo, entrar e sair nos momentos certos para isso? De fato, Cristo está crescendo e os seus representantes diminuindo? É a experiência com Jesus o que mais brilha no meio de nós, capaz de atrair a outras pessoas? Como vai a relação entre os diversos ministérios? É de igualdade nas diferenças, respeito e complementaridade para um fim comum? Ou a comparação e a competição ainda prevalecem?
Vamos colocar-nos nesta oração como servidores diante do Cristo, como amigos do noivo com a missão de deixar as pessoas com Ele e não conosco. Peçamos-lhe perdão pelas vezes em que não sabemos viver esta missão e que o exemplo de assertividade e humildade de João Batista nos inspire, para também inspirar nossas comunidades.
Tania Pulier, comunicadora social – Palavra Acesa Editora – Família Missionária Verbum Dei e pré-CVX Cardoner.