Tristeza e alegria (JO16, 16 – 20)
5 de maio de 2016Missão, resposta de amor (João 21, 15-19)
13 de maio de 2016“Batam palmas de alegria, todos os povos!
Cantem louvores a Deus em voz alta”.
Sl 47.1
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Jesus:
Hoje quero escutar tua voz,
mas falta silêncio ao meu redor.
Ensina-me a ficar calado
e a escutar atento tua voz.
Que tua palavra ilumine minha vida,
que tua palavra me comprometa
e me faça viver em tua presença,
mesmo que eu não te conheça
e saiba quase nada do Evangelho.
Quero ser teu amigo,
mas me preocupo tão pouco contigo!
Hoje vens visitar-me
e me convidas a abrir a porta
do meu coração.
Do fundo de meu ser,
Te espero e grito a Ti:
Vem, Senhor Jesus![1]
TEXTO BÍBLICO: Lucas 24.46-53
46E disse:
— O que está escrito é que o Messias tinha de sofrer e no terceiro dia ressuscitar. 47E que, em nome dele, a mensagem sobre o arrependimento e o perdão dos pecados seria anunciada a todas as nações, começando em Jerusalém. 48Vocês são testemunhas dessas coisas. 49E eu lhes mandarei o que o meu Pai prometeu. Mas esperem aqui em Jerusalém, até que o poder de cima venha sobre vocês.
Jesus é levado para o céu
Marcos 16.19-20; Atos 1.9-11
50Então Jesus os levou para fora da cidade até o povoado de Betânia. Ali levantou as mãos e os abençoou. 51Enquanto os estava abençoando, Jesus se afastou deles e foi levado para o céu. 52Eles o adoraram e voltaram para Jerusalém cheios de alegria. 53E passavam o tempo todo no pátio do Templo, louvando a Deus.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Diácono Orlando Fernández.[2]
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
O que estava escrito? Qual era a mensagem que se anunciaria a todas as nações? O que devem fazer os discípulos? A que lugar Jesus os levou? O que aconteceu enquanto os estava abençoando? Depois de adorar Jesus, para onde os discípulos voltaram?
Algumas pistas para compreender o texto:
Hoje celebramos um fato extraordinário na vida de Jesus: sua gloriosa ascensão aos céus. Este acontecimento significa a plenitude de sua encarnação, e é consequência direta de sua ressurreição; por isso, não seria entendido corretamente sem referência a estes dois mistérios de nossa fé.
Que a Palavra de Deus se tenha encarnado na pessoa de Jesus, supõe que Deus entrou em nosso mundo, que viveu como um de nós, com todas as nossas dificuldades e misérias, e que a partir delas, salvou-nos. Jesus ressuscita e sobe aos céus como o primeiro de uma humanidade redimida, a qual, posteriormente, seguirá seus passos rumo à casa do Pai, obtendo a realização e a plenitude da vida em Deus. Sua partida significava a passagem para um modo de presença espiritual mais intensa entre nós, tal como nos foi prometido.
O Senhor lembra aos discípulos que tudo isso é “o que está escrito” na Bíblia. Esta é a razão por que a fraqueza deles mudou-se em fortaleza, a tristeza em alegria e o temor em testemunho. A partir de agora, serão verdadeiros apóstolos da boa notícia. E a primeira missão deles é dar testemunho da palavra e da obra de Jesus, de todas as coisas que haviam vivido com ele; desse modo, “a mensagem sobre o arrependimento e o perdão dos pecados seria anunciada a todas as nações”.
Voltar para Deus, converter-se, significa ver como irmãos todos quantos nos rodeiam, não reparando em posições sociais, ideias políticas e religiosas, ou estilos de vida. Converter-se é viver abertos a todos e a cada um dos problemas da sociedade em que vivemos, de modo que nada nos seja indiferente ou alheio. Converter-se é pôr em tudo um timbre de sinceridade, de justiça e de concórdia. É não confundir o essencial, que é o amor, com o acessório, que é todo o resto; caso contrário, correríamos o risco de jamais encontrar-nos com Deus, ou com a mensagem libertadora que Cristo nos deixou. Converter-se é confiar na Providência, sabendo que absolutamente tudo está em suas mãos, e que nossos problemas não lhe são estranhos.
Neste ponto é que a ascensão encontra seu pleno significado para nós. O ressuscitado, antes de subir aos céus, comunica-nos sua graça santificante e nos transforma em seus missionários. A Igreja deve anunciar a redenção a tantos seres humanos que vivem hoje escravizados pelo pecado, no corpo e no espírito.
Jerusalém, que havia sido a meta da missão salvadora de Jesus, agora se torna ponto de partida da missão apostólica de seus discípulos. Ali deviam esperar a vinda do Espírito Santo prometido. Dali chegou até nós o ardor missionário para viver e celebrar esta grande notícia.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
Esta festa da Ascenção do Senhor nos faz aprofundar mais o mistério da ressurreição, mas principalmente há de encher-nos o coração de alegria e permitir que ela fecunde nosso ardor missionário. Foi o que Jesus esperou então de seus discípulos e espera hoje de nós. Que não haja tristeza, mas um verdadeiro impulso a partir do que vivemos juntamente com sua ressurreição; é o momento em que se mostram nossos frutos.
O Papa Bento XVI partilha conosco sua reflexão: “[…] depois da Ascensão, os discípulos voltaram para Jerusalém ‘repletos de alegria’ (Lc 24.52). A causa da sua alegria está no fato de que aquilo que tinha acontecido não era na verdade uma separação, uma ausência permanente do Senhor: aliás, eles já tinham a certeza de que o Crucificado-Ressuscitado estava vivo, e nele as portas de Deus, as portas da vida eterna, foram abertas para sempre à humanidade. Por outras palavras, a sua Ascensão não comportava a sua ausência temporária do mundo, mas principalmente inaugurava a nova, definitiva e insuprimível forma da sua presença, em virtude da sua participação no poder régio de Deus. Caberá precisamente a eles, aos discípulos que se tornaram intrépidos graças ao poder do Espírito Santo, tornar perceptível a sua presença mediante o testemunho, a pregação e o compromisso missionário. A solenidade da Ascensão do Senhor deveria encher-nos também a nós de serenidade e de entusiasmo, precisamente como aconteceu com os Apóstolos que, do Monte das Oliveiras, voltaram a partir ‘repletos de alegria’. […]
“Caros irmãos e irmãs, a índole histórica do mistério da Ressurreição e da Ascensão de Cristo ajuda-nos a reconhecer e a compreender a condição transcendente da Igreja, que não nasceu e não vive para suprir à ausência do seu Senhor ‘desaparecido’, mas sobretudo encontra a razão do seu ser e da sua missão na presença permanente embora invisível de Jesus, uma presença que atua através do poder do seu Espírito. Com outros termos, poderíamos dizer que a Igreja não desempenha a função de preparar a vinda de um Jesus ‘ausente’ mas, ao contrário, vive e age para proclamar a sua ‘presença gloriosa’ de maneira histórica e existencial. Desde o dia da Ascensão, cada comunidade cristã progride no seu itinerário terreno rumo ao cumprimento das promessas messiânicas, alimentada pela Palavra de Deus, alimentada pelo Corpo e Sangue do seu Senhor”.[3]
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Dou testemunho, na alegria, do mistério da ressurreição? Confio nas promessas de Deus para minha vida? Tenho participado de atividades de adoração a Jesus? Esta páscoa que temos vivido infunde em nós um espírito missionário?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Tua Ascensão, Senhor ressuscitado, não quer dizer distanciamento de nós.
Tu te fizeste homem sem deixares de ser Deus,
a fim de fazer-te peregrino de nossas alegrias e tristezas,
de nossas penas e esperanças.
Os apóstolos contemplam o momento em que voltas para o Pai,
mas também percebem que teu reinado se estende a toda criatura;
não há limite algum para teu soberano amor.
Eu tenho a alegria de encontrar-me dia após dia contigo:
em tua Palavra, que me ilumina; no Pão partido, que me nutre; em teu rosto, que vejo no irmão.
Tua proximidade me confere a responsabilidade de tornar presente teu Reino de amor e de justiça,
que há de concretizar-se na vivência daquela sentença final:
“quando vocês fizeram isso ao mais humilde dos meus irmãos, foi a mim que fizeram”.[4]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Quero adorar-te sempre, de coração feliz.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Nesta semana, visitarei Jesus Eucaristia e lhe agradecerei por ter ficado conosco. Também pedirei ao Espírito Santo que me ilumine nas obras que devo fazer para anunciar seu Evangelho.
“Estes são os cristãos verdadeiros:
aqueles nos quais Cristo entrou a fundo, assumiu tudo neles,
transformou toda a vida deles; um cristianismo que os transfigurou, que se comunica, que ilumina.
São o consolo do mundo. São a boa-nova permanentemente anunciada”
Santo Alberto Hurtado
[1] P. Ignacio Larrañaga. Libro Senda – Talleres de Oración y Vida para jóvenes. Pág. 29
[2] Diácono Permanente da Arquidiocese de La Habana (Cuba), Membro da Equipe da Comissão Bíblica do CIC.
[3] Homilia de Bento XVI durante a Solenidade da Ascensão do Senhor – Domingo, 24 de maio de 2009 (https://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/homilies/2009/documents/hf_ben-xvi_hom_20090524_cassino.html)
[4] P. Julio César Saucedo, Oración. 19 de octubre de 2014. -Sistema informativo de la Arquidiócesis de México-