“Se alguém guardar a minha palavra…”
26 de março de 2015Unidade dos filhos de Deus
28 de março de 2015Leitura: João 10,31-42
Os judeus, outra vez, apanharam pedras para apedrejá-lo. Jesus, então, lhes disse: “Eu vos mostrei inúmeras boas obras, vindo do Pai. Por qual delas quereis lapidar-me?” Os judeus lhe responderam: “Não te lapidamos por causa de uma boa obra, mas por blasfêmia, porque, sendo apenas homem, tu te fazes Deus”. Jesus lhes respondeu: “Não está escrito em vossa Lei: Eu disse: Sois deuses? Se ela chama deuses aqueles aos quais a palavra de Deus foi dirigida – e a Escritura não pode ser anulada – àquele que o Pai consagrou e enviou ao mundo dizeis: ‘Blasfemas!’ porque disse ‘Sou Filho de Deus!’ Se não faço as obras de meu Pai, não acrediteis em mim; mas se as faço, mesmo que não acrediteis em mim, crede nas obras, a fim de reconhecer de uma vez que o Pai está em mim e eu no Pai”. Procuravam novamente prendê-lo. Mas ele lhes escapou das mãos. Ele partiu de novo para o outro lado do Jordão, para o lugar onde João havia anteriormente batizado, e aí permaneceu. Muitos vinham a ele e diziam: “João não fez sinal algum, mas tudo o que João disse sobre ele era verdade”. E muitos, aí, creram nele.
Deus e as boas obras
Os judeus, armados para apedrejarem Jesus, condenavam-no por ele sempre dizer de seu vínculo familiar com o Pai. Apesar de reconhecerem as boas obras que ele fazia, negavam-se a aceitar a origem divina dessas obras. Jesus, contudo, dizia-lhes não ter cabimento tentar separar as duas coisas – as boas obras e a filiação divina – pois essas boas obras apontam como o Pai está nele e o habita, bem como revelam como ele pertence ao Pai.
Olhemos agora para nossa própria vida e percebamos que não é raro, em nosso contexto atual, comportarmo-nos como esses judeus. Em diversas situações somos levados ao exercício de desvincular as boas obras daquilo que pertence a Deus. Basta lembrarmo-nos das situações em que desvalorizamos as boas ações de pessoas sem vínculos religiosos, mesmo aquelas não crentes, mas com imensa alma caridosa. Temos a tendência de pensar que não há Deus nessas pessoas, emitindo um juízo que não nos pertence. Tomando como base a nossa fé, se não pela presença de Deus, fonte de todo amor e bondade, como explicar o imenso bem realizado por essas pessoas? Penso que somos nós, nesses momentos de condenação, que nos fazemos livres de Deus.
Ao notarmos nossas mãos preenchidas por pedras, deixemos que Jesus também fale ao nosso coração, inundando-o com sua lógica de amor. As boas obras sejam o sinal de nosso vínculo com o Pai, marca de nossa filiação divina. A nossa vida seja vivida de tal forma que, ao fim dessa jornada terrestre, possamos olhar para nós mesmos e percebermos que, como o Pai sempre nos habitou, sempre pertencemos ao Pai.
Marcelo H. Camargos. Acadêmico de medicina na UFMG. Família Missionária Verbum Dei.