Praticar e ensinar (Mt 5,17-19)
2 de março de 2016Amar a Deus e a seu irmão
4 de março de 2016Jesus estava expulsando de certo homem um demônio que não o deixava falar. Quando o demônio saiu, o homem começou a falar. A multidão ficou admirada, mas alguns disseram:
— É Belzebu, o chefe dos demônios, que dá poder a este homem para expulsar demônios.
Outros, querendo conseguir alguma prova contra Jesus, pediam que ele fizesse um milagre para mostrar que o seu poder vinha de Deus. Mas Jesus, conhecendo os pensamentos deles, disse:
— O país que se divide em grupos que lutam entre si certamente será destruído; a família que se divide em grupos que lutam entre si também será destruída. Se o reino de Satanás tem grupos que lutam entre si, como continuará a existir? Vocês dizem que é Belzebu que me dá poder para expulsar demônios. Mas, se é assim, quem dá aos seguidores de vocês o poder para expulsar demônios? Assim, os seus próprios seguidores provam que vocês estão completamente enganados. Na verdade é pelo poder de Deus que eu expulso demônios, e isso prova que o Reino de Deus já chegou até vocês.
— Quando um homem forte e bem armado guarda a sua própria casa, tudo o que ele tem está seguro. Mas, quando um homem mais forte o ataca e vence, leva todas as armas em que o outro confiava e reparte tudo o que tomou dele.
— Quem não é a meu favor é contra mim; e quem não me ajuda a ajuntar está espalhando.
Vinde Espírito Santo e nos auxilie a darmos voz a tudo aquilo que se calou em nós e precisa ser falado. Nos ajude também a escutar e compreender as vozes que calamos e que desejam nos revelar verdades que precisamos enfrentar. Por fim, seja luz e guia na oração que iniciamos.
Com qual personagem você mais se identifica neste trecho do evangelho? Qual atitude mais chama a sua atenção?
A mim, chama a atenção a contradição entre o ato de Jesus devolver a voz a um mudo e o ato daqueles que querem calar Jesus, acusando-o de fazer isto não para o bem, mas para o mal.
Quando falamos de desapego, pensamos muito rapidamente em desapegar de coisas materiais, porém há uma necessidade crescente de também conseguirmos nos desapegar de ter a última palavra, que a nossa voz seja a que se sobreponha às outras.
Muitas vezes, não precisamos nem falar para agirmos dessa forma, simplesmente não escutamos o outro, ou seja, nós o emudecemos.
Penso que não dar voz aos outros é uma das formas de opressão que mais exercitamos no dia a dia e, muitas vezes, nem percebemos.
No início da vida pública de Jesus, segundo o evangelho de Lucas, após seu batismo e seu retiro no deserto, Jesus retorna à cidade de Nazaré e,num sábado, lê no livro do profeta Isaías as várias ações que faziam parte de sua missão. Entre elas está: “libertar os que estão sendo oprimidos”.
Jesus, ajude-nos a ter um olhar de atenção para com todos, principalmente aqueles que estão mais próximos. Queremos participar de sua tarefa de ajuntar. Reconhecemos que em uma comunidade na qual só alguns têm voz, não é possível uma real comum-unidade.
Senhor, ajude-nos também a reconhecer o valor da colaboração de cada um que participa conosco nalguma empreitada, seja na família, no trabalho, na escola ou na comunidade em que vivemos. Queremos participar do seu esforço de criar um mundo mais fraterno e mais justo, onde todos tenham seu direito garantido. Queremos aprender a partilhar e a compartilhar nossas experiências e vivências.
Cristo, dá-nos um coração humilde que nos ajude a meditar sobre aquilo que nos incomoda no que o outro diz, antes de julgar se é da parte de Deus ou da parte de Belzebu. Queremos alcançar um coração sereno, que saiba enfrentar as verdades que nos doem com determinação e suavidade.
Senhor da vida, pela sua Palavra de salvação, que retira de nós os demônios que nos oprimem e os que nos tornam opressores, nós te agradecemos. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte