Para um lugar fundo (Lucas 5,1-11)
1 de setembro de 2016A autoridade da vida (Lucas 6,1-5)
3 de setembro de 2016Lucas 5,33-39
33Algumas pessoas disseram a Jesus:
— Os discípulos de João Batista jejuam muitas vezes e fazem orações, e os discípulos dos fariseus fazem o mesmo. Mas os discípulos do senhor não jejuam.
34Jesus respondeu:
— Vocês acham que podem obrigar os convidados de uma festa de casamento a jejuarem enquanto o noivo está com eles? Claro que não! 35Mas chegará o tempo em que o noivo será tirado do meio deles; então sim eles vão jejuar!
36Jesus fez também esta comparação:
— Ninguém corta um pedaço de uma roupa nova para remendar uma roupa velha. Se alguém fizer isso, estraga a roupa nova, e o pedaço de pano novo não combina com a roupa velha. 37Ninguém põe vinho novo em odres velhos. Se alguém fizer isso, os odres rebentam, o vinho se perde, e os odres ficam estragados.38Não. Vinho novo deve ser posto em odres novos. 39E ninguém quer vinho novo depois de beber vinho velho, pois diz: “O vinho velho é melhor.”
Chama a atenção, no evangelho de hoje, a qualidade da pedagogia de Jesus. Como ele consegue dizer sobre assuntos tão profundos por meio de analogias tão simples! Nós todos conseguimos construir em mente a ideia do remento por ele comentada para justificar os hábitos de seus discípulos.
O jejum parece fazer sentido quando estamos à espera de algo, meditando sobre o que está por vir ou algo que precisamos fazer. Penitenciar o corpo para que a mente possa “produzir no recolhimento”. Ora, se os discípulos estavam já vivendo em estado de graça por terem a presença do Filho de Deus entre eles, que significado teria o Jejum? Viviam, na verdade, um tempo de festas, comparada pelo Mestre às bodas em que Ele mesmo é o noivo.
A palavra “noivo” vem de “novum”, que significa “novo”, “novidade”. Jesus, como noivo, vem para trazer mudanças nos costumes, na mente e no coração. A roupa velha seriam os costumes da Aliança de Israel e Jesus é o “tecido novo”. Portanto, não parece passar pela mente dEle a ideia de seguir a antiga tradição, fazendo-lhe pequenas alterações, mas causar uma mudança radical. Tocar a roupa e não colocar remendos.
Ele quer que as pessoas de sua época, e também nós, hoje, abracemos sua causa com inteireza, não em partes. Optar por Jesus significa buscar coragem para mudanças nas essências nossas.
E as mudanças trazidas precisam ser encaradas com alegria, são novidades dignas de comemoração semelhante às bodas. Vale lembrar que a festa de casamento naquela época arrastava-se pela semana toda, ou seja, ficar com Jesus, significa também escolher uma alegria que não é momentânea, mas duradoura.
Fico pensando em que perguntas hoje o evangelho levanta que tenham a ver com nossa vida de hoje. Além da adesão pelas verdades de Cristo, a metáfora do remendo também é interessante para pensar o nosso processo de vida. Em “minha” realidade, o que seria a roupa velha da qual preciso abrir mão? Que realidade eu vivo hoje que precisa ser transformada radicalmente, mas que fico insistindo em corrigir com soluções paliativas, que não resolvem, de fato, o problema e que, muitas vezes, tornam a situação ainda mais difícil (tal qual o vinho novo faz com o odre velho)?
Quantas vezes, ao invés de ajudar, o remendo faz com que a roupa velha se estrague ainda mais? Quantas vezes, ao invés de encararmos nossos problemas e os resolvermos, tentamos contornar as situações, fazendo de conta que eles não existem? E quantas vezes essa escolha pelo velho destrói ainda mais o nosso coração? Por que não abraçar esse novo, se ele é luz faz bem, ao invés de permanecermos mergulhados numa vida de jejum e de fome?
O sacrifício se faz necessário quando o que temos é a espera, mas se o novo está diante de nós, apresentado por Jesus como solução para nossa realidade, para que insistirmos em permanecer vivendo de ausências?
Minha tarefa de hoje: pensar as situações de minha vida que exigem mudança e buscar confiança em Jesus para discernir acerca das ações necessárias e coragem para colocá-las em prática.
Jesus, fortaleça nossos ânimos nas reflexões de hoje e nos envie o Espírito Santo para que enxerguemos com clareza a Sua novidade de Amor e Paz e que esse Novo hoje inunde nossa vida para que sejamos, de fato, felizes.
Amém!
Ana Paula Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte