Não queriam deixá-lo ir embora [Lucas 4,38-44]
31 de agosto de 2016Coragem para mudar
2 de setembro de 2016“Certo dia Jesus estava na praia do lago da Galileia, e a multidão se apertava em volta dele para ouvir a mensagem de Deus. Ele viu dois barcos no lago, perto da praia. Os pescadores tinham saído deles e estavam lavando as redes. Jesus entrou num dos barcos, o de Simão, e pediu que ele o afastasse um pouco da praia. Então sentou-se e começou a ensinar a multidão.
Quando acabou de falar, Jesus disse a Simão:
— Leve o barco para um lugar onde o lago é bem fundo. E então você e os seus companheiros joguem as redes para pescar.
Simão respondeu:
— Mestre, nós trabalhamos a noite toda e não pescamos nada. Mas, já que o senhor está mandando jogar as redes, eu vou obedecer.
Quando eles jogaram as redes na água, pescaram tanto peixe, que as redes estavam se rebentando. Então fizeram um sinal para os companheiros que estavam no outro barco a fim de que viessem ajudá-los. Eles foram e encheram os dois barcos com tanto peixe, que os barcos quase afundaram. Quando Simão Pedro viu o que havia acontecido, ajoelhou-se diante de Jesus e disse:
— Senhor, afaste-se de mim, pois eu sou um pecador!
Simão e os outros que estavam com ele ficaram admirados com a quantidade de peixes que haviam apanhado. Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão, também ficaram muito admirados. Então Jesus disse a Simão:
— Não tenha medo! De agora em diante você vai pescar gente.
Eles arrastaram os barcos para a praia, deixaram tudo e seguiram Jesus.”
Na oração de hoje, vamos pedir ao Senhor a graça de ouvir o seu chamado, mesmo em meio à multidão, e confiar na sua Palavra.
Iniciamos o mês de setembro, 70% do ano já passou. Cada um pode olhar diante de Jesus: Qual balanço eu faço até agora?
Talvez alguns se encontrem já com as redes cheias, este esteja sendo um ano de muita pesca. Outros – arrisco dizer que a maioria – podem se identificar com os pescadores deste Evangelho: “os pescadores tinham saído deles e estavam lavando as redes.” “Trabalhamos a noite toda e não pescamos nada.” O cansaço chega, os esforços foram grandes, a noite pesada… e as redes encontram-se vazias.
De uma forma ou outra, o bonito é ver que Jesus toma a iniciativa e se aproxima. Deixar que faça isso conosco em nossa oração. Há uma multidão desejosa de ouvir a mensagem de Deus que Ele traz. Jesus é mensageiro do Pai e olha para cada um de nós com este potencial, quer que o sejamos também. Mas, antes de qualquer coisa, ele fala à nossa multidão, à multidão de dentro – quantas vozes, quanto agito, quantas preocupações, quanta ansiedade trazemos – e à multidão de fora, a tantos com quem convivemos diariamente.
“Jesus entrou num dos barcos, o de Simão, e pediu que ele o afastasse um pouco da praia. Então sentou-se e começou a ensinar a multidão.” Gostaríamos de chegar à profundidade dos místicos na oração. Rezar como Santa Tereza, São Francisco ou Santo Inácio de Loyola. Isto é em primeiro lugar graça, e da nossa parte exercício diário. No entanto, que bonito ver que o Senhor entra como estamos, apenas pede que nos afastemos um pouquinho da margem. Neste pequeno tempo e espaço que conseguimos dar a Ele em meio aos nossos turbilhões, ele já consegue ensinar às multidões – a ambas. Contemplar-lhe: qual é seu semblante? O que ele ensina? Como ensina? Como minha vida já tem sido canal para este ensinamento?
Jesus também quer nos levar a mais fundo. Ele convida. “Leve o barco para um lugar onde o lago é bem fundo. E então você e os seus companheiros joguem as redes para pescar.” Eles teriam motivos para resistir: agora, o filho do carpinteiro ia falar de pescaria com pescadores profissionais? No entanto, Pedro, mesmo expondo sua dificuldade, dá ouvidos a Jesus: “Mestre, nós trabalhamos a noite toda e não pescamos nada. Mas, já que o senhor está mandando jogar as redes, eu vou obedecer.” Ele nos ensina essas duas atitudes na oração: colocar o que pensamos, sentimos, nossos limites; e ouvir (obedecer = escutar, dar ouvidos a) a Palavra de Jesus.
Dar ouvidos é fazer o que Ele nos fala. Quando os pescadores lançam as redes onde Jesus falou, “pescaram tanto peixe, que as redes estavam se rebentando.” Nosso dia deveria transcorrer entre o que ouvimos de Jesus e o que vivemos daquilo que ouvimos. O que impede que seja assim? Dialogar isso também com ele, como Pedro que confessou: “Senhor, afaste-se de mim, pois eu sou um pecador!”
Diante do encontro sincero, profundo, na verdade, é que vem o chamado. “Não tenha medo! De agora em diante você vai pescar gente.”
Peçamos ao Senhor que nos dê a graça deste encontro, a aprender a pouco a pouco deixar a margem e mergulhar, mesmo com a multidão e, com tudo o que somos diante dele, ouvir o seu chamado.
Tania Pulier, comunicadora social, membro da Família Missionária Verbum Dei e da pré-CVX Cardoner