Da intimidade à comunidade (Jo 20, 11-18)
7 de abril de 2015Testemunhas hoje (Lucas 24, 35-48)
9 de abril de 2015“Naquele mesmo dia, dois dos seguidores de Jesus estavam indo para um povoado chamado Emaús, que fica a mais ou menos dez quilômetros de Jerusalém. Eles estavam conversando a respeito de tudo o que havia acontecido. Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus chegou perto e começou a caminhar com eles, mas alguma coisa não deixou que eles o reconhecessem. Então Jesus perguntou:
– O que é que vocês estão conversando pelo caminho?
Eles pararam, com um jeito triste, e um deles, chamado Cleopas, disse:
– Será que você é o único morador de Jerusalém que não sabe o que aconteceu lá, nestes últimos dias?
– O que foi? – perguntou ele.
Eles responderam:
– O que aconteceu com Jesus de Nazaré. Esse homem era profeta e, para Deus e para todo o povo, ele era poderoso em atos e palavras. Os chefes dos sacerdotes e os nossos líderes o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. E a nossa esperança era que fosse ele quem iria libertar o povo de Israel. Porém já faz três dias que tudo isso aconteceu. Algumas mulheres do nosso grupo nos deixaram espantados, pois foram de madrugada ao túmulo e não encontraram o corpo dele. Voltaram dizendo que viram anjos e que estes afirmaram que ele está vivo. Alguns do nosso grupo foram ao túmulo e viram que realmente aconteceu o que as mulheres disseram, mas não viram Jesus.
Então Jesus lhes disse:
– Como vocês demoram a entender e a crer em tudo o que os profetas disseram! Pois era preciso que o Messias sofresse e assim recebesse de Deus toda a glória.
E começou a explicar todas as passagens das Escrituras Sagradas que falavam dele, iniciando com os livros de Moisés e os escritos de todos os Profetas.
Quando chegaram perto do povoado para onde iam, Jesus fez como quem ia para mais longe. Mas eles insistiram com ele para que ficasse, dizendo:
– Fique conosco porque já é tarde e a noite vem chegando.
Então Jesus entrou para ficar com os dois. Sentou-se à mesa com eles, pegou o pão e deu graças a Deus. Depois partiu o pão e deu a eles. Aí os olhos deles foram abertos, e eles reconheceram Jesus. Mas ele desapareceu. Então eles diseram um para o outro:
– Não parecia que o nosso coração queimava dentro do peito quando ele nos falava na estrada e nos explicava as Escrituras Sagradas?
Eles se levantaram logo e voltaram para Jerusalém, onde encontraram os onze apóstolos reunidos com outros seguidores de Jesus. E os apóstolos diziam:
– De fato, o Senhor foi ressuscitado e foi visto por Simão!
Então os dois contaram o que havia acontecido na estrada e como tinham reconhecido o Senhor quando ele havia partido o pão.”
Na oração de hoje, vamos pedir ao Senhor a graça de deixar-nos alcançar por Ele no caminho da vida.
Dois discípulos se distanciavam de Jerusalém, do lugar da entrega. Seu jeito era triste. Conversam sobre a morte, mas o próprio Jesus os alcança e se põe a caminhar com eles. O Evangelho nos apresenta o nome apenas de um deles: Cleopas. Esta palavra significa “escutar”. Então, também chama a nossa atenção para a escuta atenta do que Jesus vai falar.
O mais bonito é que Jesus começa escutando. Ele ouve atento o desabafo dos discípulos. Ouve atento os nossos.
No entanto, não nos deixa aí, com a nossa versão, versão de corações fechados, lentos para entender o que Deus quer dizer, o que escreve em meio aos fatos (E, como diz o ditado, “Deus escreve certo por linhas tortas”). É o que Jesus irá explicar. “Como vocês demoram a entender e a crer em tudo o que os profetas disseram! Pois era preciso que o Messias sofresse e assim recebesse de Deus toda a glória”. Jesus fez do derramamento de sangue oferenda, levando o seu “sim” a Deus até o final. Isto era preciso: que o Filho levasse até o fim o “sim” ao Pai de Amor, e assim nos resgatasse de nossos “nãos” e nos ensinasse a ser filhos assim. E não só ensinasse, mas em sua entrega nos desse o dom, pelo Espírito, de ser filhos nEle, filhos no Filho.
Deixar Jesus explicar também as Escrituras na nossa vida. Tantos momentos passamos pela dor e pelo sofrimento e não sabemos ler estas situações desde o Amor, desde Deus! Deus não quer a morte, mas a Vida! Como o Deus da Vida se manifesta em todas as situações da nossa vida? Deixar que Ele mesmo nos mostre, até arder o nosso coração como o dos discípulos: “Não parecia que o nosso coração queimava dentro do peito quando ele nos falava na estrada e nos explicava as Escrituras Sagradas?”
Sentar-se à mesa com alguém era expressão de grande intimidade para os judeus. Jesus senta-se à mesa com os dois. Assim nos quer na oração, como este momento de máxima intimidade, no qual Ele renova a sua entrega (os gestos eucarísticos como sinal). Assim também a cada Eucaristia. Ele mesmo nos abre os olhos e, reconhecendo-o, podemos voltar à comunidade para anunciar.
Peçamos-lhe esta mesma experiência dos discípulos de Emaús, para que nosso trabalho pastoral não seja burocrático, mas expressão do amor experimentado.
Tania Pulier, comunicadora social – Família Missionária Verbum Dei e pré-CVX Cardoner