Coração em brasa e olhos abertos (Lucas 24,13-35)
8 de abril de 2015Reconhecer e acolher o Senhor que se manifesta (Jo 21,1-14)
10 de abril de 2015“Então os dois contaram o que havia acontecido na estrada e como tinham reconhecido o Senhor quando ele havia partido o pão.
Enquanto estavam contando isso, Jesus apareceu de repente no meio deles e disse:
– Que a paz esteja com vocês!
Mas ele disse:
– Por que vocês estão assustados? Por que há tantas dúvidas na cabeça de vocês? Olhem para as minhas mãos e para os meus pés e vejam que sou eu mesmo. Toquem em mim e vocês vão crer, pois um fantasma não tem carne nem ossos, como vocês estão vendo que eu tenho.
Jesus disse isso e mostrou as suas mãos e os seus pés. Eles ainda não acreditavam, pois estavam muito alegres e admirados. Então ele perguntou:
– Vocês têm aqui alguma coisa para comer?
Eles lhe deram um pedaço de peixe assado, que ele pegou e comeu diante deles. Depois disse:
– Enquanto ainda estava com vocês, eu disse que tinha de acontecer tudo o que estava escrito a meu respeito na Lei de Moisés, nos livros dos Profetas e nos Salmos.
Então Jesus abriu a mente deles para que eles entendessem as Escrituras Sagradas e disse:
– O que está escrito é que o Messias tinha de sofrer e no terceiro dia ressuscitar. E que, em nome dele, a mensagem sobre o arrependimento e o perdão dos pecados seria anunciada a todas as nações, começando em Jerusalém. Vocês são testemunhas dessas coisas.“
Este é mais um Evangelho em que Jesus se manifesta oferecendo a paz. No entanto, parece que a reação dos discípulos é contrária: eles ficam “assustados e com muito medo” “Pensaram que estavam vendo um fantasma”.
Isto também nos acontece. Há situações na nossa vida em que é Jesus mesmo que está se manifestando. Os sinais são dele, mas nós pensamos que é mais um de nossos fantasmas. Quantas vezes o medo não nos deixa perceber os Seus sinais!
Jesus questiona o que está na raiz dos nossos medos: “Por que há tantas dúvidas na cabeça de vocês?” Quais são as nossas dúvidas? Por que tantas? Aproveitar a pergunta de Jesus para dialogar com toda a sinceridade com Ele sobre isso.
Diante das dúvidas, Ele nos diz: “Olhem para as minhas mãos e para os meus pés e vejam que sou eu mesmo. Um fantasma não tem carne nem ossos, como vocês estão vendo que eu tenho.” Jesus nos convida a ver que esta vida que nos oferece para viver é de carne e osso, este projeto é concreto, este amor é real. Não é um fantasma, não é uma invenção. E quanto mais entrarmos neste caminho, mais ele será feito de tantos fatos concretos de nossa vida que não haverá como duvidar.
Com tudo isso, os discípulos ainda não acreditavam. Desta vez porque a alegria e a admiração era muita. Tanto podemos nos perder nas dúvidas e incredulidades como na euforia. Tanto uma como outra pode nos fazer perder a concretude do seguimento a Jesus, feito no dia a dia, com fatos de vida.
Jesus come diante deles e, em seguida, abre sua mente para compreender as Escrituras. É então que lhes envia: “Vocês são testemunhas dessas coisas.” Só quando experimentamos, só quando comemos, comungamos de Seu amor e Seu projeto realmente se torna carne da nossa carne, sangue do nosso sangue é que podemos testemunhá-lo de tal forma que as pessoas O reconheçam como real e concreto.
Tem me impressionado como o nosso mundo perdeu bastante dos traços cristãos. Digo traços, porque não sei até que ponto eram de fato sinais do Amor, eram de fato testemunho ou apenas uma cultura dominante. Mas atualmente a cultura já não está. Outro dia divulgaram em um grupo de WhatsApp do qual participo um forró na Sexta-feira da Paixão às 3 horas da tarde. Isso assustou-me, mas pensando bem percebi que não era uma afronta, era simplesmente um desconhecimento por a fé não ser mais cultural. Isso é um grande desafio para nós: testemunhar, agora sim, com a vida, com gestos de amor, e não teoricamente. Que a nossa vida fale de algo diferente a ponto de provocar questionamentos, como os primeiros cristãos. Questões que são oportunidade de anunciar.
Jesus mesmo nos diz: “Eu não tenho mais mãos, não tenho mais pés, não tenho mais boca… Você me emprestaria os seus para me apresentar ao mundo de hoje?”
Vamos pedir a Maria, a discípula fiel, que nos ensine a seguir com fidelidade os passos de Seu Filho e expressar o Seu amor.
Tania Pulier, comunicadora social – Palavra Acesa Editora – Família Missionária Verbum Dei e pré-CVX Cardoner.