“Que é um simples ser humano para que penses nele? Que é um ser mortal para que te preocupes com ele?”
16 de junho de 2019“Guarda-me, ó Deus, pois em ti eu tenho segurança”
30 de junho de 2019PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, derrama-te com força.
Espírito Santo, faze com que eu possa receber a Boa Nova.
Espírito Santo, concede-nos um novo Pentecostes
a fim de que possamos viver o Evangelho pessoalmente e em comunidade.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Lc 9.11b-17
Jesus alimenta uma multidão
Mateus 14.13-21; Marcos 6.30-44; João 6.1-14
11bE Jesus recebeu as multidões, falou a respeito do Reino de Deus e curou os que precisavam ser curados.
12Estava anoitecendo, e por isso os doze apóstolos foram e disseram a Jesus:
— Mande esta gente embora. Eles podem ir aos povoados e sítios que ficam por perto daqui e lá encontrarão o que comer e onde ficar, pois este lugar é deserto.
13Mas Jesus respondeu:
— Deem vocês mesmos comida a eles.
Os discípulos disseram:
— Só temos cinco pães e dois peixes. O senhor quer que a gente vá comprar comida para toda esta multidão?
14Estavam ali mais ou menos cinco mil homens. Jesus ordenou aos seus discípulos:
— Mandem o povo sentar-se em grupos de mais ou menos cinquenta pessoas.
15Os discípulos obedeceram e mandaram que todos se sentassem. 16Aí Jesus pegou os cinco pães e os dois peixes, olhou para o céu e deu graças a Deus por eles. Depois partiu os pães e os peixes e os entregou aos discípulos para que eles distribuíssem ao povo. 17Todos comeram e ficaram satisfeitos, e os discípulos ainda encheram doze cestos com os pedaços que sobraram.
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. Qual a primeira coisa que Jesus faz ao receber as multidões?
2. Ao chegar a noite, o que os discípulos aconselham a Jesus, e por quê?
3. O que Jesus pede que eles façam? Humanamente, é possível fazer o que Jesus pede?
4. Qual a resposta dos discípulos diante do pedido de Jesus?
5. Que nova ordem Jesus dá aos discípulos agora?
6. Identifique com clareza os verbos das ações de Jesus: a que outra ação de Jesus eles nos remetem?
7. O que fazem os discípulos e como ficam as pessoas?
ü Algumas pistas para compreender o texto:
Mons. Damian Nannini1
Lucas situa o relato da multiplicação dos pães depois do retorno dos Doze de sua missão (cf. Lc 9.1-16). Ao chegar, os apóstolos contam a Jesus tudo o que haviam feito, e Jesus, por sua vez, leva-os a um lugar afastado, a Betsaida; no entanto, as pessoas ficam sabendo e os seguem até ali (Lc 9.10-11a). Então Jesus recebe as multidões, fala-lhes do Reino e cura os enfermos.
Como estava anoitecendo, os Doze apóstolos, com sensatez, sugerem a Jesus que despeça as pessoas para que vão aos povoados vizinhos a fim de obterem alimento e abrigo.
A resposta de Jesus a seus discípulos os surpreende sobremaneira: “Deem vocês mesmos comida a eles”. Eles, então, reagem mostrando a Jesus a desproporção existente entre a grande quantidade de gente e os poucos alimentos que têm à disposição: cinco pães e dois peixes. Trata-se de um pedido humanamente impossível, de uma situação sem saída.
O diálogo é interrompido aqui como se Jesus só tivesse querido pôr os discípulos à prova. De fato, em seguida, Jesus assume um grande protagonismo: começa a dar indicações e a realizar ações. Devem-se enfatizar as ações de “pegar os pães e os peixes”, “olhar para o céu”, “dar graças a Deus por eles” e “parti-los”. A distribuição fica por conta dos discípulos. Observamos que as ações de “tomar o pão, dar graças e
partir” são as mesmas que realizará durante a última ceia (cf. Lc 24.30). Isto indica que existe uma clara referência à Eucaristia nesta narração da multiplicação dos pães e dos peixes.
O específico desta narrativa é indicar o poder de Jesus, que multiplica a comida, e sua generosidade, pois dá em abundância: todos se saciam e ainda sobra.
Esta é uma característica do evangelho de Lucas, onde o ministério de Jesus se realiza sob o signo da graça, do dom gratuito e generoso.
O que o Senhor me diz no texto?
A Eucaristia é uma realidade muito rica e bela, maravilhosa, divina. E somos convidados a renovar nossa fé na presença de Jesus em cada Eucaristia. Dentro dos diversos aspectos do mistério eucarístico, o evangelho deste ciclo se concentra em sua dimensão de alimento que sacia em abundância. Contudo, não se trata de alimento e nada mais, mas de banquete, de comida festiva e comunitária da que somos convidados a participar e onde, de certa maneira, comemos “à farta”, grátis, pois tudo é puro dom do Senhor.
No “banquete eucarístico” se trata de uma comida que nos faz entrar em comunhão com o mistério de Deus, mais ainda, com o mistério pascal de Jesus. Recebemos, ao participarmos deste banquete sagrado, o mesmo Jesus e os frutos de sua obra redentora. Talvez seja bom não separar demasiadamente a Pessoa de Jesus de sua “ação redentora”, visto que ele mesmo é nossa salvação. De fato, ao entregar-se pessoalmente a nós na Eucaristia, ele nos salva, pois a salvação é a comunhão de vida com ele. Via de regra, o alimento material que se dá, permanece diferente daquele que o doa. Não assim na Eucaristia. Na Eucaristia, Jesus faz-se alimento. Dom e doador são o mesmo. É o que nos dizia o Papa Bento XVI em Sacramentum Caritatis nº 7: “Na Eucaristia, Jesus não dá ‘alguma coisa’, mas dá-se a si mesmo; entrega o seu corpo e derrama o seu sangue. Deste modo dá a totalidade da sua própria vida, manifestando a fonte originária deste amor: Ele é o Filho eterno que o Pai entregou por nós”.
Assim, o fruto principal do mistério Eucarístico é a comunhão vital com Jesus, onde está nossa salvação. Sim, porque é sua entrega pessoal, seu amor até o extremo de dar a vida por nós, o que nos salva. Salva-nos seu amor. Esta é a salvação nesta vida: receber a ele que se nos entrega com infinito Amor. E ao recebê-lo, ao comê-lo, transforma-nos nele.
Está também o fruto da missão e da solidariedade. O dinamismo próprio da Eucaristia, onde o Senhor se “parte” e se entrega por nós, move-nos, a partir de dentro, a “partir-nos” e a entregar-nos a nossos irmãos, especialmente aos pobres e mais necessitados. É o impulso para a missão e para a solidariedade, ao partilhar o alimento e a fé, como o observava o Papa Francisco em sua homilia do Corpus do ano 2016: “’Partir’: esta é a outra palavra que explica o significado da frase ‘fazei isto em memória de Mim’. O próprio Jesus se
repartiu, e reparte, por nós. E pede que façamos dom de nós mesmos, que nos repartamos pelos outros. Foi precisamente este ‘partir o pão’ que se tornou ícone, sinal de reconhecimento de Cristo e dos cristãos. Lembremo-nos de Emaús: reconheceram-No ‘ao partir o pão’ (Lc 24.35). Recordemos a primeira comunidade de Jerusalém: ‘Eram assíduos (…) à fração do pão’ (At 2.42). É a Eucaristia que se torna, desde o início, o centro e a forma da vida da Igreja. Mas pensemos também em todos os santos e santas – famosos ou anónimos – que se ‘repartiram’ a si mesmos, a própria vida, para ‘dar de comer’ aos irmãos. Quantas mães, quantos pais, juntamente com o pão quotidiano cortado sobre a mesa de casa, repartiram o seu coração para fazer crescer os filhos, e fazê-los crescer bem! Quantos cristãos, como cidadãos responsáveis, repartiram a própria vida para defender a dignidade de todos, especialmente dos mais pobres, marginalizados e discriminados! Onde encontram eles a força para fazer tudo isto? Precisamente na Eucaristia: na força do amor do Senhor ressuscitado, que também hoje parte o pão para nós e repete: ‘Fazei isto em memória de Mim’”.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Estou consciente de que Deus quis estabelecer uma aliança, uma relação de amor comigo e com minha comunidade, e que a missa é a celebração desta aliança?
2. Valorizo que Jesus tenha entregado sua vida, seu corpo e seu sangue para que esta aliança de amizade seja possível e duradoura?
3. Estou consciente de que necessito do alimento de Jesus Eucaristia para poder viver como cristão?
4. A vivência desta entrega de amor de Jesus, celebrada em cada Eucaristia e que me alimenta, move-me a entregar-me pelos demais, a partir-me por eles?
O que respondo ao Senhor que me fala no texto?
Obrigado, Jesus, por te fazeres alimento.
Obrigado por me convidares uma e outra vez para a festa que é para todos.
Que eu possa sentir-te alimento e que, comendo-te,
possa nutrir-me e partir-me para os demais.
Que a Mesa sempre pronta de cada eucaristia
seja ocasião de memória nova, encontro contigo e com meus irmãos,
e sinal vivo de solidariedade partida e repartida.
Estimula-me à mesa da missão, sempre.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, comida e bebida para o mundo, que eu saiba partir-me para alimentar os demais”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, comprometo-me partilhar um alimento ou momento com alguém que esteja passando por alguma dificuldade.
“Nossa participação no corpo e no sangue de Cristo
não tende senão a converter-nos naquele que comemos”.
São Leão Magno