Quem dizeis que sou? (Lc 9,18-22)
26 de setembro de 2014Prestai bem atenção (Lc 9,43b-45)
27 de setembro de 2014Leitura
“Todos ficaram pasmados ante a grandeza de Deus. Como todos se admirassem de tudo o que Jesus fazia, disse ele a seus discípulos: ‘Gravai nos vossos corações estas palavras: O Filho do Homem há de ser entregue às mãos dos homens!’ Eles, porém, não entendiam esta palavra e era-lhes obscura, de modo que não alcançaram o seu sentido; e tinham medo de lhe perguntar a este respeito.”
Coerência cristã
Os discípulos não compreendiam os sinais que Jesus lhes dava sobre a forma como iria morrer. Também não era lógico pensar que aquele homem, admirado por sua grandeza, por sua propriedade de fala, acabaria sendo condenado por aqueles que outrora se encantaram com seus discursos e ações.
Também eu me encanto com a presença de Jesus em minha vida. Fico constantemente pasmado e admirado com a grandeza do meu Deus, especialmente reconhecendo-o na beleza da criação, na luz da sua palavra, na força da eucaristia e na direção que ele dá à minha consciência. Diante disso, considerando o percurso revelado por Jesus aos apóstolos, tenho medo de tomar a mesma direção daqueles que antes o admiravam e acabaram por crucificá-lo. Percebo, então, que a mensagem desse texto quer me fazer pensar e viver a coerência da vida cristã.
Recordo-me dos dias em que acordo cedo para rezar, alcançando a mensagem que Jesus me dá por meio de sua palavra. Esse momento geralmente me deixa eufórico, diante do entendimento da grandeza do encontro com Jesus. Entristeço-me, contudo, quando me lembro que nesses mesmos dias, por muitas vezes, eu menosprezei e condenei Jesus no desenrolar do dia, especialmente quando fui omisso diante da injustiça, ou quando não vivi suficientemente a caridade. No final desses dias, em momentos de revisão de vida, sou ultrajado por minha incoerência, e minha frustração só é dissipada quando me revisto pela piedade que Jesus me oferece.
Penso no segredo para viver uma vida cristã de coerência. Encontro-o na fala de Jesus: “gravai nos vossos corações minhas palavras”. Fisiologicamente, a palavra no coração, sendo bombeada continuamente por ele, acaba por circular em todo o meu corpo, sendo sustento e nutrição para minhas ações. O segredo então é conservá-la, lembrá-la, a fim de sempre vivê-la.
Marcelo H. Camargos. Estudante de medicina na UFMG. Fraternidade Missionária Verbum Dei.