“Não tenham medo”
17 de abril de 2017João 20,11-18
18 de abril de 2017Leitura: Mateus 28, 8-15
Elas foram embora depressa do túmulo, pois estavam com medo, mas muito alegres. E correram para contar tudo aos discípulos. De repente, Jesus se encontrou com elas e disse:
— Que a paz esteja com vocês!
Elas chegaram perto dele, abraçaram os seus pés e o adoraram.
Então Jesus disse:
— Não tenham medo! Vão dizer aos meus irmãos para irem à Galileia, e eles me verão ali.
Enquanto as mulheres ainda estavam no caminho, alguns dos soldados que estavam vigiando o túmulo voltaram para a cidade e contaram aos chefes dos sacerdotes tudo o que havia acontecido. Os chefes se reuniram com os líderes judeus e fizeram os seus planos. Então deram uma grande quantia de dinheiro aos soldados e ordenaram o seguinte:
— Digam que os discípulos dele vieram de noite, quando vocês estavam dormindo, e roubaram o corpo. Se o Governador souber disso, nós vamos convencê-lo de que foi isso mesmo o que aconteceu, e vocês não terão nenhum problema.
Os soldados pegaram o dinheiro e fizeram o que os chefes dos sacerdotes tinham mandado. E esse boato se espalhou entre os judeus até o dia de hoje.
Oração:
O evangelho de hoje apresenta duas posturas diante do Ressuscitado. De uma lado, as mulheres que o encontram quando retornam para suas casas; de outro, os guardas, que aceitam uma quantia de dinheiro para não deixar a verdade ser divulgada.
Na oração, sou convidado a olhar com mais profundidade para esses dois grupos…
Maria Madalena e a outra Maria tinham convivido com Jesus. Apesar disso, não deviam ter esperança de encontrar algo mais que um túmulo onde pudessem chorar. São mulheres que tinham visto na missão de Jesus uma forma de viver com alegria. A morte de Jesus, além da perplexidade, traz tristeza e desamparo. Mesmo aí, no desamparo e na dor, na decepção e na tristeza profunda, elas amam. Chorar a morte é uma forma de amar. O amor delas vai além da morte mesmo antes de saberem que Jesus também iria além da morte.
Os soldados compõem a cena por outras razões. Querem garantir que o túmulo estará seguro. Essa preocupação não advém de qualquer forma de amor. Eles cumprem uma ordem. A ordem é dada para garantir que a morte seja a versão final. Olhando a cena, podemos trazer à mente e ao coração diversas outras situações da vida em que isso se repete noutros formatos. Também hoje há muita vontade de vigiar – e pessoas que por isso ganham – os lugares de morte para que eles continuem sendo lugares onde não há vida. Há a vontade de que túmulos permaneçam fechados, que a morte permaneça como palavra final e que não haja qualquer evidência de vida.
Em nossa vida, provavelmente não estamos nos extremos – seja no amor tão fiel que supera quaisquer decepções, seja no trabalho para que os lugares sem vida assim permaneçam. Mesmo assim, quando olhamos para dentro, podemos perceber com qual grupo temos nos identificado mais – seja na família, no grupo de amigos, no trabalho ou em qualquer outro ambiente.
A oração seja nosso alimento diário para combater em nós e no mundo os desejos de garantir que não nasça vida nova de onde ela não deve ser esperada… e que nosso amor seja tal que, no caminho para demonstrá-lo, mesmo que em lágrimas, encontre o Amor que não morre.
João Gustavo H. M. Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte