#partiuemmissão (Mt 10,1-7)
8 de julho de 2015Perseverar até o fim (Mt 10,16-23)
10 de julho de 2015Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Em vosso caminho, anunciai: ‘O Reino dos Céus está próximo’. Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça deveis dar!
Não leveis ouro nem prata nem dinheiro nos vossos cintos; nem sacola para o caminho, nem duas túnicas nem sandálias nem bastão, porque o operário tem direito a seu sustento. Em qualquer cidade ou povoado onde entrardes, informai-vos para saber quem ali seja digno. Hospedai-vos com ele até a vossa partida.
Ao entrardes numa casa, saudai-a. Se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; se ela não for digna, volte para vós a vossa paz. Se alguém não os receber, nem escutar vossa palavra, saí daquela casa ou daquela cidade, e sacudi a poeira dos vossos pés. Em verdade vos digo, as cidades de Sodoma e Gomorra serão tratadas com menos dureza do que aquela cidade, no dia do juízo.
Sem dúvida há uma mensagem muito clara e forte no trecho do evangelho, segundo Mateus, que lemos hoje: “De graça recebestes, de graça deveis dar!”.
O anúncio do Reino dos Céus não pode ser negociado. Ele deve chegar a todos, sem distinção. Nenhum valor deve servir para impedi-lo de chegar a todos.
Contudo, hoje chamou a minha atenção a palavra: “Se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; se ela não for digna, volte para vós a vossa paz”. Na verdade, ao ler o texto várias vezes, esta frase ficou me incomodando.
Senhor, por que fazer distinção entre uma casa e outra? Por que não deixar a paz em todas as casas, sem nenhuma distinção entre elas? O Senhor não deseja que todos recebam sua paz?
No silêncio, com essas perguntas no coração, percorri várias passagens do evangelho e percebi Jesus chamando minha atenção para entender duas coisas: primeiro, que dignidade para Ele, com certeza, é diferente daquilo que nossa sociedade compreende por dignidade e, depois, que Ele não está contra a casa que não é digna, mas a favor da graça e do ânimo de quem se dispõe a anunciar, cumprindo sua missão.
No episódio da mulher pega em flagrante adultério (Jo 8, 3-11), que dignidade ela tinha para Jesus se preocupar com sua integridade? “Eu também não a condeno. Pode ir, e não peque mais”.
No episódio de sua crucifixão entre dois ladrões (Lc 23, 39-43), que dignidade um deles possuía para, também, receber de Jesus a mais doce promessa? “Eu lhe garanto: hoje mesmo você estará comigo no Paraíso”.
No episódio do jovem rico (Mt 19, 16-30), que dignidade havia naquele homem para ele ir embora triste e Jesus declarar: “Eu garanto a vocês: um rico dificilmente entrará no Reino do Céu”?
Portanto, precisamos ajustar melhor nossa compreensão sobre a dignidade de que Jesus trata neste trecho do evangelho. Certamente, ela está muito mais ligada à humildade com que se é capaz de receber e alegrar-se com as boas notícias da proximidade do Reino dos Céus, do que com títulos ou cargos.
Na missão de anunciar que o Reino dos Céus está próximo, muitas vezes somos mal entendidos, rejeitados, zoados, portanto Jesus nos deixa esta mensagem de otimismo: não se abatam, porque estes que não são capazes de receber com humildade as boas novas, também não têm o poder de retirar de vocês a paz que eu vos dou. Neste sentido, a paz que foi dada, quando não aceita, será retornada. A vontade de Jesus é de que todos recebam sua mensagem e tenham a paz. Ele não faz distinção de pessoas, senão não nos teria enviado a anunciar a todos: “Vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Notícia para toda a humanidade” (Mc 16,15). Contudo, é importante que aquele que se coloca na missão do anúncio não se irrite com a rejeição e mantenha-se firme e graciosamente em paz.
Venha Espírito Santo! Infunda em nós o desejo de anunciar de graça, e com graça, a boa notícia da proximidade do Reino dos Céus. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte