Perseverar até o fim (Mt 10,16-23)
10 de julho de 201515º Domingo do Tempo Comum – Ano B
12 de julho de 2015“O discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do seu senhor. Para o discípulo, basta ser como o seu mestre, e para o servo, ser como o seu senhor. Se ao dono da casa eles chamaram de Belzebu, quanto mais aos seus familiares!
Não tenhais medo deles, pois nada há de encoberto que não seja revelado, e nada há de escondido que não seja conhecido. O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia; o que escutais ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os telhados! Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma! Pelo contrário, temei aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno!
Não se vendem dois pardais por algumas moedas? No entanto, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do vosso Pai. Quanto a vós, até os cabelos da cabeça estão todos contados. Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais.
Portanto, todo aquele que se declarar a meu favor diante dos homens, também eu me declararei em favor dele diante do meu Pai que está nos céus. Aquele, porém, que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante do meu Pai que está nos céus.
“Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma!”
Esse trecho do evangelho apresenta o final do discurso de Jesus ao enviar seus discípulos em missão. Durante esta semana, refletimos a respeito de alguns pontos que destacamos no discurso de envio dos discípulos. Hoje, ao fechar o discurso, Jesus chama minha atenção para sua insistência em dizer “não tenhais medo”! Ele repete essa exortação por três vezes. Das três, a que mais chamou minha atenção foi esta: “Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma!”
A palavra alma pode dar, a cada um de nós, um entendimento um pouco diferente a respeito de seu significado, mas, certamente, todos nós entendemos que alma é aquilo que nos anima, dá vigor e força.
Quem já sofreu depressão, ou já conviveu com alguém que passou por essa experiência terrível, sabe muito bem como é doloroso perder completamente o ânimo, não ter vontade de mais nada, ficar completamente sem força interior.
Quando estamos animados, com energia e autoestima elevada, não há nada que possa nos deter, não é mesmo? Se caímos, logo nos levantamos e continuamos. Se nos impedem de seguir por um caminho, encontramos outros, mas não paramos. Se nos ameaçam, retrucamos ou nos calamos, mas não perdemos o sonho, o desejo, o objetivo. Muitas vezes, as adversidades nos animam ainda mais e acabam funcionando como uma nova motivação.
Por outro lado, quando permitimos que as críticas, os comentários negativos e a falta de reconhecimento nos desanimem e contaminem nossa autoestima, abrimos as covas para enterrar nossos sonhos e nossos objetivos. Nesse caso, apesar de nossos corpos viverem, que graça tem a vida?
Jesus não está nos incentivando a descuidar de nosso corpo ou de nossa vida corporal. Tanto é que, nesse mesmo discurso, no trecho do evangelho que lemos ontem, Ele diz: “quando vos perseguirem numa cidade, fugi para outra” (Mt 10, 23), ou seja, Ele deixa claro que devemos fazer de tudo para manter nossa integridade física.
Contudo, Jesus quer salientar que mais importante que manter o corpo saudável é manter nossa alma saudável, pois, se a alma se perde, o que será do corpo?
No silêncio de nosso coração, na quietude de nossa alma, onde vamos para nos encontrar a sós com nosso Deus, deixemos que o Senhor nos mostre em que situações temos permitido que matem nossa alma. Deixemos que o Espírito nos mostre como devemos protegê-la. Quais sonhos e projetos deixamos de lado? O quê necessitamos retomar para nosso bem e o bem dos que nos rodeiam? Quais projetos têm nos ocupado, mas não fazem bem para nossa alma?
Senhor, nossa alma tem sede de ti. Te queremos! Habita sempre em nós e mantém nossa alma viva. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte