Feliz o ventre que te trouxe. Muito mais felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus.
13 de outubro de 2018O pedido de um milagre (LC 11,29-32)
15 de outubro de 2018PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, vem e toca meus sentidos para receber a Boa-Nova.
Espírito Santo, vem e faze com que a força da Palavra renove minha vida.
Espírito Santo, vem e sopra para que
junto a Jesus Vivo, eu possa encarnar a Palavra
em meus gestos, juntamente com minha comunidade.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Marcos 10.17-30
O moço rico
Mateus 19.16-30; Lucas 18.18-30
17Quando Jesus estava saindo de viagem, um homem veio correndo, ajoelhou-se na frente dele e perguntou:
— Bom Mestre, o que devo fazer para conseguir a vida eterna?
18Jesus respondeu:
— Por que você me chama de bom? Só Deus é bom, e mais ninguém. 19Você conhece os mandamentos: “Não mate, não cometa adultério, não roube, não dê falso testemunho contra ninguém, não tire nada dos outros, respeite o seu pai e a sua mãe.”
20— Mestre, desde criança eu tenho obedecido a todos esses mandamentos! — respondeu o homem.
21Jesus olhou para ele com amor e disse:
— Falta mais uma coisa para você fazer: vá, venda tudo o que tem e dê o dinheiro aos pobres e assim você terá riquezas no céu. Depois venha e me siga.
22Quando o homem ouviu isso, fechou a cara; e, porque era muito rico, foi embora triste. 23Jesus então olhou para os seus discípulos, que estavam em volta dele, e disse:
— Como é difícil os ricos entrarem no Reino de Deus!
24Quando ouviram isso, os discípulos ficaram espantados, mas Jesus continuou:
— Meus filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! 25É mais difícil um rico entrar no Reino de Deus do que um camelo passar pelo fundo de uma agulha.
26Quando ouviram isso, os discípulos ficaram espantadíssimos e perguntavam uns aos outros:
— Então, quem é que pode se salvar?
27Jesus olhou para eles e disse:
— Para os seres humanos isso não é possível; mas, para Deus, é. Pois, para Deus, tudo é possível.
28Aí Pedro disse:
— Veja! Nós deixamos tudo e seguimos o senhor.
29Jesus respondeu:
— Eu afirmo a vocês que isto é verdade: aquele que, por causa de mim e do evangelho, deixar casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou terras 30receberá muito mais, ainda nesta vida. Receberá cem vezes mais casas, irmãos, irmãs, mães, filhos, terras e também perseguições. E no futuro receberá a vida eterna.
1. LEITURA
Que diz o texto?
* Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. De que modo chega este homem até Jesus e que gesto faz? O que demonstra com tais atitudes?
2. O que este homem pergunta a Jesus? O que deseja saber?
3. Qual é a busca profunda deste homem, revelada em sua pergunta?
4. Quais os mandamentos que Jesus cita?
5. Você acha que a resposta do homem foi honesta?
6. O que é que falta ao homem e por quê?
7. Como o homem responde ao convite de Jesus para segui-lo? Qual é o estado de ânimo dele?
8. Por seus próprios méritos, o homem pode salvar-se?
9. O que acontece com os que deixam pessoas ou coisas para seguir Jesus?
* Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Damian Nannini1
O evangelho de hoje contém duas partes: 10.17-22, onde se narra o encontro de Jesus com o homem rico, e 10.23-30, que contém o ensinamento particular de Jesus a seus discípulos. A primeira cena desenrola-se no caminho para Jerusalém, quando, de supetão, aproxima-se de Jesus “alguém” que vem correndo e com uma pergunta à flor dos lábios. Ajoelha-se e chama Jesus de “Bom Mestre”, donde supomos que tinha grande respeito por ele e valorizava seu ensinamento. A pergunta é clara: “O que devo fazer para conseguir a vida eterna?”
Jesus responde-lhe dizendo que deve cumprir os mandamentos de Deus, e cita seis dentre eles, que têm em comum o caráter social, pois se referem à relação com as demais pessoas.
A resposta do homem, que dá a entender que ele conhece bem estes mandamentos, é que os cumpre desde criança. Trata-se, portanto, de um judeu observante e piedoso. Em seguida, Marcos registra um gesto de Jesus com grande carga afetiva: “Jesus olhou para ele com amor”. Este olhar amoroso de Jesus implica uma valorização deste homem cumpridor da vontade de Deus e justifica também o chamado a deixar tudo e segui-lo: “Falta mais uma coisa para você fazer: vá, venda tudo o que tem e dê o dinheiro aos pobres e assim você terá riquezas no céu. Depois venha e me siga”. O convite à renúncia a todos os seus bens deve ser entendido como um requisito ou condição para o seguimento de Jesus e como resposta de amor a ele. A renúncia é o sinal claro de sua decisão de amar a Jesus acima de todas as coisas. Esta exigência radical de Jesus provocou tristeza no homem, que se retira de cara fechada porque tinha muitos bens. Não existem palavras dele, mas são narrados seu gesto e seus sentimentos. Seu amor por Jesus não era suficientemente forte para enfrentar esta renúncia, e finda por não seguir Jesus.
Diante deste convite frustrado ao seguimento, Jesus tira como primeira conclusão a dificuldade que os ricos têm de entrar no Reino de Deus. Diante do assombro dos discípulos, estende esta dificuldade a todas as pessoas: “Como é difícil entrar no Reino de Deus!”. Contudo, imediatamente faz uma comparação na qual volta a referir-se aos ricos: “É mais difícil um rico entrar no Reino de Deus do que um camelo passar pelo fundo de uma agulha”. Este provérbio é escandaloso aos olhos dos discípulos, que ficam espantadíssimos e dizem: “Então, quem é que pode se salvar?”. Observemos que existe um paralelismo entre as afirmações: herdar a vida eterna, entre no Reino e salvar-se. No fundo, trata-se da mesma questão e que tem a mesma resposta: ‘Para os seres humanos isso não é possível; mas, para Deus, é. Pois, para Deus, tudo é possível”.
Jesus está dizendo que a salvação do homem, sua entrada na vida eterna ou no Reino é, em definitivo, uma graça, um dom de Deus. E é principalmente por isso que será difícil, quando não impossível, um rico salvar-se: ele não julga necessitar desta graça, porque pensa que pode conquistá-la por si mesmo.
Pedro, sempre Pedro, é quem fala em nome do grupo com sua grande espontaneidade. E pergunta a Jesus o que acontecerá com os que renunciaram a seus bens nesta vida para segui-lo. A estes Jesus promete o cento por um, com perseguições, nesta vida; e na vindoura, a vida eterna. Este último diálogo prova que Jesus não acha que os bens terrenos sejam maus; perigoso mesmo é o apego a eles, é colocar a segurança neles e tornar-se rico no coração. Por isso, Jesus promete-lhes que terão mais bens e afetos, mas devem ser recebidos como dons, e os discípulos não devem considerar-se donos, mas administradores destes dons, para o que é necessário saber renunciar primeiro à posse deles.
O que o Senhor me diz no texto?
Este evangelho convida-nos a meditar sobre as exigências que o seguimento de Jesus pressupõe. E a primeira delas que se nos apresenta é o cumprimento dos mandamentos. Hoje, falar de mandamentos não pega muito bem; soa como algo que nos tolhe a liberdade. No entanto, os mandamentos de Deus são o canal e o guardião da liberdade dos filhos de Deus. De fato, por trás de cada NÃO – não matar, não roubar … – há um SIM à vida plena, um SIM aos valores do evangelho: amor, verdade, justiça, misericórdia, fidelidade e liberdade. Deus deu-nos os mandamentos para que “canalizemos” nossa vida e concentremos nossas energias no que é bom, verdadeiro e belo, ou seja, no Reio de Deus e na Vida eterna. E cumprindo a vontade de Deus expressa nos mandamentos, experimentaremos uma grande liberdade interior, porque os vícios e pecados não nos dominarão.
Seguir Jesus supõe caminhar atrás dele, supõe etapas, ir progredindo ou crescendo passo a passo, porque “esta santidade a que o Senhor te chama, irá crescendo com pequenos gestos” (Gaudete et exsultate 16). Após o cumprimento dos mandamentos, existe algo mais.
Contudo, este “algo mais” pressupõe ter sentido o olhar de amor de Jesus, que vem acompanhado de um convite a partilhar mais seu estilo de vida com um seguimento mais pleno. A este respeito, diz o Papa Francisco: “Assim diz o Evangelho: ‘Fixou nele o olhar, amou-o’ (v. 21). Compreendeu que era um jovem bom… Mas Jesus entende também qual é o ponto fraco do seu interlocutor, e apresenta-lhe uma proposta concreta: distribuir todos os seus bens aos pobres e segui-lo. No entanto, aquele jovem tem um coração dividido entre dois senhores: Deus e o dinheiro, e por isso vai embora entristecido. Isto demonstra que fé e apego às riquezas não podem conviver. Assim, no fim, o impulso inicial do jovem dilui-se na infelicidade de um seguimento malogrado” (Papa Francisco, Angelus, 11 de outubro de 2015).
Portanto, neste caminho do seguimento de Jesus, existem apegos que nos impedem de segui-lo, e é preciso que estejamos dispostos a deixá-los para não ficarmos na metade do caminho. O evangelho de hoje nos leva a refletir de modo particular sobre as riquezas ou posses que nos dão segurança na vida, mas que findam por tirar-nos a liberdade para amar a Deus e ao próximo, como Jesus nos pede. Trata-se de renunciar à posse egoísta dos bens, de deixá-los para em seguida recebê-los com liberdade, como dons de Deus que temos de administrar levando em conta o bem comum das pessoas.
Por fim, meditemos sobre nosso seguimento do Senhor, sobre seu olhar de amor que nos transforma e sobre nossa resposta generosa, disposta a deixar tudo o que nos amarra e nos impede de cumprir com alegria a vontade de Deus. E meditemos no fato de que “o jovem não se deixou conquistar pelo olhar de amor de Jesus, e deste modo não conseguiu mudar. Somente acolhendo o amor do Senhor com gratidão humilde poderemos libertar-nos da sedução dos ídolos e da cegueira das nossas ilusões. O dinheiro, o prazer e o sucesso deslumbram, mas depois decepcionam: prometem a vida, mas causam a morte. O Senhor pede-nos que nos desapeguemos destas falsas riquezas para entrar na vida verdadeira, na vida plena, autêntica, luminosa” (Papa Francisco, Angelus, 11 de outubro de 2015).
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Compreendo que o seguimento de Jesus implica cumprir os mandamentos? Procuro cumpri-los?
2. Considero que basta apenas o cumprimento dos mandamentos ou descubro que o Senhor diz que me falta fazer “algo mais”?
3. Que apegos me custa deixar para seguir com liberdade o Senhor?
4. É libertadora a pobreza evangélica? Já a experimentei?
5. Compreendo e aceito que a salvação é uma graça de Deus?
6. Já tive a experiência de receber recompensa do Senhor pelas renúncias feitas por ele?
O que respondo ao Senhor que me fala no texto?
Obrigado, Jesus, por me olhares detidamente e com teu amor.
Concede-me a graça de deixar-me olhar e que, a partir daí, possa responder-te.
Como tu e contigo, quero colocar-me a caminho.
Livra-me dos apegos que me amarram; impele-me a confiar em teu olhar.
Somente assim não ficarei triste e não me irei embora por possuir tudo.
Doando-me a meus irmãos, terei a melhor a riqueza.
Dá-me o necessário para que possa lançar-me por teu Reino.
Volta teu olhar para mim novamente e somente assim poderei doar-me.
Confio, Jesus.
Para ti, nada é impossível.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, que eu saiba corresponder ao teu olhar amoroso e te siga”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, deixarei que Jesus olhe para mim, visitando-o em uma paróquia ou em uma exposição do Santíssimo Sacramento.
“A pobreza é amor, antes de ser renúncia. Para amar, é necessário dar. Para dar, é necessário estar livre de egoísmo”.
Santa Teresa de Calcutá