Leitura: João 16, 12-15

Naquele tempo, Jesus disse aos discípulos:

Ainda tenho muitas coisas para lhes dizer, mas vocês não poderiam suportar isso agora. Porém, quando o Espírito da verdade vier, ele ensinará toda a verdade a vocês. O Espírito não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que ouviu e anunciará a vocês as coisas que estão para acontecer. Ele vai ficar sabendo o que tenho para dizer, e dirá a vocês, e assim ele trará glória para mim. Tudo o que o Pai tem é meu. Por isso eu disse que o Espírito vai ficar sabendo o que eu lhe disser e vai anunciar a vocês.

Palavra da Salvação.

PISTA PARA A ORAÇÃO:

O Evangelho de hoje constitui-se em uma promessa do Senhor. Desta vez, porém, o compromisso de Jesus não se refere a nenhuma graça específica de cura ou providência material, mas à Graça das Graças, a própria fonte de todo Bem, toda Consolação e toda Vida: a presença do Espírito Santo.

A Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, o Espírito, sempre foi na tradição da Igreja aquela que mais se identificou com a ideia da Mística e do Mistério. Afinal, enquanto a figura do Pai e do Filho se manifestaram na história humana de modos muito concretos (em especial na Encarnação), a ação do Espírito parece estar entre nós sempre como a brisa mansa que tocou Elias no monte Horebe (1Reis 19, 12-13). O próprio termo hebraico “ruah” (sopro, vento) assinala uma realidade pouco palpável, indomável e difusa.

“O Espírito sopra onde quer” (Jo 3, 8) diz Jesus ao fariseu Nicodemos. Ele é a força incontrolável e autônoma de Deus, que foge à toda norma humana, que não se enquadra em qualquer estrutura institucional ou hierárquica, que rompe e derruba processos para reergue-los e reconstruí-los seguindo nova lógica, nova forma, nova perspectiva… Ele faz novas todas as coisas! (Ap 21, 5)

Mas, qual é afinal a promessa que Cristo no faz? O envio do Espírito aqui, associa-se ao entendimento pleno da Boa Nova anunciada por Cristo. Trata-se da Divina Luz que trará clareza aos corações abertos e desejosos de conhecer, amar e seguir Jesus de Nazaré e seu Evangelho.

Há muitas coisas que Cristo tem a nos dizer e que não cabem nas linhas das Sagradas Escrituras. Isso porque a vida se manifesta no hoje da história, na labuta concreta do cotidiano, nos percalços dos sofrimentos humanos, nos dilemas das decisões que se impõe e nos caminhos sempre novos que se revelam e se fecham a partir de nossas escolhas, tantas vezes precipitadas, confusas e medrosas. O Espírito, portanto, é Deus no agora, que nos fala, nos corrige, nos convida e orienta à vida na Graça.

“Sem a luz que acode, nada o homem pode” diz o texto litúrgico da Sequência de Pentecostes, que em breve celebraremos. Esta verdade se confirma com as palavras de Jesus. Só o Espirito pode nos ensinar toda verdade. Pois a Verdade, ainda que preciosa, não é uma pedra que encontramos estática e sem vida, tomamos posse e a utilizamos como adorno de nossas opiniões e atitudes. Ao contrário, a Verdade é fogo, vento e água viva que se revela, nos saciando, desacomodando e transformando na diversidade das circunstâncias, no particular da vida, na pessoalidade de um Deus que não se impõe, mas se manifesta apenas na medida em que seus filhos e filhas queiram, acolham e suportem sua presença e chamado.

O que Cristo ainda tem a dizer a cada um de nós? O que ele tem a dizer a você? Qual a Verdade que precisa ser revelada em sua vida e que, só nela fará sentido tornando-se Redenção?   

Que Maria Santíssima, templo vivo do Espírito Santo, nos mostre o caminho da Verdade que liberta e ilumina.

Boa oração!    

Matheus Cedric Godinho, Comunidade Santo Estanislau Kostka – CVX Curitiba