O valor de uma vida (Mt 1,16.18-21.24a)
19 de março de 2015Humildade (Jo 7,40-53)
21 de março de 2015Jesus andava percorrendo a Galileia. Evitava andar pela Judeia, porque os judeus procuravam matá-lo. Entretanto, aproximava-se a festa judaica das Tendas. Quando seus irmãos já tinham subido, então também ele subiu para a festa, não publicamente mas sim como que às escondidas.
Alguns habitantes de Jerusalém disseram então: “Não é este a quem procuram matar? Eis que fala em público e nada lhe dizem. Será que, na verdade, as autoridades reconheceram que ele é o Messias? Mas este, nós sabemos donde é. O Cristo, quando vier, ninguém saberá donde é”.
Em alta voz, Jesus ensinava no Templo, dizendo: “Vós me conheceis e sabeis de onde sou; eu não vim por mim mesmo, mas o que me enviou é fidedigno. A esse, não o conheceis, mas eu o conheço, porque venho da parte dele, e ele foi quem me enviou”. Então, queriam prendê-lo, mas ninguém pôs a mão nele, porque ainda não tinha chegado a sua hora.
Há uma dificuldade de alguns habitantes de Jerusalém em aceitar Jesus como o Messias. Eles se apegam a ensinamentos da época que diziam que o Cristo, quando viesse, ninguém saberia de onde viria.
Ora, como eles sabiam de onde vinha Jesus, Ele não poderia ser o Messias.
Hoje, como professamos a fé de que Jesus é o Messias, podemos até estranhar o raciocínio daquelas pessoas. Podemos, inclusive, fazer um julgamento rápido e pensar que eles eram meio estúpidos.
Minha oração chamou a minha atenção para este ponto e me questionava se, porventura, eu também não me comportava assim.
Jesus, ao que parece, tenta explicar para eles que o ensinamento sobre o qual eles se apoiavam tinha lá suas razões, mas que era necessário dar a ele um novo sentido.
A Jesus eles conheciam, mas não conheciam quem o enviou. De certa forma, o ensinamento que eles haviam recebido não estava errado, contudo era necessária uma abertura maior para aceitar que a realização da promessa não acontecia exatamente como eles imaginavam.
Penso que esse é, sempre, o perigo de nos apoiarmos em visões fundamentalistas das escrituras. Ficamos tão presos a concepções já cristalizadas em nossas mentes, que não damos espaço para aceitar Deus se manifestando de forma diferente.
Na minha oração, sou levado a compreender que o amor é a chave para iluminar tanto as nossas interpretações, como o confronto das situações reais com os ensinamentos evangélicos. Ficar preso à letra dos ensinamentos, sem considerar que o amor é o motivo primário e definitivo que o suporta e lhe dá sentido, acabará por nos levar a comportar exatamente como aqueles habitantes de Jerusalém.
A prisão à letra do que está escrito nas sagradas escrituras pode nos levar a matar – não como alguns habitantes de Jerusalém queriam fazer com Jesus -, mas matar não deixando fluir sonhos e bons relacionamentos.
Então, este é o convite para a oração de hoje: perceber quando estamos sendo fundamentalistas e não damos espaço para que o amor harmonize as diferenças, explique os paradoxos e aproxime as distâncias que nos separam.
Penso que devemos considerar não somente o fundamentalismo religioso, mas também o fundamentalismo ideológico e cultural que, no nosso país, atualmente, tem sido largamente manifestado em cenas lamentáveis.
Que o Espirito Santo nos ajude, com o dom do discernimento, a perceber quando ficamos apegados a ideias previamente concebidas que nos impedem a abertura para o novo e, com o dom do amor, para acolhermos as novidades à nossa volta. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte