Segue-me (Mateus 8,18-22)
29 de junho de 2015Quem é este que até o vento e o mar obedecem? (Mateus 8, 23-27)
30 de junho de 2015“Jesus viu a multidão em volta dele e mandou os discípulos irem para o lado leste do lago. Um mestre da Lei chegou perto dele e disse:
– Mestre, estou pronto a seguir o senhor para qualquer lugar aonde o senhor for!
Jesus respondeu:
– As raposas têm as suas covas, e os pássaros os seus ninhos. Mas o Filho do Homem não tem onde descansar.
E outro, que era seguidor de Jesus, disse:
– Senhor, primeiro deixe que eu volte e sepulte o meu pai.
Jesus respondeu:
– Venha comigo e deixe que os mortos sepultem os seus mortos.”
Neste Evangelho, vamos contemplar um Jesus que faz o seu caminho, a sua travessia. Ele passa. Passa e convida, chama e envia, com muito amor e muita liberdade. Não se apega nem esconde as dificuldades do seu seguimento.
A multidão o cerca. Jesus havia curado a muitos doentes, provocou fé e esperança em alguns e expectativa em muitos, porque temos o costume de criar expectativas e nos deter nelas, querendo reter o outro de alguma forma, segurá-lo nas mãos, manipulá-lo. Mas Jesus não para pela multidão. Ele sabe que seu caminho passa pela compaixão por ela, mas vai além. Exatamente pela compaixão precisa ir além, porque para ela seria muito cômodo ficar ali, na zona de conforto. É o que queremos da fé muitas vezes: segurança e conforto. Só!
Seria cômodo para Jesus ficar também. Estaria em meio a aplausos e admiração. Mas ele precisava partir. Nesta sua partida, chama alguns a também fazerem a própria travessia. “Mandou os discípulos irem para o lado leste do lago.” E provoca o desejo em outros. Um mestre da Lei chegou perto dele e disse: Mestre, estou pronto a seguir o senhor para qualquer lugar aonde o senhor for!” Provavelmente é sincera esta manifestação. Com o coração em brasas, não pela Lei mas pela Palavra cheia de Espírito do Senhor, ele quer ir em seu seguimento.
No entanto, Jesus é muito claro sobre o que isso significa. “As raposas têm as suas covas, e os pássaros os seus ninhos. Mas o Filho do Homem não tem onde descansar.” A paixão pode nos dar a sensação de ter encontrado tudo o que procurávamos. Neste tudo, colocamos nossos desejos e carências, entre as quais está a busca de paz e estabilidade, de repouso. Mas o seguimento não é repouso, é ação e transformação. Pode dar descanso ao coração, paz profunda, mas não é fácil. Trata-se da paz e da alegria que se compaginam com a cruz.
Jesus provoca o mestre da Lei: “E desta forma como eu coloco, que é a real, você ainda quer me seguir?” O que ele pergunta a mim hoje? Em que aspectos questiona meu seguimento?
Àqueles que o seguem, Jesus chama de maneira forte. Aos discípulos envia a atravessar, a passar para outro lado. Ao seguidor do caminho, que queria postergar o seguimento em função dos laços familiares, ele coloca o sentido de urgência e prontidão.
– E a mim, qual é a decisão firme, a radicalidade às quais Jesus me aponta?
– De que ou de quem preciso me desapegar para priorizar o Reino?
– Qual travessia sou enviada a fazer?
Que o Espírito nos dê a coragem de colocar de fato nossa vida em oração, e a abertura para captar todo o amor que Jesus coloca em sua firmeza.
Tania Pulier, membro da Família Missionária Verbum Dei e do pré-CVX Cardoner.