“Quem é esse Rei da glória? É Deus, o Senhor Todo-Poderoso; ele é o Rei da glória”.
2 de fevereiro de 2020“Dá-me entendimento para que eu possa guardar a tua lei e cumpri-la de todo o coração”
16 de fevereiro de 2020PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, vem e prepara meu coração.
Espírito Santo, abranda minhas rudezas.
Espírito Santo, dá-me a vida nova que trazes.
Espírito Santo, que eu possa viver a Boa Nova
que hoje escuto.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Mt 5.13-16
O sal e a luz
Marcos 9.50; Lucas 14.34-35
13 — Vocês são o sal para a humanidade; mas, se o sal perde o gosto, deixa de ser sal e não serve para mais nada. É jogado fora e pisado pelas pessoas que passam.
14 — Vocês são a luz para o mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte. 15Ninguém acende uma lamparina para colocá-la debaixo de um cesto. Pelo contrário, ela é colocada no lugar próprio para que ilumine todos os que estão na casa. 16Assim também a luz de vocês deve brilhar para que os outros vejam as coisas boas que vocês fazem e louvem o Pai de vocês, que está no céu.
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. Com que Jesus compara seus apóstolos?
2. O que quer dizer-lhes através desta comparação?
3. O que acontece com o sal que perde o sabor e a luz que se esconde?
4. O que Jesus diz aos apóstolos com este exemplo sobre a missão deles?
5. A quem os discípulos louvam se viverem o evangelho?
ü Algumas pistas para compreender o texto:
Mons. Damian Nannini[1]
Esta perícope funciona como transição entre as bem-aventuranças (5.3-12) e o que se segue (5.17-48). Está ligada ao que antecede porque se dirige aos mesmos discípulos (“Vocês são…”) – que sofrem perseguição – para exortá-los a perseverar na vida cristã, pois têm uma missão irrenunciável perante este mundo, expressa com as imagens do sal e da luz.
Prossegue-se com a seção subsequente, porquanto as “coisas boas” que os discípulos devem irradiar serão explicitadas ali; daí a função de prólogo ou exórdio que se atribui a estes versículos na estrutura do Sermão da Montanha. De fato, não se diz aqui como o discípulo pode chegar a ser sal e luz; diz-se apenas que deve sê-lo. O modo concreto é desenvolvido na seção seguinte do Sermão, com todas as normas definidas para vincular-se corretamente ao irmão no Reinado de Deus inaugurado por Jesus. Ou seja, quem vive os ensinamentos de Mt 5.17-48 será sal e luz.
A metáfora do sal remete a um elemento necessário e insubstituível na alimentação cotidiana. Esta função do sal deriva de sua própria virtualidade de salgar, de dar sabor e de conservar os alimentos; caso viesse a faltar-lhe esta propriedade, tornar-se-ia inútil. Se o sal se desvirtua, perde sua função de salgar, não seve e é jogado fora. As expressões “jogado fora” e “pisado” remetem ao juízo de Deus; portanto, um discípulo que não viver como tal e que não exercer alguma influência em seu ambiente será rechaçado por Deus.
O valor simbólico do sal na antiguidade e na própria Bíblia é amplo e variado. Para compreender concretamente a que se refere este símbolo, é preciso vinculá-lo à metáfora seguinte – a da luz – que, sim, vem imediatamente especificada com as “coisas boas” dos discípulos; ou seja, que o discípulo é sal com suas coisas boas.
A interpretação conclusiva é que os discípulos, como o sal, possuem determinadas qualidades próprias que, se as perdessem, tornar-se-iam inúteis. L. H. Rivas, por exemplo, diz que “o sal é condimento, transmite seu sabor às substâncias nas quais é colocado. O discípulo é colocado no mundo para transmitir a outros seu ‘sabor’, o que tem de próprio para ser cristão”. L. Sánchez Navarro especifica ainda mais, afirmando que “o sal simboliza o discípulo com fé viva, e o desvirtuar-se equivale à perda da fé”.
Por fim, o sentido da metáfora é claro: os discípulos têm no mundo uma missão única e necessária, que cumprirão somente na medida em que viverem conforme os ensinamentos de Cristo, do evangelho.
A metáfora da luz é frequente no Antigo Testamento aplicada a Deus; por conseguinte, a luz é imagem de Deus, que vem para salvar seu povo; refere-se também ao Messias, razão pela qual é bem clara a estreita relação entre a Luz e a Salvação, presente tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Então, a missão dos discípulos será um prolongamento da missão de Jesus, que veio para anunciar a chegada do Reinado de Deus, ou seja, da salvação do mundo. O brilho de uma vida conforme às exigências do Sermão da Montanha é o sinal da presença e da ação transformadora de Deus no discípulo que, ao ser reconhecido pelos homens, estes serão levados a louvar ao Pai.
Esta obra de Deus nos discípulos de Jesus não pode ser ocultada; seria tão absurdo como querer esconder uma cidade sobre um monte ou uma lâmpada debaixo de um caixote. Necessariamente brilhará, mas para a glória do Autor, que é o Pai celestial.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
A ação do discípulo é sempre resposta ao dom primeiro de Deus. Por isso, para compreender esta exigência, devemos levar em conta que Jesus anunciou a chegada do Reino de Deus, de sua soberania. Ou seja, na Pessoa de Jesus, Deus aproxima-se de nós e pede-nos que o recebamos, que o aceitemos como o Senhor de nossa vida.
No entanto, ao aceitar o Senhorio de Jesus em nossa vida, altera-se nosso modo de ver, de valorizar e de viver no mundo. E esta novidade de vida e de valores não é somente para nós: é preciso partilhá-la e transmiti-la aos que nos rodeiam.
Jesus não quer que seus discípulos nos fechemos em um desfrute narcisista deste “Bem Imenso” que é o Reino de Deus, que nos instalemos em nossa zona de conforto e nos esqueçamos dos outros. Ao contrário, somos chamados a testemunhar nossa fé com nossa vida e principalmente com nossas boas ações.
Jesus escolheu duas metáforas ou exemplos – o sal e a luz – para expressar esta “essência” missionária da vocação cristã. O discípulo torna-se sal para salgar a terra; e luz para iluminar o mundo. Seria um contrassenso e um absurdo que o sal não temperasse e que a luz se ocultasse para não iluminar. Contudo, importa respeitar os passos do anúncio de Jesus para não cair em um mero “funcionalismo” da vida cristã. Trata-se de SER cristãos de verdade, de ter identidade. Se SOMOS cristãos, seremos também sal e luz do mundo. A partir do SER cristãos, AGIMOS como cristãos e DAMOS TESTEMUNHO diante do mundo do que SOMOS para a GLÓRIA do PAI.
A este respeito, dizia o Papa Francisco no Angelus do dia 5 de fevereiro de 2017: “Jesus convida-nos a ser um reflexo da sua luz, através do testemunho das boas obras. E diz: ‘Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus’ (Mt 5.16). Estas palavras frisam que nós somos reconhecíveis como verdadeiros discípulos d’Aquele que é a Luz do mundo, não pelas palavras, mas pelas nossas obras. Com efeito, é sobretudo o nosso comportamento que — no bem e no mal — deixa um sinal nos outros. Por conseguinte, temos uma tarefa e uma responsabilidade pelo dom recebido: a luz da fé, que está em nós por meio de Cristo e da ação do Espírito Santo, não a devemos reter como se fosse nossa propriedade. Ao contrário, estamos chamados a fazê-la resplandecer no mundo, a doá-la aos outros mediante as boas obras. E quanta necessidade tem o mundo da luz do Evangelho que transforma, cura e garante a salvação a quem o acolhe! Devemos levar esta luz com as nossas boas obras”.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Vivo minha relação com Jesus como algo exclusivamente pessoal e privado, ou reconheço que devo partilhar com os demais o que o Senhor me dá?
2. Tenho consciência de que sou uma missão para os outros, e a realizo?
3. Considero que se oculto minha fé, nego a outros a oportunidade de crer?
4. Que sentimentos tenho diante do mundo? Medo, desprezo, atração, insegurança, rebeldia, agressividade, condenação, compaixão…?
5. A fé deu sentido à minha vida e esta alegria é a que irradio em meu ambiente?
3. ORAÇÃO O que respondo ao Senhor que me fala no texto? |
Obrigado, Jesus, por compartilhares comigo tua missão.
Faze com que não me feche em mim mesmo,
nem faça do Reino uma bolha.
Quer ser sal que dê sabor
e luz que ilumine.
Na medida justa, que não me exceda,
mas que faça de minha vida cristã
um testemunho crível e um anúncio verdadeiro.
Quero dar glória a nosso Pai.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, que minhas obras sejam reflexo de tua luz”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, proponho-me viver minha identidade cristã fazendo uma obra do bem sem ser visto ou reconhecido.
“Se você observar a composição de um aparelho elétrico, encontrará um conjunto de fios grandes e pequenos, novos e gastos, caros e baratos. Se a corrente elétrica não passa através dele todo, não haverá luz. Estes fios somos você e eu. Deus é a corrente. Temos o poder de deixar passar a corrente através de nós, de deixar-nos utilizar por Deus, de deixar que se produza luz no mundo.”
Madre Santa Teresa de Calcutá
Dom Damián Nannini é bispo da Diocese de San Miguel (Argentina); licenciado em Sagrada Escritura pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma.