“A luz brilha na escuridão para aqueles que são corretos, para aqueles que são bondosos, misericordiosos e honestos.”
9 de fevereiro de 2020As tentações no deserto
29 de fevereiro de 2020
Instruções para a oração: – Procure fazer silêncio interior e exterior e leia calmamente a passagem (mais de uma vez se for preciso). – Pergunte ao Senhor, o que Ele quer lhe dizer através deste texto. – Tente perceber qual é o trecho que chama mais sua atenção, que lhe toca mais e detenha-se nele para descobrir o chamado que Deus lhe faz. – As perguntas são para colaborar para que a oração seja diálogo com Jesus. Use-as, se achar que podem realmente lhe ajudar. – Agradeça a Deus por tudo o que tem lhe dado e peça forças para ser fiel ao que hoje Ele lhe falou ao coração. |
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, vem e prepara meu coração.
Espírito Santo, abranda minhas rudezas.
Espírito Santo, dá-me a vida nova que trazes.
Espírito Santo, que eu possa viver a Boa Nova
que hoje escuto.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Mt 5.17-37
A Lei de Moisés
13 — Não pensem que eu vim para acabar com a Lei de Moisés ou com os ensinamentos dos Profetas. Não vim para acabar com eles, mas para dar o seu sentido completo. 18Eu afirmo a vocês que isto é verdade: enquanto o céu e a terra durarem, nada será tirado da Lei — nem a menor letra, nem qualquer acento. E assim será até o fim de todas as coisas. 19Portanto, qualquer um que desobedecer ao menor mandamento e ensinar os outros a fazerem o mesmo será considerado o menor no Reino do Céu. Por outro lado, quem obedecer à Lei e ensinar os outros a fazerem o mesmo será considerado grande no Reino do Céu. 20Pois eu afirmo a vocês que só entrarão no Reino do Céu se forem mais fiéis em fazer a vontade de Deus do que os mestres da Lei e os fariseus.
O ódio
21 — Vocês ouviram o que foi dito aos seus antepassados: “Não mate. Quem matar será julgado.” 22Mas eu lhes digo que qualquer um que ficar com raiva do seu irmão será julgado. Quem disser ao seu irmão: “Você não vale nada” será julgado pelo tribunal. E quem chamar o seu irmão de idiota estará em perigo de ir para o fogo do inferno. 23Portanto, se você estiver oferecendo no altar a sua oferta a Deus e lembrar que o seu irmão tem alguma queixa contra você, 24deixe a sua oferta ali, na frente do altar, e vá logo fazer as pazes com o seu irmão. Depois volte e ofereça a sua oferta a Deus.
25 — Se alguém fizer uma acusação contra você e levá-lo ao tribunal, entre em acordo com essa pessoa enquanto ainda é tempo, antes de chegarem lá. Porque, depois de chegarem ao tribunal, você será entregue ao juiz, o juiz o entregará ao carcereiro, e você será jogado na cadeia. 26Eu afirmo a você que isto é verdade: você não sairá dali enquanto não pagar a multa toda.
O adultério
27 — Vocês ouviram o que foi dito: “Não cometa adultério.” 28Mas eu lhes digo: quem olhar para uma mulher e desejar possuí-la já cometeu adultério no seu coração. 29Portanto, se o seu olho direito faz com que você peque, arranque-o e jogue-o fora. Pois é melhor perder uma parte do seu corpo do que o corpo inteiro ser atirado no inferno. 30Se a sua mão direita faz com que você peque, corte-a e jogue-a fora. Pois é melhor perder uma parte do seu corpo do que o corpo inteiro ir para o inferno.
O divórcio
Mateus 19.1-9; Marcos 10.1-12; Lucas 16.18
31 — Foi dito também: “Quem mandar a sua esposa embora deverá dar a ela um documento de divórcio.” 32Mas eu lhes digo: todo homem que mandar a sua esposa embora, a não ser em caso de adultério, será culpado de fazer com que ela se torne adúltera, se ela casar de novo. E o homem que casar com ela também cometerá adultério.
Os juramentos
33 — Vocês ouviram o que foi dito aos seus antepassados: “Não quebre a sua promessa, mas cumpra o que você jurou ao Senhor que ia fazer.” 34Mas eu lhes digo: não jurem de jeito nenhum. Não jurem pelo céu, pois é o trono de Deus; 35nem pela terra, pois é o estrado onde ele descansa os seus pés; nem por Jerusalém, pois é a cidade do grande Rei. 36Não jurem nem mesmo pela sua cabeça, pois vocês não podem fazer com que um só fio dos seus cabelos fique branco ou preto. 37Que o “sim” de vocês seja sim, e o “não”, não, pois qualquer coisa a mais que disserem vem do Maligno.
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. Que relação tem Jesus com a lei (os mandamentos) e os profetas?
2. Como Jesus interpreta o mandamento “não mate”?
3. Como Jesus interpreta o mandamento de “não cometer adultério”?
4. O que pensa Jesus a respeito do divórcio e da união matrimonial?
5. O que Jesus ensina sobre o “jurar” e sobre a veracidade no falar?
ü Algumas pistas para compreender o texto:
Mons. Damian Nannini[1]
Nesta seção do Sermão da Montanha devemos distinguir entre os versículos 17–20, que são uma introdução às normas particulares, e os versículos 21-48, que contêm as normas particulares referidas à relação com o próximo. Desta segunda parte, hoje leremos os versículos 21-37, enquanto os versículos 38-48 serão lidos no próximo domingo.
Os versículos 17–20 apresentam-nos o valor que têm “a lei e os profetas” para Jesus, pois fala de cumprimento ou plenitude; ou seja, a lei e os profetas estarão vigentes, com seu sentido pleno, nos ensinamentos de Jesus. E esta é justamente a missão de Jesus (“vim”) como Mestre: revelar o sentido pleno da Escritura. Recentemente, M. Grilli, depois de uma profunda análise, concluiu afirmando que “Jesus revela o sentido definitivo do Antigo Testamento; Jesus cumpre a lei antiga na medida em que é o intérprete autorizado”. No entanto, este cumprimento tem como conteúdo os mandamentos interpretados por Jesus como vontade de Deus e observados de modo superior ao modo dos mestres da lei de Israel e dos fariseus. Justamente esta nova interpretação da Lei como vontade do Pai é oferecida por Jesus em seguida.
A seção de 5.21-48 tem uma estrutura clara: com seis antíteses ou superações apresentadas em dois grupos de três (5.21-32 e 5.33-47).
A primeira antítese remete, como citação da Escritura, ao quinto mandamento do decálogo: “Não mate” (Êx 20.12; Dt 5.17). Jesus, com seu “mas eu lhes digo”, coloca-se no mesmo nível de Deus no Sinai e aprofunda esta proibição estendendo-a ao aborrecimento e ao insulto ou agressão verbal ao próximo. Vale dizer que, na interpretação que Jesus faz, infringe-se o mandamento não apenas com a morte física, mas também com a agressão verbal.
Os versículos 23-24, iniciados com um “portanto”, são a consequência prática do anterior. Se se ofendeu o irmão (“seu irmão”), é preciso reconciliar-se. Nossos dons e oferendas não podem agradar a Deus se um irmão tem um motivo justificado de queixa contra nós. A comunhão entre irmãos dá valor e validade à oferenda feita a Deus. Os versículos 25-26 reforçam a motivação da reconciliação e exortam à sua prontidão, a fazê-lo o quanto antes.
A segunda antítese (5.27-30) refere-se ao sexto e nono mandamento do decálogo: “não cometa adultério” (Êx 20.14; Dt 5.18) e “Não cobice a casa de outro homem. Não cobice sua mulher” (Êx 20.17; Dt 5.21).
Para Jesus, o matrimônio não se rompe apenas com o ato de adultério, mas já com o desejo voluntário de fazê-lo, simbolizado no olhar. Olhar para uma mulher casada, desejando-a, implica a intenção de realizar a ação adúltera e é julgado por Jesus como fato consumado. Tal como no caso anterior, o mandamento é radicalizado. Seguem-se dois conselhos práticos que exortam a evitar firmemente toda ocasião de pecado, com a motivação da condenação escatológica (ser atirado no inferno).
A terceira antítese (5.31-32) refere-se ao divórcio, reportando-se à permissão do documento de divórcio que Moisés estabeleceu, segundo Dt 24.1-4. Neste caso, Jesus contradiz o ensinamento de Moisés e a interpretação comum dos rabinos que, baseando-se em Dt 24.1-4, permitiam o divórcio por qualquer motivo. Para Jesus, tanto a mulher divorciada que contrai novo matrimônio quanto aquele que se casa com uma divorciada cometem adultério.
A quarta antítese reenvia à proibição de jurar falsamente de Lv 19.12. Em contraposição, Jesus proíbe radical e absolutamente todo juramento, e exige uma veracidade incondicional no falar (cf. Mt 5.33-37).
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
O evangelho que lemos hoje começa com uma clara exortação de Jesus a cumprir com os mandamentos da Lei de Deus, inclusive os menores. Nisto não há como escapar, pois nos diz que ele mesmo veio para cumprir, ou seja, para levar à plenitude os mandamentos de Deus. Não se trata, portanto, de uma utopia ou de algo impossível, mas se trata de levá-los à vida, de vivê-los. Neles se revela a vontade de Deus, o que o Pai quer que nós, seus filhos, vivamos a fim de manifestar-nos como tais e sermos sal da terra e luz do mundo. É importante não perder de vista isto: a “justiça” que deve ser praticada, os mandamentos que se hão de cumprir são, antes de mais nada, a Vontade do Pai revelada por Jesus.
Contudo, nossa “justiça”, nosso cumprimento destes mandamentos deve ser superior ao dos escribas e fariseus. E como cumpriam os mandamentos estas personagens? Faziam-no apenas exteriormente, apegados à letra do texto, movidos pela busca orgulhosa de sua perfeição pessoal a fim de serem aprovados pelos demais. Jesus pede que “superemos” este modo de cumprimento, o que implica a adesão do coração ao que o Pai nos pede, realizando o espírito que dá sentido à letra dos mandamentos, deixando agir o Espírito Santo em nós e buscando agradar ao Pai que vê e está no segredo.
Concretamente, o que Jesus nos pede que vivamos para cumprir a vontade do Pai?
Þ O Senhor manda-nos amar o irmão, o membro de minha família e de minha comunidade, com um amor delicado, que não se irrita nem ofende, que busca sempre a reconciliação e a paz.
Þ O Senhor manda os esposos amar-se com um amor fiel e íntegro, sem lacunas nem enganos, nem na realidade, nem dos desejos.
Þ O Senhor manda-nos ser verazes e íntegros em nosso fala; que nossa vida honesta seja a melhor garantia de nossas palavras, e que fique longe de nós toda falsidade ou conveniência.
Se cumprir isto nos parece demasiado exigente e impossível de viver, não precisamos dar-nos por vencidos, mas pedir ao Espírito Santo o dom da sabedoria divina. Como diz são Paulo, somente o Espírito Santo pode fazer-nos participar da mente de Cristo e reconhecer nesta exigência de um amor delicado, fiel e veraz, a verdadeira sabedoria divina. E, uma vez recebido este dom de sabedoria para compreender e aceitar, peçamos também “a graça do Espírito de Amor para poder cumprir livremente a lei de Deus”. Efetivamente, Jesus apresenta-nos uma nova lei cuja novidade não está tanto na letra como no Espírito Santo que nos ajuda a vivê-la. Esta nova lei é “lei de amor, lei de graça e lei de liberdade”, segundo o Catecismo. Por isso, somente “o Espírito que é Amor” pode encher nossos corações, transformar nossas paixões para que amemos com um amor delicado, fiel e veraz.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Procuro cumprir os mandamentos de Deus?
2. Como trato meus irmãos? Já consegui viver o que Jesus pede?
3. Como olho para as pessoas do sexo oposto?
4. Como vivo a fidelidade em meu matrimônio ou em meus vínculos?
5. Aceito que necessito da graça e da força do Espírito Santo para cumprir com as exigências do Sermão da Montanha?
3. ORAÇÃO O que respondo ao Senhor que me fala no texto? |
Obrigado, Jesus, por me educares a cumprir a Vontade do Pai.
Faze com que eu não siga os mandamentos da boca para fora,
nem busque, ao cumpri-los, a aprovação das pessoas.
Quero amar os meu irmãos delicadamente, à tua maneira.
Que minha vida sempre seja regida pela honestidade
e que eu não tenha duplicidade no falar.
Apresento-te todos os esposos
para que se amem sem lacunas, integralmente.
Conto, contamos com a força de teu Espírito.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, que eu sabia, com a ajuda do teu Espírito, cumprir com liberdade a Vontade do Pai”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, proponho-me identificar se tenho lacunas em meus vínculos e pedirei a assistência do Espírito para poder dar passos concretos de reconciliação e de paz.
“Jesus não dá importância simplesmente à observância disciplinar e à conduta exterior.
Ele vai à raiz da Lei, apostando sobretudo na intenção e por conseguinte no coração humano,
onde têm origem as nossas ações boas e más”.
Papa Francisco
Dom Damián Nannini é bispo da Diocese de San Miguel (Argentina); licenciado em Sagrada Escritura pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma.