“Sou eu! Não tenham medo!”
8 de agosto de 2017Alguns gregos desejam ver a Jesus (JO 12,24-26)
10 de agosto de 2017“Jesus saiu dali e foi para a região que fica perto das cidades de Tiro e de Sidom. Certa mulher cananeia, que morava naquela terra, chegou perto dele e gritou:
— Senhor, Filho de Davi, tenha pena de mim! A minha filha está horrivelmente dominada por um demônio!
Mas Jesus não respondeu nada. Então os discípulos chegaram perto dele e disseram:
— Mande essa mulher embora, pois ela está vindo atrás de nós, fazendo muito barulho!
Jesus respondeu:
— Eu fui mandado somente para as ovelhas perdidas do povo de Israel.
Então ela veio, ajoelhou-se aos pés dele e disse:
— Senhor, me ajude!
Jesus disse:
— Não está certo tirar o pão dos filhos e jogá-lo para os cachorros.
— Sim, senhor, — respondeu a mulher — mas até mesmo os cachorrinhos comem as migalhas que caem debaixo da mesa dos seus donos.
— Mulher, você tem muita fé! — disse Jesus. — Que seja feito o que você quer!
E naquele momento a filha dela ficou curada.”
A graça que vamos pedir ao Pai na oração de hoje é a da abertura à novidade que vem pelo outro.
Jesus vai para fora dos limites de Israel, para a Fenícia, perto da cidade de Tiro. Até este momento, Jesus sente-se chamado apenas às “ovelhas perdidas da casa de Israel”. Acreditava-se, de fato, como pregou o profeta Isaías (Is 42,6), que Israel seria “luz das nações”.
No entanto, uma mulher desafia estes limites, leva Jesus a expandi-los já, com sua fé, humildade e presença de espírito. Contemplar a cena. “Certa mulher cananeia, que morava naquela terra, chegou perto dele e gritou: ‘Senhor, Filho de Davi, tenha pena de mim! A minha filha está horrivelmente dominada por um demônio!’” Contemplar colocando-me na cena e participando dela. Sou a mulher? A filha? Um dos discípulos? Jesus? Ver-me aí e ver as pessoas, ouvir o que dizem, observar o que fazem. Como a mulher aproxima-se de Jesus? Que gestos ela faz? Qual a sua feição? Como é sua voz quando faz o pedido a Ele? Os discípulos disseram: “ela está vindo atrás de nós, fazendo muito barulho!”
Jesus dá uma resposta que assusta os espíritos atuais politicamente corretos. É uma resposta fortemente marcada por sua cultura e pela crença do seu povo. De fato, os judeus chamavam os pagãos de “cachorros”.
A mulher não sai indignada, não bate de frente, mas humildemente acolhe o que Jesus diz a partir de sua cultura e a “implode”, desde dentro provoca uma expansão. “Sim, senhor, — respondeu a mulher — mas até mesmo os cachorrinhos comem as migalhas que caem debaixo da mesa dos seus donos.” É uma das mulheres da vida de Jesus que o ajudam a expandir-se. Chega ao nível de entendimento que faz com que ela possa participar do projeto de Jesus, simbolizado pela cura. E é elogiada por Jesus: “Mulher, você tem muita fé! — disse Jesus. — Que seja feito o que você quer!”
Peçamos ao Espírito que aumente a nossa fé e nos dê a mesma abertura de Jesus para deixar-nos expandir a partir da presença e provocação do outro, do diferente, e que sejamos também canais de expansão da fé, do amor, da justiça e da mentalidade para os demais.
Tania Pulier, assessora em espiritualidade, membro da CVX Cardoner e da Família Missionária Verbum Dei