“Deem ao Senhor a hora que ele merece; tragam uma oferta e entrem nos pátios do seu Templo.”
22 de outubro de 2017Capacitação Lectionautas na Paróquia São Geraldo, RJ.
23 de outubro de 2017
Evangelho – Lc 12,13-21
13Um homem que estava no meio da multidão disse a Jesus:
— Mestre, mande o meu irmão repartir comigo a herança que o nosso pai nos deixou.
14Jesus disse:
— Homem, quem me deu o direito de julgar ou de repartir propriedades entre vocês?
15E continuou, dizendo a todos:
— Prestem atenção! Tenham cuidado com todo tipo de avareza porque a verdadeira vida de uma pessoa não depende das coisas que ela tem, mesmo que sejam muitas.
16Então Jesus contou a seguinte parábola:
— As terras de um homem rico deram uma grande colheita.17Então ele começou a pensar: “Eu não tenho lugar para guardar toda esta colheita. O que é que vou fazer? 18Ah! Já sei! — disse para si mesmo. — Vou derrubar os meus depósitos de cereais e construir outros maiores ainda. Neles guardarei todas as minhas colheitas junto com tudo o que tenho. 19Então direi a mim mesmo: ‘Homem feliz! Você tem tudo de bom que precisa para muitos anos. Agora descanse, coma, beba e alegre-se.’ ” 20Mas Deus lhe disse: “Seu tolo! Esta noite você vai morrer; aí quem ficará com tudo o que você guardou?”
21Jesus concluiu:
— Isso é o que acontece com aqueles que juntam riquezas para si mesmos, mas para Deus não são ricos.
Iniciemos nossa oração de hoje, chamando a Trindade Santa para permanecer conosco ao longo desta semana que se inicia. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!
Garantir condições para uma vida confortável leva-nos a acumular bens. Questões importantes são levantadas a partir do evangelho de hoje: como lido com a necessidade de ser previdente? O homem citado por Jesus apresenta uma relação não saudável com o planejamento do futuro, pois se baseava no apego ao material como se este fosse capaz de promover sua felicidade. Ainda que sejam perguntas repetidas, vale a pena parar para pensar: como planejo o meu futuro? O que elejo como importante para alimentar a felicidade? Como vivo o meu presente?
O homem do evangelho, preocupado em “guardar para o futuro”, parece não ter se dado conta da imprevisibilidade da vida. Passou tempos ajuntando para o futuro, mas não viveu verdadeiramente bem o seu presente. No final das contas, não pôde aproveitar o que havia guardado. A avareza dele está não apenas na necessidade de acumular bens, mas também no adiamento da alegria, da vida plena. Ele não emprega palavras ligadas ao bem-estar físico no texto, mas usa o termo “felicidade” e abre espaço para pensarmos para além das questões materiais. Para ele, a realização estava no material. Entretanto felicidade não é algo que se encontra nos bens materiais. Sabemos bem disso?
Jesus hoje nos chama a avaliar: como temos planejado o futuro? e como estamos vivendo o agora?
É importante lembrar que não alcançamos a felicidade sozinhos. Ela é um “bem” que vale mais quanto mais distribuído for. Quanto mais contribuímos para a felicidade do outro, mais alegria sentimos. Assim também é quando compartilhamos o que temos. A alegria do homem citado por Jesus no evangelho de hoje teria sido bem mais completa se ele tivesse se lembrado dos muitos que não tinham nada com que se alimentar enquanto o celeiro dele nem comportava o que ele tinha.
Nesse sentido, aquilo que temos em excesso pode ser o que falta para o outro. Guarda-roupas abarrotados, alimentos desperdiçados são sinônimos de nossa avareza. Abraços que poderiam ser dados, declarações, frases sinceras e afetuosas que guardamos para usarmos só em situações especiais também são prova de avareza. Tudo isso nos leva a viver um dia a dia de felicidade gota a gota, enquanto poderíamos estar todos os dias (ou pelo menos na maioria deles) repletos de sorrisos e com o coração irradiando vida em abundância. Vivemos mais ou menos enquanto poderíamos estar mais perto do que é pleno.
Nossa tarefa para a semana: separarmos aquilo que temos guardado exageradamente e doarmos, de coração, para alguém que precise mais que nós (qualquer objeto ou bem que não seja necessário ou mesmo que não seja tão necessário) e vamos, em seguida, contar para Jesus o que sentimos com essa experiência. Vamos também dizer pelo menos uma frase afetiva que não temos coragem de dizer no dia a dia a alguém que amamos e guardemos no coração a sensação experimentada nesse momento. Acredito que, com isso, teremos momentos especiais nesta semana. E que assim seja! Não economizemos felicidade!
Ana Paula Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte