“Passando pelo meio deles, prosseguia seu caminho”
29 de fevereiro de 2016Praticar e ensinar (Mt 5,17-19)
2 de março de 2016Então Pedro chegou perto de Jesus e perguntou:
— Senhor, quantas vezes devo perdoar o meu irmão que peca contra mim? Sete vezes?
— Não! — respondeu Jesus. — Você não deve perdoar sete vezes, mas setenta e sete vezes. Porque o Reino do Céu é como um rei que resolveu fazer um acerto de contas com os seus empregados. Logo no começo trouxeram um que lhe devia milhões de moedas de prata. Mas o empregado não tinha dinheiro para pagar. Então, para pagar a dívida, o seu patrão, o rei, ordenou que fossem vendidos como escravos o empregado, a sua esposa e os seus filhos e que fosse vendido também tudo o que ele possuía. Mas o empregado se ajoelhou diante do patrão e pediu: “Tenha paciência comigo, e eu pagarei tudo ao senhor.”— O patrão teve pena dele, perdoou a dívida e deixou que ele fosse embora. O empregado saiu e encontrou um dos seus companheiros de trabalho que lhe devia cem moedas de prata. Ele pegou esse companheiro pelo pescoço e começou a sacudi-lo, dizendo: “Pague o que me deve!” — Então o seu companheiro se ajoelhou e pediu: “Tenha paciência comigo, e eu lhe pagarei tudo.”— Mas ele não concordou. Pelo contrário, mandou pôr o outro na cadeia até que pagasse a dívida. Quando os outros empregados viram o que havia acontecido, ficaram revoltados e foram contar tudo ao patrão. Aí o patrão chamou aquele empregado e disse: “Empregado miserável! Você me pediu, e por isso eu perdoei tudo o que você me devia. Portanto, você deveria ter pena do seu companheiro, como eu tive pena de você.”— O patrão ficou com muita raiva e mandou o empregado para a cadeia a fim de ser castigado até que pagasse toda a dívida.
E Jesus terminou, dizendo:
— É isso o que o meu Pai, que está no céu, vai fazer com vocês se cada um não perdoar sinceramente o seu irmão.
Começo a minha oração com a mesma postura de Pedro. Postura de diálogo, de abertura ao que o Senhor tem a dizer sobre assuntos específicos. Pedro pergunta a Jesus quantas vezes se deve perdoar. Começo a oração num desejo profundo de estabelecer diálogo com Deus para me tornar consciente do que eu espero de Deus e do que Deus espera de mim.
Pedro tem uma ideia de como deve exercitar o perdão. Mas Jesus propõe que ele vá além. Pedro propõe um número generoso, mas Jesus propõe um número ainda maior, indefinido. Jesus propõe a Pedro nada menos do que o Reino do Céu, ou o Reino de Deus. E para explicar como seria esse Reino, conta uma parábola.
Leio várias vezes a parábola. Com que personagem me identifico? Qual o trecho me chama mais atenção? O que esta parábola diz especificamente para a minha vida?
Diz a parábola que o criado tinha uma dívida enorme. Devia milhões de moedas de prata. E pede paciência ao patrão. Me chama a atenção o fato do criado pedir um prazo. O que diz da intenção dele de, um dia, fazer o pagamento. Não esperava a compaixão do patrão. Me identifico com isso. Estou sempre achando que posso merecer, que posso eu mesma consertar tudo, que posso sozinha salvar a tudo e a todos. Muitas vezes não conto com o Amor e a Misericórdia do Pai.
Fatalmente deixamos e deixaremos marcas nas vidas das pessoas. Marcas positivas e negativas. Pessoas deixam marcas em nossas vidas. Positivas e negativas. Do mesmo jeito que a dívida do criado era impossível de ser paga, as marcas deixadas são, muitas vezes, impossíveis de serem apagadas. E o único caminho saudável para conviver com essas marcas é o perdão. Perdão aos outros e perdão a nós mesmos.
“O patrão teve pena dele, perdoou a dívida e deixou que ele fosse embora”. Perdoar é deixar ir embora… E o deixar ir é mais libertador para quem perdoa do que para quem é perdoado. O criado tem a chance de se libertar, mas desperdiça. Como não confia na misericórdia do patrão, também não consegue ser misericordioso.
O Reino de Deus é pura misericórdia. Se quisermos começar a viver esse reino teremos que valorizar mais e exercitar mais esse sentimento.
Pollyanna Vieira – Familia Verbum Dei – BH-MG