Tempo de ser estrangeiro (Lc 4,24-30)
9 de março de 2015Tempo de plenificar a lei e a vida (Mt 5,17-19)
11 de março de 2015Mt 18, 21-35
Naquele tempo: Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: ‘Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?’ Jesus respondeu: ‘Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. Porque o Reino dos Céus é como um rei que resolveu acertar as contas com seus empregados. Quando começou o acerto, trouxeram-lhe um que lhe devia uma enorme fortuna. Como o empregado não tivesse com que pagar, o patrão mandou que fosse vendido como escravo, junto com a mulher e os filhos e tudo o que possuía, para que pagasse a dívida. O empregado, porém, caiu aos pés do patrão, e, prostrado, suplicava: `Dá-me um prazo! e eu te pagarei tudo’. Diante disso, o patrão teve compaixão, soltou o empregado e perdoou-lhe a dívida. Ao sair dali, aquele empregado encontrou um dos seus companheiros que lhe devia apenas cem moedas. Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo: `Paga o que me deves’. O companheiro, caindo aos seus pés, suplicava: `Dá-me um prazo! e eu te pagarei’. Mas o empregado não quis saber disso. Saiu e mandou jogá-lo na prisão, até que pagasse o que devia. Vendo o que havia acontecido, os outros empregados ficaram muito tristes, procuraram o patrão e lhe contaram tudo. Então o patrão mandou chamá-lo e lhe disse: `Empregado perverso, eu te perdoei toda a tua dívida, porque tu me suplicaste. Não devias tu também, ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?’ O patrão indignou-se e mandou entregar aquele empregado aos torturadores, até que pagasse toda a sua dívida. É assim que o meu Pai que está nos céus fará convosco, se cada um não perdoar de coração ao seu irmão.’
Pedro se dirige a Jesus com uma pergunta matemática: quantas vezes devo perdoar? Esse primeiro trecho já me chama a atenção. Me leva a examinar minha oração. Muitas vezes vou para a oração com perguntas “matemáticas”. Me dirijo a Jesus querendo respostas exatas. O que fazer? Como fazer? A quem? Para quem? Quantas vezes? E já neste início, Jesus me convida a mais! Expanda seu coração! Receba da oração o que ela tiver pra te dar, de coração aberto. Acolha com generosidade o que Deus quer dar a você com generosidade!
Vou lendo a passagem, deixando que a palavra que mais me tocou ressoe em meu coração… Me abrindo para receber o novo… Depois de ler várias vezes, o trecho que mais me toca é o seguinte: Vendo o que havia acontecido, os outros empregados ficaram muito tristes, procuraram o patrão e lhe contaram tudo. Por quê? O que há de especial nesse trecho que faz com que ele me toque, me emocione, deseje falar sobre ele?
Me comove a sensibilidade dos outros empregados ao acontecido. Não simplesmente acusaram o empregado. Não condenaram, não julgaram, não quiseram fazer justiça com as próprias mãos. Se deixaram envolver pela situação! E depois de se deixarem afetar, de ter suas vidas implicadas no fato (ficaram muito tristes), fizeram o que achavam que era correto (procuraram o patrão e lhe contaram tudo). Sentiram junto e, depois, procuraram quem tinha autoridade e responsabilidade para agir.
Esse trecho me chama a atenção porque aponta para a intolerância que há em mim. Por quem tenho me entristecido? Consigo me entristecer com as dores dos outros, ou estou apenas preocupada em encontrar culpados para as minhas próprias dores? Os empregados não tinham sido diretamente afetados, pessoalmente afetados, mas se entristeceram. Talvez pela prisão do devedor, talvez pela miséria do criado perverso, que foi incapaz de agir com a mesma misericórdia com que foi tratado.
Esse tempo de Quaresma que estamos vivendo é propício para o perdão. Para me perdoar, para dar o perdão a outros, para pedir perdão. Tempo de ser tão generosa com o outro quanto desejo que sejam comigo. Setenta vezes sete… Tempo de exercitar a tolerância e a paciência, tão raras em nossos dias…
Pollyanna Viera – Família Missionária Verbum Dei – BH -MG