“Eis o meu servo…”
18 de julho de 2015O sinal
20 de julho de 2015LECTIO DIVINA
16º Domingo do Tempo Comum – Ano B
Domingo, 19 de julho de 2015
“Mostra-nos, ó Senhor Deus, o teu amor
e dá-nos a tua salvação!”
Salmo 85.8
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Ó divino amor,
ó laço sagrado que unes o Pai e o Filho!
Espírito Todo-poderoso, consolador dos aflitos!
Envia teu doce orvalho a esta terra deserta,
para transformar sua imensa aridez.
Envia os raios celestiais de teu amor
até o fundo mais misterioso do homem interior,
a fim de que habitando nele, acendam o vivíssimo fogo
que consome toda debilidade e toda decadência.
Vem, ó Espírito Santo! Vem e tem misericórdia de mim.
Dispõe de tal modo minha alma e tolera minha debilidade com tanta doçura,
que minha pequenez encontre graça diante de tua grandeza infinita…
Amém.[1]
TEXTO BÍBLICO: Marcos 6.30-34
Jesus alimenta uma multidão
Mateus 1413-21; Lucas 9.10-17; João 6,1-14
30Os apóstolos voltaram e contaram a Jesus tudo o que tinham feito e ensinado. 31Havia ali tanta gente, chegando e saindo, que Jesus e os apóstolos não tinham tempo nem para comer. Então ele lhes disse:
— Venham! Vamos sozinhos para um lugar deserto a fim de descansarmos um pouco.
32Então foram sozinhos de barco para um lugar deserto. 33Porém muitas pessoas os viram sair e os reconheceram. De todos os povoados, muitos correram pela margem e chegaram lá antes deles. 34Quando Jesus desceu do barco, viu a multidão e teve pena daquela gente porque pareciam ovelhas sem pastor. E começou a ensinar muitas coisas.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Mestre Geraldo Garcia Helder[2]
ü Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
Você pode indicar todos os verbos de movimento que aparecem? O que os apóstolos contam a Jesus? A que Jesus os convida? Por quê? Como podemos imaginar a atividade de Jesus e de seus discípulos? O que sente Jesus ao ver a multidão? Por que sente isso?
Algumas pistas para compreender o texto:
Marcos, que já nos havia narrado a escolha dos Doze discípulos (3.13-19) e o envio deles como missionários (6.7-13), “com autoridade sobre os espíritos impuros”, interrompeu o relato com a notícia do martírio do Batista (vv. 14-19); na passagem que agora analisamos, retoma a narrativa cortada no v. 13 e nos conta o regresso dos apóstolos.
Chama a atenção o fato de que, semelhantemente à de Jesus, a atuação de seus discípulos-missionários se realiza mediante obras e palavras que demonstram que “Chegou a hora, e o Reino de Deus está perto. [Por isso, convida-se a que todos] se arrependam dos seus pecados e creiam no evangelho” (1.15).
A atividade do Mestre e de seus discípulos era tanta, “que Jesus e os apóstolos não tinham tempo nem para comer” (v.21; veja-se também 3.20). O desejo de ir “sozinhos para um lugar deserto a fim de descansar um pouco” (v. 31) mostra que não são uns ativistas quaisquer, mas que seu dinamismo tem como motor a necessidade das multidões que “pareciam ovelhas sem pastor” (v. 34).
No versículo 30 se dá os discípulos o qualificativo de “apóstolos” (do verbo grego apostello: enviar): é a única vez em que Marcos chama assim os Doze; talvez seja para diferenciá-los dos discípulos ou “seguidores” de João, pois não consta que tenham sido enviados a fazer o mesmo que seu mestre.
Jesus sentiu compaixão ao ver a multidão que estava a aguardá-la à margem (v. 34). O verbo grego que se usa aqui (splagnizomai) é muito expressivo: literalmente, seria algo assim como “as entranhas se comovem” (splagnon significa o mais íntimo, as entranhas; hoje diríamos “o coração”). Marcos usa este verbo outras duas vezes (1.41; 8.2) para referir os sentimentos de Cristo diante do sofrimento alheio, e outra vez o coloca nos lábios do pai de um jovem possesso: “Mas, se o senhor pode, então nos ajude. Tenha pena de nós!” (9.22). Talvez possa ser útil ver o uso que Mateus (9.36; 14,13; 15,32; 18,27; 20,34) e Lucas (7,13; 10,33; 15,20) fazem deste verbo.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
Este evangelho mostra como Jesus foi a resposta concreta para seu povo, e hoje quer continuar a ser a resposta concreta para nós. Assim como procurou um momento de intimidade e de tranquilidade com seus discípulos, também o busca conosco: o Senhor quer levar-nos a descansar, a estar sozinhos em sua presença, pois em nosso mundo juvenil, há excesso de informação, muito barulho, e em meio a tudo isso, nasce o desespero de muitos que vivem à procura de aceitação ou de alguém que lhes escute as inquietudes. Às vezes, devido a nossas responsabilidades, não conseguimos prestar a atenção necessária a todos a quem gostaríamos de fazê-lo; nós mesmos temos pensado: “Ninguém se importa comigo”, “ninguém tem tempo para mim”. Nesses momentos é que Jesus mostra sua misericórdia e vem à nossa procura.
Jesus sempre está à nossa disposição, a fim de dar-nos toda a atenção, afeto e amor que ele nos tem. De igual modo, quando olhamos para fora de nossa própria realidade e conhecemos outras situações, de nosso coração nascem sentimentos de solidariedade, o que nos leva a ajudar aos que mais precisam e a fazer um mundo melhor do que aquele que encontramos ao chegar à vida: é disso que se trata quando se fala de sentir a dor dos outros; é a mesma compaixão que Jesus sentiu.
Com esta mesma intenção, são João Paulo II fazia-nos refletir com estas palavras:
“Para vós, jovens cristãos, esta motivação de fundo, capaz de transformar as vossas ações, é a vossa fé em Cristo. Ela ensina-vos que vale a pena trabalhar por uma sociedade mais justa; que vale a pena defender o inocente, o oprimido, o pobre; que vale a pena sofrer para atenuar o sofrimento dos outros; que vale a pena dignificar cada vez mais o homem irmão.
“Vale a pena porque este homem não é o pobre ser que vive, sofre, se alegra, é explorado e acaba a própria vida com a morte; mas é um ser à imagem de Deus, chamado à amizade eterna com Ele: um ser que Deus ama e quer que seja amado”.[3]
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Tenho buscado a Jesus quando não sei aonde ir? Senti que meu coração se comoveu com a situação especial de alguém? Tenho feito coisas para os outros possam encontrar Jesus em mim?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Senhor Jesus Cristo,
Tu que mostraste compaixão
pelos que estavam perdidos,
concede-nos a Graça
de repousar em ti
e dá-nos um coração
sensível como o teu.[4]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Jesus, que o mundo não me distraia de ti e dos irmãos que sofrem.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Convidarei minha família a oferecer a Eucaristia por outra família que esteja em situação difícil.
“Deus ainda ama o mundo e nos envia – a você e a mim – para que sejamos seu amor
e sua compaixão pelos pobres”.
Beata Madre Teresa de Calcutá
[1] Tirado de Meditações de Santo Agostinho, Capítulo IX.
[2] Mestre em Sagrada Escritura (ISEDET), Secretário Executivo do Departamento de Pastoral Bíblica da Conferência Episcopal Argentina. Coordenador Zonal do Cone Sul (Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai) da Federação Bíblica Católica (FEBIC).
[3] Discurso de João Paulo II aos Jovens – San José de Costa Rica, 3 de março de 1983 (http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/1983/march/documents/hf_jp-ii_spe_19830303_giovani.html).
[4] Tirado da Oração final das Laudes (14 de julho de 2015).