Alma (Mt 10, 24-33)
11 de julho de 2015“Não vim trazer a paz”
13 de julho de 2015LECTIO DIVINA
15º Domingo do Tempo Comum – Ano B
Domingo, 12 de julho de 2015
“Mostra-nos, ó Senhor Deus, o teu amor
e dá-nos a tua salvação!”
Salmo 85.8
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Ó divino amor,
ó laço sagrado que unes o Pai e o Filho!
Espírito Todo-poderoso, consolador dos aflitos!
Envia teu doce orvalho a esta terra deserta,
para transformar sua imensa aridez.
Envia os raios celestiais de teu amor
até o fundo mais misterioso do homem interior,
a fim de que habitando nele, acendam o vivíssimo fogo
que consome toda debilidade e toda decadência.
Vem, ó Espírito Santo! Vem e tem misericórdia de mim.
Dispõe de tal modo minha alma e tolera minha debilidade com tanta doçura,
que minha pequenez encontre graça diante de tua grandeza infinita…
Amém.[1]
TEXTO BÍBLICO: Marcos 6.7-13
A missão dos doze discípulos
Mateus 10.5-15; Lucas 9.1-6
Jesus ensinava nos povoados que havia perto dali. 7Ele chamou os doze discípulos e os enviou dois a dois, dando-lhes autoridade para expulsar espíritos maus. 8Deu ordem para não levarem nada na viagem, somente uma bengala para se apoiar. Não deviam levar comida, nem sacola, nem dinheiro. 9Deviam calçar sandálias e não levar nem uma túnica a mais. 7Disse ainda:
— Quando vocês entrarem numa cidade, fiquem hospedados na casa em que forem recebidos até saírem daquela cidade. 11Mas, se em algum lugar as pessoas não quiserem recebê-los, nem ouvi-los, vão embora. E na saída sacudam o pó das suas sandálias, como sinal de protesto contra aquela gente.
12Então os discípulos foram e anunciaram que todos deviam se arrepender dos seus pecados. 13Eles expulsavam muitos demônios e curavam muitos doentes, pondo azeite na cabeça deles.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Mestre Geraldo Garcia Helder[2]
ü Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
De quem se fala nesta passagem? Você pode identificar os verbos? O que Jesus ordena? Até quando os discípulos devem ficar em uma casa? O que fazem os discípulos? Qual são os resultados de suas ações?
Algumas pistas para compreender o texto:
O Evangelho segundo Marcos nos narra de forma independente a escolha dos Doze (3.13-19) e seu envio missionário. Entre um e outro relatos, o narrador apresenta Jesus que começa a ensinar em parábolas e que é rejeitado pelos mestres da lei (3.22) e incompreendido por seus próprios familiares (3.21,31-35)e conterrâneos (6.3).
O caminhar “dois a dois” era um costume semita do qual existem testemunhos no Antigo Testamento. João Batista fazia assim com seus discípulos (veja Lucas 7.18 e João 1.37) e tal usança se consolidou com o cristianismo nascente (veja Lucas 10.1; 24.13), principalmente como prática pastoral (veja Atos 1.13; 3.1; 4.1; 8.14; 11.30; 12.25; 13.2; 15.39-40). Entre os judeus não se dava crédito ao testemunho de uma única pessoa, mas se exigia um mínimo de duas testemunhas para se levar em conta o que era dito (veja Números 35.30; Deuteronômio 17.6); o fato de Jesus enviar os discípulos dois a dois poderia estar ligado a isso: não quer que a mensagem seja desprezada devido a uma estratégia incorreta.
Marcos não especifica os lugares aonde devem ir (ou não ir) e o que devem fazer os enviados e testemunhas de Cristo; no entanto, dá normas precisas sobre o modo segundo o qual deve proceder o missionário. Que tais normas não devam ser tomadas ao pé da letra, indica-o o fato de que os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas (sinóticos) diferem enunciando-as em ordem diversa (comparar com Mateus 10.5-15 e Lucas 9.1-16); da parte dos evangelistas, aquilo com que sempre se deve ter estrito cuidado é com o espírito destas leis, o qual indica que todo discípulo/a missionário/a de Jesus deve dar testemunho de seu Mestre na pobreza, no desprendimento e na confiança na Providência.
Não seria raro que os discípulos tivessem a mesma sorte que o mestre, e que “em algum lugar as pessoas não quisessem recebê-los”. Neste caso, devem partir sacudindo o pó dos pés, como faziam os judeus a cada vez que voltavam para a Terra Santa, depois de andar por territórios pagãos.
Esse retorno a Deus, de que fala o texto, é a conversão (metanoia, em grego), a mudança na forma de pensar e de sentir exigidas pela boa-nova de um Deus terno e compassivo, proclamado por Jesus com seus gestos e palavras.
A cura dos enfermos não é algo mágico, provocado pelo uso de um óleo especial, mas a consequência da fé no poder do Senhor, transferido a seus enviados.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
Neste domingo, o Evangelho propõe-nos novamente o chamado, o envio e a missão, uma circunstância que são somente acontece uma vez, mas, ao contrário, renova-se em cada tempo de nossa vida, mais ainda para aqueles que servimos dentro de nossa Igreja.
Quando Jesus chama, imediatamente envia em missão e deixa claro que seu poder está conosco, pois nos deu a “autoridade sobre os espíritos”. Nossas comunidades precisam de pessoas com essa autoridade para vencer o conformismo, a estagnação. O Mestre pede que nos arrisquemos, vencendo o desânimo que nos infundem os espíritos adormecidos e medrosos dos membros de nossas comunidades. Perante atitudes que bloqueiam a acolhida da boa-nova, deveríamos tomar uma atitude positiva, sem queixa nem ressentimento, que nos leve a continuar a tarefa evangelizadora. O aparente fracasso na missão é sempre o começo de uma nova experiência de graça.
O relato continua dizendo: “Então os discípulos foram…”. Podemos observar a atualidade do Evangelho com as palavras de nosso Papa Francisco, que nos enviou a ir às periferias, a não bloquear-nos, e chama-nos à renovação de nossa missão: “Uma Igreja que não sai, no curto ou no longo prazo, adoece na atmosfera viciada de seu fechamento. É verdade também que a uma Igreja que sai pode acontecer o que acontece com qualquer pessoa que sai à rua: sofrer um acidente. Diante desta alternativa, quero dizer-lhes francamente que prefiro mil vezes uma Igreja acidentada a uma Igreja doente”.[3]
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Tenho saído para uma missão concreta e me senti guiado por Jesus? Tenho uma atitude missionária? Estou consciente de que o Senhor me envia para evangelizar, vencendo todas as dificuldades? Quero fazer parte de uma Igreja a caminho ou de uma igreja estancada?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Senhor Jesus Cristo,
Caminho, Verdade e Vida,
rosto humano de Deus
e rosto divino do homem,
acende em nossos corações
o amor ao Pai que está no céu
e a alegria de ser cristãos.
Vem ao nosso encontro
e guia nossos passos
para seguir-te e amar-te
na comunhão de tua Igreja,
celebrando e vivendo
o dom da Eucaristia,
carregando nossa cruz,
e impelidos por teu envio.[4]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Jesus, aceito a autoridade que me dás para fazer com que outros jovens voltem para ti.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Convide sua comunidade ou grupo de jovens a realizar uma atividade missionária.
“Se você prega Jesus, Ele abranda os corações e abranda as ásperas tentações.
Se você pensa nele, ele domina seu coração. Se você o lê, ele sacia sua mente”.
São Francisco Xavier
[1] Tirado de Meditações de Santo Agostinho, Capítulo IX.
[2] Mestre em Sagrada Escritura (ISEDET), Secretário Executivo do Departamento de Pastoral Bíblica da Conferência Episcopal Argentina. Coordenador Zonal do Cone Sul (Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai) da Federação Bíblica Católica (FEBIC).
[3] Carta del Papa Francisco a la 105 Asamblea Plenaria de la Conferencia Episcopal Argentina – 2013
[4] Tirado da Oração da Grande Misão Continental – Bento XVI – Aparecida.