O Pai de verdade…
22 de outubro de 2016Cura no sábado.
24 de outubro de 2016“Eu o louvarei por causa das coisas que ele tem feito;
os que são perseguidos ouvirão isso e se alegrarão”.
Sl 34.2
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Vinde, Espírito Criador,
visitai as almas dos vossos fiéis
e enchei da graça divina
os corações que criastes!
Vós sois o nosso Consolador,
dom do Deus Altíssimo,
fonte viva, fogo, caridade,
e unção espiritual.
Vós derramais sobre nós os sete dons,
Vós, o dedo da mão de Deus,
Vós o prometido do Pai,
Vós que pondes nos nossos lábios o tesouro da vossa palavra.
Acendei com a vossa luz a nossa inteligência,
infundi o vosso amor nos nossos corações,
e com o vosso perpétuo auxílio,
fortalecei a nossa débil carne.
Afastai de nós o inimigo,
dai-nos prontamente a paz,
sede vós próprio o guia,
e seguindo vossos caminhos,
evitaremos todo o mal.
TEXTO BÍBLICO: Lucas 18.9-14
O fariseu e o cobrador de impostos
9Jesus também contou esta parábola para os que achavam que eram muito bons e desprezavam os outros:
10 — Dois homens foram ao Templo para orar. Um era fariseu, e o outro, cobrador de impostos. 11O fariseu ficou de pé e orou sozinho, assim: “Ó Deus, eu te agradeço porque não sou avarento, nem desonesto, nem imoral como as outras pessoas. Agradeço-te também porque não sou como este cobrador de impostos. 12Jejuo duas vezes por semana e te dou a décima parte de tudo o que ganho.”
13 — Mas o cobrador de impostos ficou de longe e nem levantava o rosto para o céu. Batia no peito e dizia: “Ó Deus, tem pena de mim, pois sou pecador!”
14E Jesus terminou, dizendo:
— Eu afirmo a vocês que foi este homem, e não o outro, que voltou para casa em paz com Deus. Porque quem se engrandece será humilhado, e quem se humilha será engrandecido.
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
Para que Jesus contou a parábola? Quem eram as personagens da parábola? Como cada um rezava? Quem voltou para casa em paz com Deus? O que acontece com quem engrandece a si mesmo e com aquele que se humilha?
Algumas pistas para compreender o texto:
Dando continuidade ao texto do domingo passado, em que Jesus ensinava a respeito da necessidade de perseverar na oração (18.1-8), a parábola de agora concentra-se nas diversas atitudes diante de Deus.
Podemos descobrir três partes no texto: na introdução (v. 9), apresenta-se o motivo por que Jesus conta a parábola; em seguida, vem a parábola propriamente dita (vv. 10-13) e, finalmente, o v. 14 traz a conclusão e um dito que apresenta o ensinamento geral.
Das duas personagens da parábola se apresenta, de algum modo, uma caricatura. Os fariseus eram um grupo de homens piedosos, conhecedores e cumpridores da lei, muito rígidos na observância dos preceitos, inclusive dos menores. Até aqui, a descrição é bastante positiva, mas o grande conflito que tiveram com Jesus foi porque eles pensavam que, se cumprissem os preceitos da Lei, então já seriam bons e justos diante de Deus. Daí, quando Jesus veio a oferecer-lhes a bondade e a misericórdia salvadora do Pai, não as aceitaram, pois achavam que delas não precisavam por já se considerarem justos.
Os publicanos, ou seja, os cobradores de impostos para Roma, pertenciam ao grupo de profissões desprezadas, porque não somente colaboravam com Roma, que era a potência que ocupava o território e tirava a riqueza do povo, mas também porque do que cobravam, tiravam também proveito para si, e muitas vezes esse ganho era excessivo para os pequenos produtores.
Os dois vão ao templo para rezar: o fariseu dá graças – o que é bom –, mas imediatamente cai na tentação de sentir-se melhor do que os outros – particularmente melhor do que o publicano – e, por isso, despreza-o. O publicano, por sua vez, permanece a distância – o que indica a consciência que tem de ser pobre e pecador – e reza pedindo compaixão.
Por fim, Jesus avalia o fruto da oração de cada um deles e diz: “Eu afirmo a vocês que foi este homem, e não o outro, que voltou para casa em paz com Deus” (v. 14). Este retornar “em paz com Deus” indica se a pessoa está ou não de acordo com o plano salvador de Deus. O fariseu quer justificar-se a si mesmo através das coisas que faz, e pensa que seus méritos o tornam superior aos demais, que são pecadores. O publicano, por seu turno, reconhece com humildade sua condição e pede, e se abre à misericórdia que salva.
Naturalmente, esta parábola, ao criticar o fariseu, não está dizendo que não é preciso cumprir os mandamentos; ao elogiar o publicano, não ensina que se deve ser injusto e aproveitar-se dos outros. A chave está em que atitude cada um tem diante de Deus.
Se fazemos coisas boas, é bom e necessário agradecer a Deus; no entanto, como o publicano, é preciso também que reconheçamos que, diante de Deus, somos principalmente pequenos e carentes, e que Deus se compraz com ser Pai Misericordioso, que atende a nossas necessidades e nos levanta. Por isso, Jesus termina dizendo: “Porque quem se engrandece será humilhado, e quem se humilha será engrandecido”.
O que o Senhor me diz no texto?
Os publicanos e fariseus tinham suas diferenças no agir e se criticavam mutuamente, tanto que Jesus os toma como referência para seu ensinamento. Ao escutar o texto, certamente nos identificamos com o publicano e começamos a procurar quem colocaríamos no lugar do fariseu. Julgamos e continuamos com a consciência tranquila porque acreditamos que agimos bem. Contudo, teríamos de aceitar que na maioria das vezes somos como os fariseus, que não se dão conta de que ofendem a Deus com sua falta de humildade, apesar do perfeito cumprimento da Lei. Eis aí nossa fraqueza. A humildade é um caminho que é preciso percorrer com a cabeça baixa diante de Deus e dos irmãos, em constante espera de sua misericórdia. Acreditar ser uma pessoa humilde é, na realidade, a primeira indicação para saber que não é.
O Papa Bento XVI partilha conosco a seguinte reflexão: “Por isso, refere-se diretamente a nós a parábola do fariseu e do publicano, narrada por Jesus e citada pelo Evangelista São Lucas (cf. 18.9-14). Também nós poderíamos ser tentados, como o fariseu, a recordar a Deus os nossos méritos, talvez pensando no compromisso destes dias. Mas, para subir ao Céu, a oração deve partir de um coração humilde, pobre. E portanto também nós, no final deste acontecimento eclesial, queremos antes de tudo dar graças a Deus, não pelos nossos méritos, mas pelo dom que Ele nos concedeu. Reconheçamo-nos pequenos e necessitados de salvação e de misericórdia; reconheçamos que tudo provém dele e que só com a sua Graça se realizará aquilo que o Espírito Santo nos disse. Só assim poderemos «voltar para casa» verdadeiramente enriquecidos, mais justos e mais capazes de trilhar os caminhos do Senhor.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
A oração é fundamental em minha vida de fé? Deus é o centro de minha oração, ou sou eu mesmo? Aproximo-me para dar graças e também com arrependimento de minhas faltas? Minha oração comunitária é uma fala para Deus ou para os que me escutam?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Tu, Jesus humilde,
nunca me disseste:
humilha-te diante de mim,
abaixa a cabeça,
dobra o coração, a vida,
e espalha sobre teu rosto
luto e cinzas.
Tu me propões:
levanta o olhar
e acolhe a dignidade de filho
em toda a tua estatura.
Humilha-te comigo
e vive em plenitude.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Ó Deus, tem compaixão de mim, que sou pecador!
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Toda vez que à minha mente chegar um pensamento no qual avalio a conduta dos outros diante de Deus, farei uma oração pessoal de arrependimento.
“A soberba faz a própria vontade; a humildade faz a vontade de Deus.”
Santo Agostinho