Qual terreno sou? (Lucas 8,4-15)
17 de setembro de 2016Luz que irradia
19 de setembro de 2016“O Senhor governa todas as nações;
a sua glória está acima dos céus.”
Sl 113.4
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo,
ensina-nos,
orienta nossas comunidades
a viver de acordo com os passos de Jesus.
Mostra-nos
como tornar presentes hoje
os valores e as opções
do Reino de Jesus.
Espírito Santo,
Espírito de Jesus,
mostra-nos o rosto do Pai,
a fim de que,
voltados para Ele,
busquemos servir
a seu projeto
na justiça
e na vida para todos.
TEXTO BÍBLICO: Lucas 16.1-13
A parábola do administrador desonesto
1Jesus disse aos seus discípulos:
— Havia um homem rico que tinha um administrador que cuidava dos seus bens. Foram dizer a esse homem que o administrador estava desperdiçando o dinheiro dele. 2Por isso ele o chamou e disse: “Eu andei ouvindo umas coisas a respeito de você. Agora preste contas da sua administração porque você não pode mais continuar como meu administrador.”
3 — Aí o administrador pensou: “O patrão está me despedindo. E, agora, o que é que eu vou fazer? Não tenho forças para cavar a terra e tenho vergonha de pedir esmola. 4Ah! Já sei o que vou fazer… Assim, quando for mandado embora, terei amigos que me receberão nas suas casas.”
5 — Então ele chamou todos os devedores do patrão e perguntou para o primeiro: “Quanto é que você está devendo para o meu patrão?”
6 — “Cem barris de azeite!” — respondeu ele.
O administrador disse:
— “Aqui está a sua conta. Sente-se e escreva cinquenta.”
7 — Para o outro ele perguntou: “E você, quanto está devendo?”
— “Mil medidas de trigo!” — respondeu ele.
— “Escreva oitocentas!” — mandou o administrador.
8 — E o patrão desse administrador desonesto o elogiou pela sua esperteza.
E Jesus continuou:
— As pessoas deste mundo são muito mais espertas nos seus negócios do que as pessoas que pertencem à luz. 9Por isso eu digo a vocês: usem as riquezas deste mundo para conseguir amigos a fim de que, quando as riquezas faltarem, eles recebam vocês no lar eterno. 10Quem é fiel nas coisas pequenas também será nas grandes; e quem é desonesto nas coisas pequenas também será nas grandes. 11Pois, se vocês não forem honestos com as riquezas deste mundo, quem vai pôr vocês para tomar conta das riquezas verdadeiras? 12E, se não forem honestos com o que é dos outros, quem lhes dará o que é de vocês?
13 — Um escravo não pode servir a dois donos ao mesmo tempo, pois vai rejeitar um e preferir o outro; ou será fiel a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e também servir ao dinheiro.
1. LEITURA
Que diz o texto?
P. José Manuel Delgado
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
A quem Jesus contou outra parábola? O que foi dito ao homem rico a respeito de seu administrador? O que fez o administrador para ter quem o recebesse em sua casa? O que o patrão reconheceu? Que conselhos Jesus deu a propósito da parábola? O que acontece com quem se comporta honestamente no pouco? Por que não se pode servir a dois donos?
Algumas pistas para compreender o texto:
O Evangelho deste domingo trata ao mesmo tempo de dois temas importantes para São Lucas: em primeiro lugar, a necessidade de que os crentes acordem e sejam sadiamente audazes no esforço por alcançar a vida eterna. Em segundo lugar, o Evangelho convida-nos uma vez mais a lembrar que as riquezas são um perigo, pois é muito fácil entregar-lhes o coração e findar por servi-las em vez de servir a Deus.
Para compreender melhor este texto, vamos dividi-lo em duas partes: primeiramente, a parábola do administrador esperto (vv. 1-8) e, em segundo lugar, as lições de vida que Jesus dá a seus ouvintes a partir do tema apresentado na parábola.
1. O administrador esperto
A parábola mostra a história de um homem rico cujo administrador estava desperdiçando seu dinheiro. Irritado, o patrão despede o administrador, o qual consegue salvar-se agindo de maneira pouco comum:
• Compreende sua situação com clareza: dá-se conta de que não tem como ganhar a vida, pois não sabe trabalhar no campo e sente vergonha de pedir esmola (v. 3).
• Encontra uma solução tão genial quanto desonesta: visita todos aqueles que devem a seu patrão, e aproveitando o pouco tempo que lhe resta como administrador, reduz de modo impressionante a dívida deles, chegando a “perdoar” a alguns até cinquenta por cento da dívida! Desse modo, o administrador assegurou-se de que muitas pessoas ficassem em dívida com ele, a ponto de não precisar trabalhar nunca mais, pois podia ser sempre recebido como hóspede na casa delas (vv. 4-7).
Contudo, o mais interessante da parábola é o final. Quando todos esperavam que Jesus reprovasse a atitude do administrador, ou, pelo menos, levasse em conta a irritação do patrão, o relato termina por dizer que este último teve de reconhecer que seu administrador havia agido com inteligência. Todos deverão ter ficado admirados, e precisamente a partir desse “efeito surpresa” em seus ouvintes, Jesus explica a mensagem de sua parábola: “As pessoas deste mundo são muito mais espertas nos seus negócios do que as pessoas que pertencem à luz” (v. 8). O que o Senhor quer ensinar-nos é que se os cristãos fôssemos tão audazes no bem como o são os que pertencem ao mundo, seríamos todos santos!
2. As lições de vida
A partir desta parábola, Jesus apresenta-nos três lições de vida:
• Lição nº 1 (v. 9): com as riquezas, que são sempre injustas, é preciso “conseguir amigos”, ou seja não usá-las para si mesmo, mas para partilhar com os mais necessitados e para a expansão do Evangelho. Assim, teremos amigos que nos receberão no céu. De acordo com alguns estudiosos, podemos ver nesses amigos o próprio Deus na companhia dos santos.
• Lição nº 2 (vv. 10-12): se você for honesto e fiel no pouco, ou seja, nas coisas materiais, você o será nas riquezas verdadeiramente importantes: as coisas do céu. Por outro lado, se você usar o dinheiro não como meio para fazer o bem, mas como um fim em si mesmo, com certeza não entenderá jamais as graças de Deus e, portanto, não poderá recebê-las.
• Lição nº 3 (v. 13): é o resumo de todas as anteriores. Não se pode servir a dois donos. Não se pode servir a Deus e ao dinheiro. Ter dois donos significaria escutar e obedecer a duas ordens contraditórias ao mesmo tempo. Se compreendêssemos isso, não tentaríamos tornar o amor de Deus compatível com a avareza que nos leva a querer sempre mais e mais dinheiro, o que é uma verdadeira idolatria (cf. Cl 3.5).
Jesus ensina-nos que nossa vida cristã é autêntica somente se deixarmos que Jesus reine sobre nosso dinheiro, sobre nossos bens materiais. Lamentavelmente, em muitas ocasiões permitimos que o Evangelho chegue a vários espaços de nossa vida, mas não o deixamos “tocar em nossos bolsos”. Por essa razão, devemos repetir uma e outra vez, na primeira pessoa e em oração, a advertência de Jesus: “Não posso servir a Deus e também servir ao dinheiro”.
O que o Senhor me diz no texto?
No marco do Ano da Misericórdia, o Evangelho de Lucas convida-nos a refletir sobre nossas atitudes talvez espertas para o mundo, mas injustas para com nossos irmãos. Devemos rever nossas prioridades e decidir o que queremos ganhar: a vida eterna ou uma vida terrena passageira? E a que preço atingiremos nosso objetivo? Devemos ser suficientemente sábios para colocar a serviço de Deus e de sua Igreja a criatividade, as riquezas e, de modo geral, os dons que o Senhor nos concedeu.
O Papa Bento XVI acompanha-nos nesta reflexão com as seguintes palavras: “Na realidade, trata-se da decisão entre o egoísmo e o amor, entre a justiça e a desonestidade, ou seja, entre Deus e Satanás. Se amar Cristo e os irmãos não é considerado como uma espécie de acessório e superficial, mas antes como a finalidade verdadeira e última de toda a nossa existência, é preciso saber fazer opções básicas, estar dispostos a renúncias radicais, e se necessário ao martírio. Hoje, como ontem, a vida do cristão exige a coragem de ir contra a corrente, de amar como Jesus, que chegou ao sacrifício de si na cruz.
“Podemos então dizer, parafraseando uma consideração de Santo Agostinho, que por meio das riquezas terrenas devemos conquistar as verdadeiras e eternas: de facto, se há quem está pronto a qualquer tipo de desonestidade para se garantir um bem-estar material sempre aleatório, muito mais nós cristãos nos devemos preocupar por prover à nossa felicidade eterna com os bens desta terra.
“Mas, a única maneira de fazer frutificar para a eternidade os nossos talentos e capacidades pessoais assim como as riquezas que possuímos é partilhá-las com os irmãos, mostrando-nos deste modo bons administradores de quanto Deus nos confia”.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Que faço quando tenho a tentação de agir desonestamente com a desculpa de fazê-lo por uma “boa” causa? Tenho um guia espiritual que me ajude a discernir tais situações? A que senhor estou servindo com minhas atitudes?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Nós te adoramos, Senhor Deus: não nos deixes nas mãos de outros deuses!
Nós te adoramos, Senhor Deus: não nos deixes em uma vida sem sentido!
Ó Deus, dá-nos um coração puro e limpo, capaz de admirar o belo.
Ó Deus, dá-nos um coração sem máscaras, desnudo, sem artificialidades.
Ó Deus, dá-nos um coração transparente, verdadeiro, sincero.
Ó Deus, dá-nos um coração que sempre jogue limpo, diante de ti e dos homens.
Senhor Deus, dá-nos saber compreender que não podemos servir a dois senhores:
que nosso coração está em jogo diante de ti e diante do dinheiro;
que é impossível partilhá-lo com os dois ao mesmo tempo.
Sê o único Senhor de nossas vida: nós te adoramos, nossa vida te pertence!
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Servirei somente a ti, Senhor Jesus.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, avaliarei como estou investindo meu dinheiro. Para identificar a quantos senhores estou a servir, perguntar-me-ei: quanto tempo invisto nas obras de Deus e quanto nas coisas do mundo?
“Quem quer algo que não seja Cristo, não sabe o que quer;
quem pede algo que não seja Cristo, não sabe o que pede;
quem não trabalha por Cristo, não sabe o que faz.”
São Felipe Neri