A autoridade da vida (Lucas 6,1-5)
3 de setembro de 2016A Lei antiga ou a Lei do Amor?
5 de setembro de 2016“Faze com que saibamos como são poucos os dias da nossa vida
para que tenhamos um coração sábio!”
Sl 90.12
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo,
ensina-nos,
orienta nossas comunidades
a viver de acordo com os passos de Jesus.
Mostra-nos
como tornar presentes hoje
os valores e as opções
do Reino de Jesus.
Espírito Santo,
Espírito de Jesus,
mostra-nos o rosto do Pai,
a fim de que,
voltados para Ele,
busquemos servir
a seu projeto
na justiça
e na vida para todos.
TEXTO BÍBLICO: Lucas 14.25-33
As condições para ser seguidor de Jesus
Mateus 10.37-39
25Certa vez uma grande multidão estava acompanhando Jesus. Ele virou-se para eles e disse:
26 — Quem quiser me acompanhar não pode ser meu seguidor se não me amar mais do que ama o seu pai, a sua mãe, a sua esposa, os seus filhos, os seus irmãos, as suas irmãs e até a si mesmo. 27Não pode ser meu seguidor quem não estiver pronto para morrer como eu vou morrer e me acompanhar. 28Se um de vocês quer construir uma torre , primeiro senta e calcula quanto vai custar, para ver se o dinheiro dá. 29Se não fizer isso, ele consegue colocar os alicerces, mas não pode terminar a construção. Aí todos os que virem o que aconteceu vão caçoar dele, dizendo: 30“Este homem começou a construir, mas não pôde terminar!”
31 — Se um rei que tem dez mil soldados vai partir para combater outro que vem contra ele com vinte mil, ele senta primeiro e vê se está bastante forte para enfrentar o outro. 32Se não fizer isso, acabará precisando mandar mensageiros ao outro rei, enquanto este ainda estiver longe, para combinar condições de paz.
Jesus terminou, dizendo:
33 — Assim nenhum de vocês pode ser meu discípulo se não deixar tudo o que tem.
1. LEITURA
Que diz o texto?
P. José Manuel Delgado
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
O que faziam as pessoas? Qual amor deve ser superado pelo amor a Jesus? O que devem fazer os que querem ser discípulos de Jesus? Quais os exemplos que Jesus usou? O que acontece com quem não deixa tudo o que tem?
Algumas pistas para compreender o texto:
O Evangelho deste domingo encontra-se dentro da seção de Lucas (começada em 9.51) que nos apresenta Jesus em viagem rumo a Jerusalém. O texto é composto por duas comparações delimitadas por três frases de Jesus sobre o discipulado. Revisemos atentamente alguns pontos que nos ajudarão a entender melhor nosso fragmento.
1. Não se trata de quantidade: nos vv. 25-26, Jesus explica que ser seu discípulo não significa simplesmente caminhar atrás dele. Por essa razão, ao ver que tantos o seguem, volta-se e explica que para poder ser seu seguidor, de verdade, é preciso dar-lhe prioridade total. O amor que Jesus pede para si é maior do que os laços familiares mais profundos, como os que nos unem a pai, mãe, filhos ou irmãos. Conforme já havia dito em 9.57-62, o Senhor ensina que somente colocando-o no centro de nosso coração, preferindo-o inclusive à própria vida, podemos ser seus seguidores.
2. Carregar a própria cruz: o v. 27 mostra-nos que para seguir Jesus é necessário levar a própria cruz. Assim como ele caminha sem vacilar até Jerusalém, a fim de entregar sua vida (cf. Lc 9.51), quem quer segui-lo deve fazer de sua existência um caminho de entrega e de serviço, e não de conforto.
3. Acima dos bens: no final do texto, no v. 33, Jesus demonstra que tampouco pode ser discípulo seu quem não renuncia a tudo o que tem, ou seja, aos bens materiais que possui. Nossa passagem ensina-nos, portanto, que o Senhor deve ser preferido a todos e a tudo.
4. Condições indispensáveis: cumpre notar que as três frases sobre o discipulado não são conselhos para seguir melhor Jesus, mas condições sem as quais é impossível segui-lo (nas três ocasiões se repte a expressão “não pode ser meu seguidor”). Por conseguinte, o Evangelho convida-nos a revisar nossa escala de valores e prioridades, a fim de assegurar-nos de que Jesus esteja sempre no lugar mais elevado.
5. Calcular: as condições para o seguimento de Jesus que acabamos de ler são mais bem compreendidas à luz das comparações que encontramos nos vv. 27-32. Ambas têm em comum a necessidade de calcular e de refletir antes de tomar uma decisão, seja de construir uma torre, seja de sair para lutar em uma guerra. De igual modo, o discípulos de Jesus deve tomar uma decisão livre antes de seguir definitivamente o Mestre, para não correr o risco de “começar a arar a terra e olhar para trás” (cf. Lc 9.62); caso contrário, não poderá terminar o que começou (v. 30), nem ganhar a batalha contra as seduções do mundo (cf. v. 31).
Portanto, a mensagem central de nosso texto é que, para ser discípulo de Jesus, não basta segui-lo “por inércia”, levado pela corrente, mas é necessário decidir-se por ele livre e radicalmente, colocando-o acima de tudo e de todos. No entanto, esta decisão não é pura renúncia, mas a escolha de um bem superior, pois quem “deixa todas as coisas” para seguir Jesus recebe “ainda nesta vida muito mais e, no futuro, receberá a vida eterna” (Lc 18.30).
O que o Senhor me diz no texto?
O Evangelho dominical apresenta-nos um Jesus exigente, que busca discípulos que se atrevam a dar tudo por ele. A Palavra de Deus convida a romper os apegos que não nos deixam crescer em nosso caminho de fé ou que nos limitam no anúncio do Evangelho. Jesus não faz uma exigência desumana, pois sempre nos pedirá o que nossas forças podem dar-nos. O Espírito de Deus, por meio da oração, aumentará nossa força e colocará em nosso coração as renúncias que devemos fazer.
Continuemos nossa oração com a seguinte reflexão, de São João Paulo II: “Diante destas expressões de Jesus, não podemos deixar de refletir sobre quão elevada e árdua é a vocação cristã. Não resta dúvida que as formas concretas de seguir Cristo são graduadas por ele mesmo de acordo com as condições, as possibilidades, as missões, os carismas das pessoas e dos grupos. As palavras de Jesus, como ele disse, são ‘espírito e vida’ (cf. Jo 6.63), e não podemos pretender concretizá-las de forma idêntica para todos. Contudo, de acordo com São Tomás de Aquino, a exigência evangélica de renúncias heroicas como as dos conselhos evangélicos de pobreza, castidade e renúncia de si para seguir Jesus – e podemos dizer a mesma coisa da oblação de si mesmo no martírio, antes que trair a fé e o seguimento de Cristo – compromete a todos, ou seja, segundo a disponibilidade do espírito para cumprir o que lhe é pedido em qualquer momento em que é chamado, e, portanto, exige de todos um desapego interior, um sacrifício, uma autodoação a Cristo, sem os quais não existe verdadeiro espírito evangélico.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Quais são as exigências que Jesus me faz como seu discípulo? Já pensei a respeito do máximo que eu poderia abandonar por Jesus? Sinto que, ao ser chamado para ser discípulo, Jesus pede-me mais do que eu posso dar?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Que marcado com tua cruz,
não tenha medo da vida dura,
dos trabalhos nos quais se arrisca a vida.
Faze com que eu esteja disposto para a grande aventura a que me chamas.
Tenho de comprometer-me.
Tenho de lançar-me à vida, Senhor, por teu amor.
Os outros podem muito bem ser prudentes.
Tu disseste que é preciso ser louco.
Os outros acreditam na ordem.
Tu me pediste para crer no amor.
Os outros pensam que é preciso conservar.
Tu me disseste que é preciso dar.
Os outros instalam-se.
Tu me disseste que é preciso caminhar
e estar preparado para a alegria e para o sofrimento,
para o fracasso e para o êxito.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Jesus, entrego-te tudo o que sou e o que tenho,
e tomo tua cruz sobre meus ombros.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Todos os dias oferecerei a vida de minha família e de meus amigos, entregando-os a Jesus; ao mesmo tempo, renovarei minha fé, dizendo: Senhor Jesus, conte comigo.
“Dá sempre o melhor de ti, e o melhor virá”.
Madre Teresa de Calcutá