“Quem se humilha será engrandecido”
20 de agosto de 2016Eis a serva do Senhor, faça-se em mim a sua vontade.
22 de agosto de 2016“Louvem a Deus, o Senhor, todas as nações!
Que todos os povos o louvem!”
Sl 117.1
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito de amor, concede-me:
uma inteligência que te conheça;
uma angústia que te procure;
uma sabedoria que te encontre;
uma vida que te agrade;
uma perseverança que, enfim, te possua.
Amém.[1]
TEXTO BÍBLICO: Lucas 13.22-30
A porta estreita
Mateus 7.13-14,21-23
22Jesus atravessava cidades e povoados, ensinando na sua viagem para Jerusalém. 23Alguém perguntou:
— Senhor, são poucos os que vão ser salvos?
Jesus respondeu:
24 — Façam tudo para entrar pela porta estreita. Pois eu afirmo a vocês que muitos vão querer entrar, mas não poderão.
25 — O dono da casa vai se levantar e fechar a porta. Então vocês ficarão do lado de fora, batendo na porta e dizendo: “Senhor, nos deixe entrar!” E ele responderá: “Não sei de onde são vocês.” 26Aí vocês dirão: “Nós comemos e bebemos com o senhor. O senhor ensinou na nossa cidade.” 27Mas ele responderá: “Não sei de onde são vocês. Afastem-se de mim, vocês que só fazem o mal.” 28Quando vocês virem Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas no Reino de Deus e vocês estiverem do lado de fora, então haverá choro e ranger de dentes de desespero. 29Muitos virão do Leste e do Oeste, do Norte e do Sul e vão sentar-se à mesa no Reino de Deus. 30E os que agora são os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Pe. Daniel Kerber
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
Aonde ia Jesus? O que fazia quando chegava a algum lugar? Por onde é preciso fazer tudo para entrar a fim de salvar-se? De acordo com as palavras de Jesus, a quem ele responde: “Não sei de onde são vocês”? Depois de terem sido deixados do lado de fora, quem virá e para quê? O que acontecerá com alguns que são os últimos e com outros que são os primeiros?
Algumas pistas para compreender o texto:
Jesus continua seu caminho rumo a Jerusalém, tendo começado tal viagem em 9.51. Lucas vai marcando o itinerário com o ensinamento de povoado em povoado.
A narrativa pode ser organizada da seguinte forma: uma alusão à viagem (v. 22), uma pergunta (v. 23) e a resposta de Jesus, composta de três partes: a referência às duas portas (vv. 23b-24), a imagem do Reino como um banquete (vv. 25-29) e, por fim, a inversão de situações no Reino futuro (v. 30).
Depois da referência à viagem para Jerusalém, alguém faz uma pergunta a Jesus, o que desencadeia todo o ensinamento. A pergunta diz respeito estritamente a se são muitos os que se salvam. A resposta de Jesus, no entanto, não se refere à quantidade, o que dá a entender que tampouco a pergunta era por curiosidade em torno do número dos salvados, estando, pois, relacionada ao interesse em salvar-se da parte de quem perguntava.
Muitas cidades do tempo de Jesus eram amuralhadas e tinham um grande portão que, por segurança, fechava-se antes do pôr do sol. Se alguém chegasse mais tarde, não se abria o portão, mas havia uma porta estreita, pela qual passava apenas uma pessoa de cada vez.
O dito de Jesus: “Façam tudo para entrar pela porta estreita” indica que alcançar a salvação exige liberdade, decisão e esforço. O verbo que normalmente se traduz por “procurem” é muito mais forte no original, e quer dizer: façam tudo, esforcem-se, lutem, inclusive até à morte! A salvação que o Senhor nos traz é um presente, mas um presente pelo qual vale a pena apostar tudo. Não basta fazer parte de um povo ou de um grupo; são necessários a decisão e o compromisso pessoal para acolher a salvação que o Senhor traz.
No diálogo subsequente, contrapõe-se o pedido dos que estão fora: “Senhor, nos deixe entrar!… Nós comemos e bebemos com o senhor. O senhor ensinou na nossa cidade”. Eles alegam conhecer o senhor, ter partilhado a mesa com ele; contudo, de dentro, o senhor lhes responde: “Não sei de onde são vocês. Afastem-se de mim, vocês que só fazem o mal” (v. 27). O senhor não reconhece os que o chamam devido a uma participação externa. “Os malfeitores”, os que praticam a injustiça, com suas próprias obras estão mostrando que não o conhecem. Mais uma vez exige-se o compromisso pessoal, que se manifesta na vida e nas obras de cada um.
O povo judeu sentia-se seguro por ser o povo eleito, razão pela qual Deus o salvaria; Jesus, porém, afirma que virão de todos os lados (ou seja, os povos pagãos) (v. 29) para sentar-se à mesa do banquete do Reino, ao passo que os que fazem o mal serão lançados fora.
O último versículo (v. 30) indica a inversão de situações, tal como acontece na parábola do fariseu e do publicano (Lc 18.9ss; cf. 16.15).
O que o Senhor me diz no texto?
O Evangelho dominical convida-nos a valorizar de maneira profunda o presente que Jesus nos deu na Cruz: a salvação. É um preço que ele pagou e um dom com o qual contamos desde que fomos batizados. É possível que pensemos que, ao aceitar sua salvação, ao participar da Eucaristia, ao rezar com a Lectio Divina já fizemos o necessário de nossa parte. E acreditamos que a porta estreita é para aqueles que não se atrevem a receber Jesus. No entanto, a porta estreita são as exigências do Evangelho, aquelas que mais nos custam: amar o inimigo, perdoar de coração, ser misericordiosos com os mais necessitados, pregar o Evangelho. Mantendo em relação a nós próprios tais exigências de vida e de fé, sem sair por aí a medir o tamanho da porta de entrada, ou a perguntar quem será o primeiro ou o último, continuamos nosso caminho de Salvação.
Nosso Papa Francisco partilha conosco a seguinte reflexão: “Nos dias de hoje passamos diante de muitas portas que convidam a entrar, prometendo uma felicidade que depois observamos que dura apenas um instante, que se esgota em si mesma e não tem futuro. Mas eu pergunto a vocês: por qual porta queremos entrar? E quem desejamos fazer entrar pela porta da nossa vida? Gostaria de dizer vigorosamente: não tenhamos medo de passar pela porta da fé em Jesus, de deixar que Ele entre cada vez mais na nossa vida, de sair dos nossos egoísmos, dos nossos limites e das nossas indiferenças em relação ao próximo. Porque Jesus ilumina a nossa vida com uma luz que jamais se apaga. Não é um fogo de artifício, nem um flash! Não, é uma luz suave, que dura sempre e nos dá a paz. Esta é a luz que encontraremos, se entrarmos pela porta de Jesus.
“Sem dúvida, a porta de Jesus é estreita, mas não porque é uma sala de tortura. Não, não por isso! Mas porque nos pede para abrir o nosso coração a Ele, que nos reconheçamos pecadores, necessitados da sua salvação, do seu perdão, do seu amor, que tenhamos a humildade de acolher a sua misericórdia e de nos deixarmos renovar por Ele. No Evangelho, Jesus diz-nos que ser cristão não é ter uma «etiqueta»! Pergunto-vos: vós sois cristãos de etiqueta, ou de verdade? E cada um responda dentro de si! Não cristãos, nunca cristãos de etiqueta! Cristãos de verdade, de coração. Ser cristão é viver e testemunhar a fé na oração, nas obras de caridade, na promoção da justiça e na realização do bem. toda a nossa vida deve passar pela porta estreita, que é Cristo”.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Minha experiência de fé me anima a esforçar-me na vida? Decidir-me viver o evangelho, mesmo que seja difícil, faz-me viver a alegria da salvação? De que maneira cruzei a porta do Jubileu da Misericórdia?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Tu és, Senhor Jesus, amigo verdadeiro,
que nunca nos chamarás de servos.
Tu és o amigo que me deu a conhecer
os segredos do coração do Pai;
és o amigo que salvou minha vida,
deixando-se pregar no madeiro.
Ensina-me, Senhor Jesus, a dar minha vida
pelos que precisam continuar vivendo.
Ensina-me, Senhor Jesus, a permanecer fiel
ao lado do irmão que está sozinho.
Tu és minha porta que abre o caminho
para o coração do Pai.
Guia-me, amigo, e conduze-me
para as águas tranquilas do teu Reino.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Senhor, permite-nos entrar em teu Reino pela porta de tua Divina Misericórdia!
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Em oração, comprometo-me com Jesus a fazer um grande esforço para cultivar minha fé em uma atividade específica, por exemplo, falar com alguém com quem estou chateado, ou levar um auxílio a uma família necessitada.
“Salvar sempre, salvar a todos, salvar à custa de qualquer sacrifício,
com paixão redentora e com holocausto redentor.”
São Luís Orione