“Este é meu irmão, minha irmã e minha mãe”
16 de julho de 2016O grande sinal vem de escutar (Mateus 12, 38-42)
18 de julho de 2016“Que todos os povos louvem a Deus
com gritos de alegria!”.
Sl 66.1
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Jesus, irmão, Mestre, aproxima-nos do Pai,
mostra-nos seu rosto,
acompanha-nos no caminho para o Reino,
envia-nos teu Espírito!
Tu nos prometeste que estarias presente entre nós,
que caminharias ao nosso lado,
que tua força nos animaria.
Senhor, que venha teu Espírito!
Precisamos aprender a discernir,
a descobrir por onde passa o Reino nesse tempo.
Precisamos aprender a reconhecer os sinais
de Deus em nosso meio.
Precisamos aprender a seguir teus passos,
a viver o Evangelho,
a comprometer-nos com o projeto do Pai.
Buscamos tua inspiração,
vem Espírito Santo!
TEXTO BÍBLICO: Lucas 10.38-42
Jesus vista Marta e Maria
38Jesus e os seus discípulos continuaram a sua viagem e chegaram a um povoado. Ali uma mulher chamada Marta o recebeu na casa dela. 39Maria, a sua irmã, sentou-se aos pés do Senhor e ficou ouvindo o que ele ensinava. 40Marta estava ocupada com todo o trabalho de casa. Então chegou perto de Jesus e perguntou:
— O senhor não se importa que a minha irmã me deixe sozinha com todo este trabalho? Mande que ela venha me ajudar.
41Aí o Senhor respondeu:
– Marta, Marta, você está agitada e preocupada com muitas coisas, 42mas apenas uma é necessária! Maria escolheu a melhor de todas, e esta ninguém vai tomar dela.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Dom Víctor Hugo Palma[1]
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
Onde Jesus se hospedou? Como se chamava a irmã de Marta? O que fez Marta e o que fez Maria? O que Marta disse a Jesus? Qual foi a parte que Maria escolheu?
Algumas pistas para compreender o texto:
Continuando na contemplação da viagem de Jesus a Jerusalém segundo São Lucas, hoje resplandece um tema bastante relacionado a este “Jubileu da Misericórdia”, no qual somos convidados a cumprir uma dessas “obras físicas”, como o diz o Catecismo da Igreja: “Eu era forasteiro, estrangeiro, caminhante, e me acolheste”. As imagens bíblicas de hoje são admiráveis:
1) Abraão pôs-se a servir a seus visitantes: no bosque sagrado de Mambré, como diz o Gênesis 18, o caminhante na Fé, nosso pai Abraão, recebe uma visita estranha, mas alentadora. Nos três peregrinos que chegam até sua humilde casa, ele consegue descobrir a presença do Senhor. Empenha-se muito, portanto, em atender, com seus humildes meios (cabrito, coalhada, etc.), “aquele que passa e misteriosamente e reacende sua esperança”, quando o Senhor, no final de sua visita, promete-lhe o filho que tanto esperava.
2) Marta e Maria ocupam-se da melhor forma com a visita de Jesus: Jesus também se fez caminhante e hóspede em casa da pequena família de Marta, Maria e Lázaro, segundo a tradição. Ao chegar hoje, sem dúvida cansado da caminhada, há duas atitudes que não são opostas, mas que, na realidade, se complementam: a) Marta ocupa-se com afinco em servir o Senhor: ao estilo de Sara, a mulher de Abraão, em Gênesis 18, como dizia Santa Teresa de Ávila: “Se ela não tivesse trabalhado tanto, não teria havido almoço para o Senhor; b) Maria, por outro lado, põe-se a escutar o Senhor: quando Jesus diz que “Maria escolheu a melhor de todas as coisas” não tira o valor do esforço de Marta, mas nos convida a “colocar em primeiro lugar”, como diz o Papa Francisco, acima de tudo, a “escuta da Palavra, que é o próprio Cristo”, a fim de, a partir dali, poder agir com misericórdia da melhor maneira possível.
3) Deus quis dar-nos a conhecer seu mistério: Paulo também, de certa forma, louva hoje Aquele que se nos revelou em Cristo e, com isso, enriqueceu-nos infinitamente. Ficamos com o convite a “escutar, conhecer e aprofundar” a Revelação, pois é dom da Misericórdia divina.
Resumo: a hospitalidade, a acolhida daquele que está de passagem, do migrante, por exemplo, é a proposta de misericórdia para hoje. Ao abri-nos àquele que passa, podemos encontrar nos irmãos o mesmo “Cristo que passa’ e, tocando a hospitalidade de nosso coração, bendiz-nos e torna a abrir o futuro de vida para todos os que o acolhem.
O que o Senhor me diz no texto?
O Convite que o Evangelho nos apresenta é para buscar um equilíbrio em todos os aspectos de nossa vida. É um apelo especial aos que nos sentimos chamados a crescer no caminho espiritual. Cada um tem um chamado diferente, um carisma que Deus nos deu, do qual devemos cuidar com responsabilidade. A oração leva-nos à ação, tal como acontece no quarto passo da Lectio Divina; um verdadeiro encontro com a palavra resulta em um compromisso que precisa tornar-se realidade. Escolher a melhor parte é primeiramente escutar o Senhor, e que tal escuta se conclua com um ato generoso de misericórdia e de amor para com os outros.
O Papa Francisco ajuda-nos a aprofundar: “O que Jesus quer dizer? Qual é a melhor parte? Antes de mais nada, é importante compreender que não se trata da contraposição entre duas atitudes: a escuta da Palavra do Senhor, a contemplação, e o serviço concreto ao próximo. Não são duas atitudes contrapostas, mas, ao contrário, são dois aspectos, ambos essenciais para nossa vida cristã; aspectos que nunca devem ser separados, mas vividos em profunda unidade e harmonia. Mas, então, por que Mara recebe a repreensão, ainda que feita com doçura? Porque considerou essencial somente o que estava fazendo, ou seja, estava demasiado absorvida e preocupada com as coisas que devia ‘fazer’. Em um cristão, as obras de serviço e de caridade nunca estão esperadas da fonte principal de cada ação nossa: ou seja, a escuta da Palavra do Senhor, o estar – como Maria – aos pés de Jesus, em atitude de discípulo. Por essa razão é que Marta é repreendida.
Que também em nossa vida cristã, oração e ação estejam profundamente unidas. Uma oração que não conduz à ação concreta para com o irmão pobre, doente, necessitado de ajuda, para com o irmão em dificuldade, é uma oração estéril e incompleta.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Tive momentos em que só pensei em mim mesmo, apesar da situação do outro? Qual atitude é essencial para levar em conta meu próximo e conseguir “a melhor parte”? Confio que uma atitude orante me proporciona ações misericordiosas para com as pessoas com quem interajo diariamente?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Ó Cristo, para poder servir-te melhor,
dá-me um coração nobre.
Um coração forte
para aspirar a altos ideais
e não a opções medíocres.
Um coração generoso no trabalho,
vendo nele não uma imposição,
mas uma missão que me confias.
Um coração grande no sofrimento,
sendo valente soldado diante de minha própria cruz
e sensível cireneu para com a cruz dos outros.
Um coração grande para com o mundo,
sendo compreensivo com suas fragilidades,
mas imune a seus princípios e seduções.
Um coração grande com os homens,
leal e atento para com todos,
mas especialmente serviçal e dedicado
aos pequenos e humildes.
Um coração nunca centrado em mim mesmo,
mas sempre apoiado em ti,
feliz com servir-te e com servir a meus irmãos,
oh, meu Senhor!,
todos os dias de minha vida. Amém.[2]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Senhor, tuas palavras movem meu coração para amar e servir a meus irmãos.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Em minha oração pessoal desta semana, estarei atento às palavras que Deus trouxe para mim com o Evangelho; no silêncio, descobrirei que obra de misericórdia farei no fim de semana.
“O fruto do silêncio é a oração; o fruto da oração é a fé; o fruto da fé é o amor; o fruto do amor é o serviço; e o fruto do serviço é a paz”.
Beata Teresa de Calcutá