“O Espírito Santo lhes ensinará o que devem dizer”
15 de outubro de 2016Ganância X confiança e solidariedade (Lc 12,13-21)
16 de outubro de 2016“Cantem uma nova canção a Deus, o Senhor,
pois ele tem feito coisas maravilhosas”.
Sl 98.1
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Vinde, Espírito Criador,
visitai as almas dos vossos fiéis
e enchei da graça divina
os corações que criastes!
Vós sois o nosso Consolador,
dom do Deus Altíssimo,
fonte viva, fogo, caridade,
e unção espiritual.
Vós derramais sobre nós os sete dons,
Vós, o dedo da mão de Deus,
Vós o prometido do Pai,
Vós que pondes nos nossos lábios o tesouro da vossa palavra.
Acendei com a vossa luz a nossa inteligência,
infundi o vosso amor nos nossos corações,
e com o vosso perpétuo auxílio,
fortalecei a nossa débil carne.
Afastai de nós o inimigo,
dai-nos prontamente a paz,
sede vós próprio o guia,
e seguindo vossos caminhos,
evitaremos todo o mal.
TEXTO BÍBLICO: Lucas 18.1-8
A viúva e o juiz
1Jesus contou a seguinte parábola, mostrando aos discípulos que deviam orar sempre e nunca desanimar:
2 — Em certa cidade havia um juiz que não temia a Deus e não respeitava ninguém.3Nessa cidade morava uma viúva que sempre o procurava para pedir justiça, dizendo: “Ajude-me e julgue o meu caso contra o meu adversário!”
4 — Durante muito tempo o juiz não quis julgar o caso da viúva, mas afinal pensou assim: “É verdade que eu não temo a Deus e também não respeito ninguém. 5Porém, como esta viúva continua me aborrecendo, vou dar a sentença a favor dela. Se eu não fizer isso, ela não vai parar de vir me amolar até acabar comigo.”
6E o Senhor continuou:
— Prestem atenção naquilo que aquele juiz desonesto disse. 7Será, então, que Deus não vai fazer justiça a favor do seu próprio povo, que grita por socorro dia e noite? Será que ele vai demorar para ajudá-lo? 8Eu afirmo a vocês que ele julgará a favor do seu povo e fará isso bem depressa. Mas, quando o Filho do Homem vier, será que vai encontrar fé na terra?
1. LEITURA
Que diz o texto?
Pe. Daniel Kerber
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
O que Jesus contou? O que Jesus queria ensinar? O que a viúva foi pedir ao juiz e como era ele? O que o juiz pensou para decidir-se a defendê-la? A quem Deus defenderá?
Algumas pistas para compreender o texto:
O texto de hoje nos apresenta a conhecida parábola da viúva e do juiz. Depois de uma introdução do tema (v. 1), apresentam-se as personagens do juiz e da viúva, e suas atitudes (vv. 2-3); a parábola conclui-se com juiz cedendo ao perseverante pedido da viúva (vv. 4-5). Nos vv. 6-8, Jesus aplica a parábola à realidade dos discípulos.
No v.1 já se oferece a chave do ensinamento: a parábola é dirigida aos discípulos (17.22) e estes devem aprender a orar sempre, sem desanimar.
Lucas é o evangelista que mais insiste na oração, tanto ao mostrar Jesus rezando (3.21; 5.16; 9.18,28,29; 11.1; 22.41,44) como a insistir sobre a oração (1.10; 6,28; 11.2; 22.46), e é justamente no momento em que Jesus está orando, que seus discípulos lhe pedem que lhes ensine a orar (11.1ss): é quando o mestre lhes ensinar o Pai-Nosso.
O ensinamento dá-se por meio de uma parábola que toma elementos dá vida cotidiana e, através deles, deixa uma instrução clara para seus discípulos. Naquela época, a viúva era o protótipo do pobre que não tem quem o defenda. E vai pedir justiça a um juiz “que não temia a Deus e não respeitava ninguém”. A pobre viúva tem tudo para perder, não tem esperança de que seu pedido seja aceito; no entanto, com sua insistência, consegue que o juiz lhe faça justiça.
A atitude da viúva é que ensina a rezar sempre, sem desfalecer. Ainda que tudo pareça contrário, não deixa de recorrer ao juiz.
Como em toda parábola, há pontos de comparação e outros que se deixam de lado. Por exemplo, na parábola do administrador desonesto (Lc 16.1-8), o que se quer ensinar é a esperteza do administrador, não a injustiça (v. 8). Também nesta parábola, o ensinamento recai no rezar sempre, sem desanimar, e não em que os pedidos possam fazer mudar o coração de Deus, como a viúva mudou o coração do juiz.
A oração dispõe-nos a acolher com confiança a vontade de Deus que é sempre o melhor para nós. E mesmo que possamos passar por muitas circunstâncias – como a da viúva – nas quais parece que não há esperança, não desfaleçamos em nossa oração, que é manifestação de nossa confiança naquele que sabemos que nos ama.
Pode haver ocasiões em que os discípulos sintam que passam por provações, mas isso não é obstáculo para serem discípulos: a questão está em “não desanimar”, em “não esmorecer”. De fato, Jesus dá quase uma definição de seus discípulos na última ceia quando lhes diz: “Vocês têm estado sempre comigo nos meus sofrimentos” (Lc 22.28).
O que o Senhor me diz no texto?
A mensagem que o Evangelho nos traz insiste no fortalecimento de nossa fé. Deus, Pai misericordioso, não quer que nos desesperemos pedindo ajuda, nem é um juiz insensível e mesquinho diante de nossa necessidade. Ele, sendo todo-poderoso, conhece nossas necessidades, mas como pai terno e paciente, espera saber, por nós mesmos, que nosso amor, fé e confiança são firmes.
O Papa Francisco partilha conosco a seguinte reflexão: “No Evangelho de hoje, Jesus narra uma parábola sobre a necessidade de rezar sempre, sem se cansar. A protagonista é uma viúva que, com a insistência da sua súplica a um juiz desonesto, obtém que ele lhe faça justiça. E Jesus conclui: se a viúva conseguiu convencer aquele juiz, julgais que Deus não nos ouve, se lhe suplicarmos com insistência? A expressão de Jesus é muito forte: ‘Porventura não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que clamam por Ele dia e noite?’ (Lc 18.7).
“’Clamar dia e noite’ por Deus! Impressiona-nos esta imagem da oração. Mas interroguemo-nos: por que motivo Deus quer isto? Não conhece Ele já as nossas necessidades? Que sentido tem ‘insistir’ com Deus?
Trata-se de uma boa pergunta, que nos faz aprofundar um aspecto muito importante da fé: Deus convida-nos a rezar com insistência, não porque não sabe do que nós temos necessidade, nem porque não nos ouve. Pelo contrário, Ele ouve sempre e conhece tudo acerca de nós, com amor. No nosso caminho quotidiano, especialmente nas dificuldades, na luta contra o mal fora e dentro de nós, o Senhor não está distante, está ao nosso lado; nós lutamos, tendo-o ao nosso lado, e a nossa arma é precisamente a oração, que nos faz sentir a sua presença ao nosso lado, a sua misericórdia e também a sua ajuda. Mas a luta contra o mal é árdua e longa, exige paciência e resistência — como Moisés, que devia manter as mãos levantadas para fazer com que o seu povo vencesse (cf. Êx 17.8-13). É assim: há uma luta a empreender todos os dias; mas Deus é o nosso aliado, a fé nele é a nossa força e a oração é a expressão desta fé. Por isso, Jesus assegura-nos a vitória, mas no final interroga-se: ‘Mas, quando o Filho do Homem vier, acaso encontrará a fé sobre a terra?’ (Lc 18.8). Se se apaga a fé, apaga-se a oração, e nós caminhamos na escuridão, perdemo-nos no caminho da vida”.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Há dias em que me sento fraco na fé? Como ajo em tal situação? Sei manter-me firme apesar de tudo? Sou persistente na oração? Minha oração é de exigência, de reclamação a Deus, ou prefiro dizer-lhe que sua vontade é perfeita para mim?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Creio, mesmo que tudo te esconda à minha fé.
Creio, mesmo que tudo me diga que não.
Porque fundamentei minha fé
em um Deus imutável,
em um Deus que não muda,
em um Deus que é Amor.
Creio, mesmo que tudo revolte meu ser.
Creio, mesmo que sinta tão sozinho a dor.
Porque fundamentei minha vida
na palavra sincera,
na palavra de amigo,
na palavra de Deus.
Creio, mesmo que tudo pareça morrer.
Creio, mesmo que já não queira viver.
Porque o cristão que tem
a Deus por amigo, não vacila na dúvida,
mantém-se na fé.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Senhor, sei que me escutas e que logo me responderá.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Nesta semana, rezarei somente por uma intenção concreta. Por exemplo, pela saúde de uma pessoa conhecida. E esta será minha única oração.
“A fé é a lâmpada luminosa que brilha nas trevas para servir-nos de guia.”
Beato Dom Columba Marmlon