Jesus no Templo (LC 2, 41 – 50)
4 de junho de 2016Bem-aventurados
6 de junho de 2016“O choro pode durar a noite inteira,
mas de manhã vem a alegria”.
Sl 30.6
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Vem, Espírito de Jesus,
sobre os que creem,
sobre os que duvidam,
sobre os que temem.
Derrama teu fogo
sobre a tibieza de nossos quereres,
sobre o inverno de nossas ilusões,
sobre as brasas de nossas opções.
Sopra teu alento
sobre os que constroem o futuro,
sobre os que conservam os valores,
sobre os que protegem a vida.
E sobre nós, que nos aproximamos
TEXTO BÍBLICO: Lucas 7.11-17
Jesus ressuscita o filho de uma viúva
11Pouco tempo depois Jesus foi para uma cidade chamada Naim. Os seus discípulos e uma grande multidão foram com ele. 12Quando ele estava chegando perto do portão da cidade, ia saindo um enterro. O defunto era filho único de uma viúva, e muita gente da cidade ia com ela. 13Quando o Senhor a viu, ficou com muita pena dela e disse:
— Não chore.
14Então ele chegou mais perto e tocou no caixão. E os que o estavam carregando pararam. Então Jesus disse:
— Moço, eu ordeno a você: levante-se!
15O moço sentou-se no caixão e começou a falar, e Jesus o entregou à mãe. 16Todos ficaram com muito medo e louvavam a Deus, dizendo:
— Que grande profeta apareceu entre nós! Deus veio salvar o seu povo!
17Essas notícias a respeito de Jesus se espalharam por todo o país e pelas regiões vizinhas.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Pe. Daniel Kerber
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
Para onde Jesus se dirigiu? Quem o acompanhava? O que o Senhor viu? Que sentiu Jesus? O que disse ao jovem, filho da viúva? O que aconteceu com ele? Em que lugares se soube o que Jesus acabara de fazer?
Algumas pistas para compreender o texto:
A liturgia de hoje nos apresenta o relato em que Jesus ressuscita o filho de uma viúva. O texto tem uma introdução na qual se apresentam as personagens e a circunstância (vv. 11-12); em seguida, mostra-se a compaixão de Jesus, que reage e ordena que o morto se levante (vv. 13-14). Aquele que estivera morto, levanta-se, e Jesus o entrega à sua mãe (v. 15); finalmente, temos a reação de “todos” (vv. 16-17).
Na primeira parte, enfrentam-se duas procissões: uma procissão de vida, formada por Jesus, seus discípulos e muita gente, e outra procissão “de morte”, em que se acham o morto, sua mãe e também muita gente. Estes dois cortejos se encontram, e o encontro com o Senhor é sempre transformador.
Neste caso, não há nenhum pedido, nenhuma palavra da mãe ou das pessoas para que Jesus faça algo. Simplesmente, “quando o Senhor a viu, ficou com muita pena dela” (v. 13). Estes verbos são exatamente os mesmos usados na parábola do bom samaritano: “Mas um samaritano… quando viu o homem, ficou com muita pena dele” (Lc 10.33) e na do Pai Misericordioso, quando seu filho perdido retorna a casa: “… o pai o avistou. E, com muita pena do filho, correu…” (Lc 15.20). De modo que Jesus é o primeiro a ver e a sentir compaixão; posteriormente ensina isso a seus discípulos.
No Antigo Testamento, Deus tinha visto a opressão de seu povo e havia descido para libertá-lo (Êx 3.7); de fato, um dos nomes de Deus é “O Deus que Vê” (Gn 16.13). Jesus coloca em ação esse nome de Deus, e antes que lhe peçam alguma coisa, ele vê, e seu olhar é um olhar de compaixão; literalmente, “suas entranhas se comoveram”. A dor do filho morto e a da mãe que o perde não passam despercebidas pelo Senhor, e essa compaixão se torna ativa. Em primeiro lugar, diz à mãe: “Não chore”; em seguida, aproxima-se e toca o caixão. É palavra e ato que se juntam para transformar a morte do filho e a dor da mãe. A procissão de morte não vence a vida que Jesus traz.
De acordo com as leis judaicas, devia-se evitar tocar um cadáver; Jesus, porém, transgride as leis e vai ao mais profundo, que é a compaixão que transforma.
Basta que Jesus ordene – “Levante-se!” – para que o jovem se sente no caixão e comece a falar. E a mulher, que já havia perdido o marido e para quem agora havia morrido a única esperança, seu filho, volta a receber a vida das mãos de Jesus: “E Jesus o entregou à mãe” (v. 15).
A reação de “todos” é de admiração e reconhecimento agradecido a Deus. A compaixão transformadora de Jesus os faz reconhecer a presença salvadora de Deus no meio deles. “Deus veio salvar o seu povo!”
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
Com este domingo, voltamos ao Tempo Comum, o tempo em que o Evangelho partilha o que Jesus viveu antes de ser reconhecido como Messias. A mensagem que queremos ressaltar nesta ocasião é o poder da Palavra de Jesus ao dizer: “Levante-se!”. Esta palavra fez com que o jovem recuperasse a vida e, ademais, começasse a falar a respeito disso. A presença de Jesus e sua palavra nos enchem de vida e nos convidam a ser missionários; não podemos conservar somente para nós a vida que ele nos dá: devemos partilhá-la.
São João Paulo II oferece-nos uma reflexão para este Evangelho: “O Evangelho de Lucas fala de um encontro: de um lado está o cortejo triste que acompanha até ao cemitério o jovem filho de uma mãe viúva; do outro, o grupo em festa dos discípulos que seguem Jesus e o escutam. Também hoje, jovens amigos, é possível vir a fazer parte daquele cortejo triste que caminha ao longo da estrada da aldeia de Naim. Isto acontecerá, se vos deixardes guiar pelo desespero, se as miragens da sociedade consumista vos seduzirem e vos distraírem da verdadeira alegria, levando-vos a mergulhar nos prazeres passageiros, se a indiferença e a superficialidade vos dominarem, se diante do mal e do sofrimento tiverdes dúvida da presença de Deus e do seu amor por cada indivíduo em particular, se procurardes saciar a sede interior de amor verdadeiro e puro, na deriva de uma afetividade desordenada.
“É precisamente nestes momentos que Cristo se aproxima de cada um de vós e, como disse ao jovem de Naim, dirige a palavra que sacode e desperta: ‘Levanta-te!’. ‘Acolhe o convite que te faz levantar!’.
“Não se trata de simples palavras: é o próprio Jesus que se encontra diante de vós, o Verbo de Deus que se fez carne. Ele é ‘a luz verdadeira que a todo o homem ilumina’ (Jo 1.9), a verdade que nos torna livres (cf. Jo 14, 6) e a vida que o Pai nos concede em abundância (cf. Jo 10.10). O cristianismo não é um simples livro de cultura ou uma ideologia, e nem sequer apenas um sistema de valores ou de princípios, por mais elevados que sejam. O cristianismo é uma pessoa, uma presença e um rosto: Jesus, que dá sentido e plenitude à vida do homem.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
O que me leva a pensar o fato de que Jesus tenha sentido pena da mulher? Em algum momento a Palavra de Jesus me levantou? Falei a respeito disso? Confio que Jesus será meu refúgio e minha força cada vez que me sentir triste?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Levanta-me, Senhor, pois estou caído,
sem amor, sem temor, sem fé, sem medo;
quero levantar-me e me prostro;
eu mesmo o desejo e o impeço.
Estou sendo um só, dividido;
morro e vivo, triste e alegre, ao mesmo tempo;
o que posso fazer, é o que não posso;
fujo do mal e nele estou metido.
Tão obstinado estou em minha teimosia,
que o temor de perder-me e de perder-te
jamais se desvia de meu mal.
Teu poder e bondade transformem minha sorte,
pois em outros vejo emenda, cada dia,
mas em mim, novo risco de ofender-te.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Senhor, também sou jovem. Quero reviver em ti!
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
A cada dia, em minha oração, rezarei por um jovem (conhecido ou desconhecido), para que veja o caminho e encontre paz e vida em Jesus.
“Agora, que te entregaste, pede-lhe uma vida nova, um ‘novo selo’:
para dar firmeza à autenticidade de tua missão de homem de Deus”.
São José Maria Escrivá de Balaguer