“E todos quantos o tocavam ficavam curados”
8 de fevereiro de 2021“O que torna o homem impuro é o que sai do seu interior”
10 de fevereiro de 20219 de fevereiro – Terça-feira da Quinta Semana do Tempo Comum
Texto Bíblico: Mc 7,1-13: “Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens”
- Leitura: o que o texto diz?
O texto de hoje nos apresenta uma discordância entre Jesus e os fariseus acerca de algumas normas de pureza típicas do judaísmo. Tudo começa quando os fariseus e alguns mestres da Lei observam os discípulos de Jesus comendo sem lavar as mãos. Não se trata de um gesto de simples higiene, como é comum entre nós. O gesto era um rito de purificação que denotava o comprometimento com a pureza ritual. Ao verem os discípulos de Jesus transgredirem a tradição antiga, os fariseus questionam o mestre, responsável pela educação e comportamento daquelas pessoas. Jesus rebate com veemência, pois sabe que a preocupação dos opositores é apenas hipocrisia. Mais que isso, ele os acusa de utilizarem as tradições antigas para burlarem os mandamentos divinos. Assim, Jesus revela a hipocrisia instalada no coração de seus opositores que não estão realmente preocupados em realizar a vontade de Deus, mas em manter o status de cumpridores da Lei diante dos outros.
- Meditação: o que o texto me diz?
O conflito entre Jesus e os fariseus atinge um ponto importante do seguimento religioso. Não é muito difícil que uma pessoa religiosa se perca em diversas tradições e costumes que os outros fazem, seja gesto, pensamento ou certos tabus. Nesta altercação, Jesus quer levar seus interlocutores a pensarem o que realmente é essencial. Para isso, é necessário discernir o que é mandamento de Deus e o que é tradição humana, pois muito facilmente podem ser confundidos. Ao que parece, os adversários de Jesus estavam mais preocupados em parecerem justos do que realmente o serem. Esta postura pode dizer algo diretamente para nosso seguimento a Jesus. Assim, como o Mestre atingiu diretamente a hipocrisia dos fariseus, deixemos que ele atinja as nossas hipocrisias e incoerências, a fim de que elas possam ser transformadas.
- Oração: o que o texto me faz dizer?
Em sua discussão com os fariseus, Jesus aponta que a verdadeira preocupação da experiência religiosa deve ser um coração centrado em fazer a vontade divina. Esta centralidade não deve ser apenas aparente, mas autêntica. Neste momento, apresente ao Senhor seu desejo de ajustar a sua vida aos projetos dele, seu anseio de corresponder àquilo que Ele te propõe. Perceba os sentimentos que vão aflorando no seu interior e deixe-se conduzir pelo Espírito. Mais uma vez, feche seus olhos e mergulhe naquilo que o texto de hoje quer te proporcionar.
- Contemplação: O que Deus faz em mim a partir desse texto?
A partir daquilo que foi rezado, é hora de contemplar, mais intensamente, a ação de Deus em sua vida. A palavra divina tem força para atingir o mais profundo de nossa interioridade. Agora, perceba-se afetado por essa palavra. Assim como ela foi assertiva com os fariseus, desmascarando suas falsas pretensões de pureza, deixe-se interpelar por ela. Retire suas máscaras para que Deus contemple a verdade sobre você. Não precisa de medo, nem de vergonha, apenas deixe-se encontrar por Ele.
- Ação: Que atitudes devo tomar?
Após rezar com esse texto, é momento de um gesto concreto, de transformar a oração em atitude de conversão. Uma boa dica é reconhecer aquelas atitudes que vão na contramão do que Deus quer de você. Para isso, é determinante saber discernir a mera vontade humana da vontade divina. Vale dizer que nem sempre elas serão opostas, porém é essencial distinguir e assumir em sua vida ações que apontem mais para o querer divino que para tradições humanas.
Pe. Márcio Bezerra, INJ
Mestre em teologia pela FAJE.