“A criança se mexeu na barriga dela”
31 de maio de 2016Ame (Mc 12,28b-34)
2 de junho de 2016Alguns saduceus, os quais afirmam que ninguém ressuscita, chegaram perto de Jesus e disseram:
— Mestre, Moisés escreveu para nós a seguinte lei: “Se um homem morrer e deixar a esposa sem filhos, o irmão dele deve casar com a viúva, para terem filhos, que serão considerados filhos do irmão que morreu.” Acontece que havia sete irmãos. O mais velho casou e morreu sem deixar filhos. O segundo casou com a viúva e morreu sem deixar filhos. Aconteceu a mesma coisa com o terceiro. Afinal, os sete irmãos casaram com a mesma mulher e morreram sem deixar filhos. Depois de todos eles, a mulher também morreu. Portanto, no dia da ressurreição, quando todos os mortos tornarem a viver, de qual dos sete a mulher vai ser esposa? Pois todos eles casaram com ela!
Jesus respondeu:
— Como vocês estão errados, não conhecendo nem as Escrituras Sagradas nem o poder de Deus. Pois, quando os mortos ressuscitarem, serão como os anjos do céu, e ninguém casará. Vocês nunca leram no Livro de Moisés o que está escrito sobre a ressurreição? Quando fala do espinheiro que estava em fogo, está escrito que Deus disse a Moisés: “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó.” E Deus não é Deus dos mortos e sim dos vivos. Vocês estão completamente errados!
Depois de escolher um lugar apropriado e nos colocar inteiramente à disposição para ouvir o que Deus tem para falar, peçamos ao Espírito Santo que venha em nosso auxílio e interprete para nós o que Deus deseja com as palavras que este trecho do evangelho nos oferece hoje.
O texto de hoje nos traz uma situação muito interessante: alguns saduceus, que não acreditavam na ressurreição, se apoiam em uma lei para, utilizando um exercício de lógica, demonstrar uma contradição que aconteceria se houvesse a ressurreição.
A contra-argumentação de Jesus, também se apoia nas escrituras, contudo necessita uma percepção subjetiva mais aguda. Quando Deus fala com Moisés do meio da sarça ardente, ele não diz que “era” o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, mas sim que Ele “é”. Ora, se Ele continua sendo o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, é necessário que os três estejam vivos.
Quando alguém se relaciona com Deus e cria um vínculo com Ele permanece para sempre, pois Deus é e sustenta tudo que está nele. Jesus entende que é necessário uma transformação para entrar nesse novo estágio e conclui que na ressurreição nosso corpo será diferente, como o dos anjos do céu, e não haverá mais necessidade de casamentos.
Duas coisas me parecem importantes para nossa oração. Primeiramente, contemplar essa maravilhosa certeza que Jesus nos dá, de que nossa natureza se transformará e seremos como anjos do céu, quando chegar nosso momento de plena ressurreição.
Saber viver bem, guardar um pouco a ansiedade, como quando vamos viajar e sonhamos com mil venturas nos esperando durante o percurso. Então, assim como nos preparamos bem e fazemos tudo para ter uma viagem tranquila, vamos também viver da melhor maneira possível.
A outra coisa que me chama a atenção, e acredito ser importante trazer para nossa oração, é o fato de facilmente errarmos, se não consideramos o todo da escritura, ficando presos somente a pequenas partes e/ou frases.
A experiência de Jesus, narrada nos evangelhos, é um todo. O mesmo Jesus que expulsou os vendilhões do templo, debaixo de chibatadas (Jo 2, 13-15), é aquele que acolheu com imenso carinho a mulher pega em flagrante adultério (Jo 8, 3-11). O mesmo Jesus que, num primeiro momento, disse à viúva cananeia que Ele viera somente para as ovelhas perdidas do povo de Israel (Mt 15, 21-28) é o mesmo que cura o servo do oficial romano sem nenhuma contestação (Mt 8, 5-13).
Quando ficamos fechados somente naquilo que nos interessa, que nos deixa em situação de conforto, corremos o sério risco de nos equivocarmos. Penso que esse foi o erro daqueles saduceus e, com frequência, pode ser o nosso também. Muitas vezes utilizamos as escrituras, certos aspectos da experiência de Jesus, para atingirmos objetivos que são nossos, mas que não correspondem ao objetivo de construção do Reino de Deus.
Jesus, queremos hoje nos abrir para compreender de uma forma maior, mais completa e plena, a Sua mensagem. Envia Seu Espírito, Senhor, para que possamos compreender em nosso contexto, nas realidades atuais da nossa família, da nossa comunidade e do nosso país, onde, como e quando devemos agir, de tal forma que possamos ser identificados como Seus seguidores, mesmo que incomodemos e não sejamos benquistos, ou, ainda, que sejamos perseguidos e maltratados.
Maria, mãezinha querida, caminhe conosco e nos mostre sempre a melhor maneira de seguir o seu filho. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte