Para entrar na vida (Mateus 19,16-22)
18 de agosto de 2014A Bondade que sustenta o mundo (Mateus 20,1-16)
20 de agosto de 2014“Então Jesus disse aos discípulos: “Eu garanto a vocês: um rico dificilmente entrará no Reino do Céu. E digo ainda: é mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus.”
Ouvindo isso, os discípulos ficaram muito espantados, e perguntaram: “Então, quem pode ser salvo?”
Jesus olhou para os discípulos, e disse: “Para os homens isso é impossível, mas para Deus tudo é possível.”
Então Pedro tomou a palavra, e disse: Vê! Nós deixamos tudo e te seguimos. O que vamos receber?”
Jesus respondeu: “Eu garanto a vocês: no mundo novo, quando o Filho do Homem se sentar no trono de sua glória, vocês, que me seguiram, também se sentarão em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel.
E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos, campos, por causa do meu nome, receberá muitas vezes mais, e terá como herança a vida eterna.
Muitos que agora são os primeiros, serão os últimos; e muitos que agora são os últimos, serão os primeiros.”
Jesus faz essa afirmação tão forte depois que o jovem rico foi embora triste “porque era muito rico”, porque não foi capaz de sair da lógica do “possuir” para entrar na gratuidade do Reino, para vivenciar a dinâmica do “dom”. Os discípulos se assustam porque ainda tinham em mente a “Teologia da Retribuição”, tão presente em grande parte do Antigo Testamento, onde a riqueza era sinal da graça de Deus. Daí a sua pergunta: “Então, quem pode ser salvo?”
Mas Jesus está quebrando os esquemas, fazendo a inversão para outra lógica, a do Reino. Ele, que havia dito ao jovem rico “Só Deus é bom”, diz aqui aos discípulos e a nós: “para Deus tudo é possível.” Por este dom gratuito, primeiramente recebido, amor ofertado hoje a nós na Palavra e na Eucaristia, é possível deixar tudo. “Seu amor vale mais do que a vida.” porque Seu amor é a vida plena.
Os discípulos ainda insistem. Querem saber qual a recompensa desta escolha. “O que vamos receber?” Também carregamos esta pergunta: “O que ganho com isso?”, mas muitas vezes não temos coragem de fazê-la diretamente ao Senhor. Ficamos resmungando-a por aí quando nos é pedido o favor, a doação, a entrega. “O que ganho com isso?” Fazê-la então na oração, em diálogo com Deus. Colocar as nossas necessidades também, nós peregrinos, tão marcados pela ambiguidade, a começar dos próprios desejos.
Jesus faz uma inversão nesta resposta também. A recompensa não é outra, não é de fora. Há uma recompensa intrínseca ao próprio dom: participar da vida de Deus e já aqui sentir-se irmão. De fato, quando a gente deixa família, conforto, comodidade pela missão, quantos irmãos e mães encontramos pelo caminho, com quanta acolhida, aconchego e bondade acabamos nos deparando, Bondade de Deus atuando na bondade das pessoas. Nossa família se amplia, nossa casa é o mundo quando vivemos como missionários. E isso não é reservado só aos consagrados, mas chamado recebido no Batismo por todos os cristãos.
Quem vivencia o Reino, muitas vezes os mais pobres, menos presos às ilusões das riquezas, já é o primeiro no Reino; o primeiro no amor. Peçamos a essas testemunhas que já estão no Pai, os santos anônimos ou não, que intercedam junto a Ele para que também nós façamos as melhores escolhas, tomemos a decisão pelo Reino em cada passo do nosso dia a dia.
Tania Pulier, comunicadora social – Palavra Acesa Editora – Família Missionária Verbum Dei e pré-CVX Cardoner