Jogar as redes no profundo (Lucas 5, 1-11)
3 de setembro de 2015Inversão de valores – Lucas 6,1-5
5 de setembro de 2015Leitura: Lucas 5, 33-39
Algumas pessoas disseram a Jesus: “Os discípulos de João Batista jejuam muitas vezes e fazem orações, e os discípulos dos fariseus fazem o mesmo. Mas os discípulos do senhor não jejuam. Jesus respondeu: “Vocês acham que podem obrigar os convidados de uma festa de casamento a jejuarem enquanto o noivo está com eles? Claro que não! Mas chegará o tempo em que o noivo será tirado do meio deles; então sim eles vão jejuar!” Jesus fez também esta comparação: “Ninguém corta um pedaço de roupa nova para remendar uma roupa velha. Se alguém fizer isso, estraga a roupa nova, e o pedaço de pano novo não combina com a roupa velha. Ninguém põe vinho novo em odres velhos. Se alguém fizer isso, os odres se rebentam, o vinho se perde e os odres ficam estragados. Não. Vinho novo deve ser posto em odres novos. E ninguém quer vinho novo depois de beber vinho velho, pois diz: ‘O vinho velho é melhor’”.
Oração:
Jesus utiliza três comparações para falar da sua presença no meio de seus discípulos, e são essas três imagens que guiam a nossa oração de hoje.
A primeira delas é uma resposta à crítica que faziam aos seus discípulos, pois não jejuavam, o que contrastava com os dos fariseus e os de João Batista, que faziam orações e jejuavam muitas vezes. A resposta de Jesus é simples e revela quem Ele é. Jejuar, para seus discípulos, seria como ir a uma festa e comer nada. Jesus, que é a alegria, estava já no meio deles. Jejuar para encontrar quem, se Aquele que se deve buscar já está em meio? Além do mais, toda conversa com Jesus, e todo silêncio em sua companhia, eram oração, pois eram contemplar Deus de alguma forma. O jejum não tinha sentido, e a oração era a vida cotidiana.
As duas outras alegorias, a do remendo novo numa roupa velha e a do vinho novo em odres velhos, ilustram o descompasso entre Jesus e a crença do povo de Deus de seu tempo. É um alerta também para nós: naquele tempo, não reconheceram seu próprio Deus. Disseram: “O vinho velho é melhor”.
Em nossa oração, peçamos a Jesus que olhe conosco para nossa vida, a fim de que possamos enxergar quando também nós dizemos que “o vinho velho é melhor” e, assim, não nos beneficiamos da vida, sempre nova, que o Espírito sopra sobre nossa história, nossas realidades e o futuro da Igreja. Peçamos a Ele que nos ajude no discernimento que aponta a hora de abandonar uma roupa velha para vestir a roupa nova, pois só com uma boa escuta da Vontade é possível dar honra à nossa história e reconhecer a necessidade de alcançar novas visões. Só dessa forma não se despreza o passado e, ao mesmo tempo, se permite que o presente venha com força à nossa vida.
Peçamos a Ele que consigamos honrar nossa tradição e ter, ao mesmo tempo, olhos e acolhida para as novidades do amor de Deus. E que nossa vida seja de menos jejum da presença viva de Deus e mais parecida com as vidas dos discípulos, que rezavam quando comiam, quando bebiam, quando conversavam, quando riam, enquanto caminhavam e enquanto dormiam, pois com eles, o tempo todo, estava Jesus.
João Gustavo H. M. Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte