Jesus e as crianças (MC 10, 13 – 16)
25 de fevereiro de 2017Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros (Mc 10, 28-31)
28 de fevereiro de 2017“Confie sempre em Deus, meu povo!
Abram o coração para Deus, pois ele é o nosso refúgio.”
Sl 62.8
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito de Jesus,
doador da vida,
mostra-nos o caminho do Evangelho.
Precisamos de tua orientação,
Mestre da Esperança.
Queremos caminhar
em nossa realidade
injusta, cruel e dura,
desabrochando brotos
de alimento e de vida nova.
Ajuda-nos a animar
todos os que nos rodeiam;
ensina-nos a ajudar
e a lançar sementes de transformação.
TEXTO BÍBLICO: Mateus 6.24-34
Deus e as riquezas
Lucas 16.13;12.22-31
24 — Um escravo não pode servir a dois donos ao mesmo tempo, pois vai rejeitar um e preferir o outro; ou será fiel a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e também servir ao dinheiro.
25 — Por isso eu digo a vocês: não se preocupem com a comida e com a bebida que precisam para viver nem com a roupa que precisam para se vestir. Afinal, será que a vida não é mais importante do que a comida? E será que o corpo não é mais importante do que as roupas? 26Vejam os passarinhos que voam pelo céu: eles não semeiam, não colhem, nem guardam comida em depósitos. No entanto, o Pai de vocês, que está no céu, dá de comer a eles. Será que vocês não valem muito mais do que os passarinhos? 27E nenhum de vocês pode encompridar a sua vida, por mais que se preocupe com isso.
28 — E por que vocês se preocupam com roupas? Vejam como crescem as flores do campo: elas não trabalham, nem fazem roupas para si mesmas. 29Mas eu afirmo a vocês que nem mesmo Salomão, sendo tão rico, usava roupas tão bonitas como essas flores. 30É Deus quem veste a erva do campo, que hoje dá flor e amanhã desaparece, queimada no forno. Então é claro que ele vestirá também vocês, que têm uma fé tão pequena! 31Portanto, não fiquem preocupados, perguntando: “Onde é que vamos arranjar comida?” ou “Onde é que vamos arranjar bebida?” ou “Onde é que vamos arranjar roupas?” 32Pois os pagãos é que estão sempre procurando essas coisas. O Pai de vocês, que está no céu, sabe que vocês precisam de tudo isso. 33Portanto, ponham em primeiro lugar na sua vida o Reino de Deus e aquilo que Deus quer, e ele lhes dará todas essas coisas. 34Por isso, não fiquem preocupados com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã trará as suas próprias preocupações. Para cada dia bastam as suas próprias dificuldades.
1. LEITURA
Que diz o texto?
* Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
Por que não se pode servir a dois donos? Por que os discípulos não devem preocupar-se? Com que Jesus compara a atitude de confiança? Por mais que se preocupem, o que eles não poderão fazer? Qual a frase que termina com “vocês, que têm uma fé tão pequena!”? O que o Pai, que está no céu, sabe? O que devem pôr em primeiro lugar na vida? O que basta para cada dia?
Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Daniel Kerber 2
Jesus continua seu ensinamento do sermão da montanha.
O texto contém uma lição sobre a alternativa entre Deus e as riquezas (v. 24) e, em seguida, um longo texto em que se convida à confiança total na providência divina (vv. 25-34).
No sermão da montanha, que havia começado com as bem-aventuranças dos pobres (5.3), Jesus já havia falado sobre o perigo da riqueza (6.19ss). Agora, mais uma vez enfatiza que a riqueza pode transformar-se em um “dono”: “Um escravo não pode servir a dois donos ao mesmo tempo”, evidenciando-se a alternativa, porque ou se serve a Deus, ou à riqueza, pois, como dissera: “Pois onde estiverem as suas riquezas, aí estará o coração de vocês” (6.21). Esta advertência é muito forte em um mundo que valoriza principalmente o ter e o poder gastar.
Na segunda parte, através das imagens da comida, bebida e roupa, Jesus convida a confiar totalmente na providência de Deus Pai. No texto, ressalta duas vezes esse cuidado do “Pai de vocês” (vv. 26,32).
Deus cuida das aves do céu e dos lírios do campo; quanto mais não vai cuidar de seus filhos! O exemplos que apresenta: a comida e a roupa representam as necessidades básicas, mas nelas está englobado tudo o de que necessitamos para viver. Esta confiança filial a que Jesus convida não é simplesmente para ficarmos acomodados e sem nada fazermos. É a confiança que permite empenhar-nos pelo Reino de Deus: “Portanto, ponham em primeiro lugar na sua vida o Reino de Deus e aquilo que Deus quer”. Deus cuida de nós para que cuidemos de sua obra. E assim como Deus tem uma “providência ativa” que cuida de nós, convida-nos também a ser proativos, a buscar o Reino e a esforçar-nos por fazer com que sua justiça se manifeste.
Juntamente com a dimensão positiva da confiança, Jesus ensina a não preocupar-se e a viver cada dia o momento presente: “Por isso, não fiquem preocupados com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã trará as suas próprias preocupações”. Esta recomendação faz eco ao que
havia dito poucos versículos antes, quando ensinou seus discípulos a orar: “Pai nosso… dá-nos hoje o alimento que precisamos…”.
O que o Senhor me diz no texto?
Imaginar um Deus que atenda às necessidades de cada um de modo especial é complicado para nossa mentalidade; por isso, preferimos assegurar nosso futuro, nosso amanhã. De fato, praticar diariamente a “não-preocupação” é algo bastante difícil. O Evangelho não está a pedir-nos o descaso; pede-nos que coloquemos cada coisa em seu lugar e em seu nível de importância. Desse modo, Deus Pai, por seu amor para conosco, apoiará os desejos de nosso coração e os esforços que fizermos para realizar nossos sonhos.
O Papa João Paulo II compartilha a seguinte reflexão diante do texto: “Contudo, temos de estar precavidos contra uma tentação: a de querer colocar os bens terrenos acima de Deus. Por isso, diz Cristo: ‘Vocês não podem ser vir a Deus e também servir ao dinheiro’, porque ‘um escravo não pode servir a dois donos ao mesmo tempo’ (Mt 6.24). Se o que representa o símbolo bíblico do ‘dinheiro’ chega a converter-se em objeto de um amor superior e exclusivo por parte das pessoas e da sociedade, então nos vemos diante da tentação de desprezar Deus (cf. Mt 6.24). Não constatamos, porém, que esta tentação, ao menos parcialmente, se acha presente em nosso mundo? Não a observamos de modo particular em algumas regiões e povos? Já não é uma realidade esse desprezo por Deus, de diversas maneiras: primeiramente no campo do pensar humano e, em seguida, no de sua atuação? Viver como se Deus não existisse não se converteu em programa para muitas pessoas de nosso tempo?
“Jesus de Nazaré fala a seus contemporâneos, mas suas palavras chegam com uma força maravilhosa até nossos dias e nossos problemas. Estes são os temas eternos sobre homem. No entanto, com frequência, vemos que se inverteu a hierarquia de valores: o que é secundário, caduco, põe-se à frente, em primeiro plano. Em contrapartida, o que realmente deve estar em primeiro plano é sempre e somente Deus. E não pode ser de outro modo. Por isso, diz Cristo: ‘Portanto, ponham em primeiro lugar na sua vida o Reino de Deus e aquilo que Deus quer, e ele lhes dará todas essas coisas’”.3
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Tenho vivo interesse pelas coisas que quero vestir ou possuir? Preocupo-me demasiadamente com o amanhã ou, ao contrário, não me importo nem um pouco? Sei confiar na mão providente de Deus?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Oh! Amo-Te, Jesus! A minha alma por Ti suspira
Sê por um só dia o meu doce apoio.
Vem reinar no meu coração, dá-me o teu sorriso
Somente por hoje!
Que me importa, Senhor, se o futuro é sombrio?
Nada posso pedir-Te, oh não, para amanhã!…
Conserva-me o coração puro, cobre-me com a tua sombra
Somente por hoje.
Se penso em amanhã, temo a minha inconstância
Sinto nascerem em mim a tristeza e o desgosto.
Mas aceito, meu Deus, a prova, o sofrimento
somente por hoje.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
“Confio em tua bondade, Deus Pai!”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Farei um cálculo de meus gastos e rotinas, e descobrirei em que coisas mais invisto tempo e dinheiro. Comprometer-me-ei com reduzir alguns gastos e investir mais nos pobres, convidando minha família a fazer a mesma coisa.
“Ó santa pobreza, aos que a têm e desejam Deus prometeu o reino dos céus, e são concedidas sem dúvida alguma a glória eterna e a vida feliz!”
Santa Clara de Assis