Este é o meu Filho querido. Escutem o que ele diz! Mc 9, 2-13
18 de fevereiro de 2017Oração: alimento para nossa fé
20 de fevereiro de 2017“O Senhor é bondoso e misericordioso,
não fica irado facilmente e é muito amoroso!”
Sl 103.8
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito de Jesus,
doador da vida,
mostra-nos o caminho do Evangelho.
Precisamos de tua orientação,
Mestre da Esperança.
Queremos caminhar
em nossa realidade
injusta, cruel e dura,
desabrochando brotos
de alimento e de vida nova.
Ajuda-nos a animar
todos os que nos rodeiam;
ensina-nos a ajudar
e a lançar sementes de transformação.
TEXTO BÍBLICO: Mateus 5.38-48
A vingança
Lucas 6.29-30
38 — Vocês ouviram o que foi dito: “Olho por olho, dente por dente.” 39Mas eu lhes digo: não se vinguem dos que fazem mal a vocês. Se alguém lhe der um tapa na cara, vire o outro lado para ele bater também. 40Se alguém processar você para tomar a sua túnica, deixe que leve também a capa. 41Se um dos soldados estrangeiros forçá-lo a carregar uma carga um quilômetro, carregue-a dois quilômetros. 42Se alguém lhe pedir alguma coisa, dê; e, se alguém lhe pedir emprestado, empreste.
Amar os inimigos
Lucas 6.27-28,32-36
43 — Vocês ouviram o que foi dito: “Ame os seus amigos e odeie os seus inimigos.” 44Mas eu lhes digo: amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês, 45para que vocês se tornem filhos do Pai de vocês, que está no céu. Porque ele faz com que o sol brilhe sobre os bons e sobre os maus e dá chuvas tanto para os que fazem o bem como para os que fazem o mal. 46Se vocês amam somente aqueles que os amam, por que esperam que Deus lhes dê alguma recompensa? Até os cobradores de impostos amam as pessoas que os amam! 47Se vocês falam somente com os seus amigos, o que é que estão fazendo de mais? Até os pagãos fazem isso! 48Portanto, sejam perfeitos, assim como é perfeito o Pai de vocês, que está no céu.
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
De quem não devem os discípulos de Jesus vingar-se? Como eles serão filhos do Pai que está no céu? Sobre quem Deus manda a chuva? Como devemos ser perfeitos?
Algumas pistas para compreender o texto:
Jesus continua a ensinar e a reinterpretar a Lei no sermão da montanha.
Neste texto, trata de dois temas: a vingança (vv. 38-42) e o amor aos inimigos (vv. 43-48).
A lei do talião – “olho por olho, dente por dente” (Êx 21.24) – havia sido um grande avanço na administração da justiça, porque estabelecia uma proporcionalidade entre a falta e a desforra que aquele que havia sido prejudicado podia tirar. Antes dessa lei, as revanches podiam ser ilimitadas, e por uma ferida recebida, podia-se chegar a matar alguém (cf. Gn 4.23s).
No entanto, com esta proporcionalidade da vingança, mantinha-se a dinâmica da violência, à qual Jesus se opõe radicalmente. Como acontece com frequência em sua maneira de expressar-se, Jesus ensina mediante uma exageração quando diz: “Se alguém lhe der um tapa na cara, vire o outro lado para ele bater também”. Não se deve entender literalmente. De fato, quando, durante o julgamento, alguém esbofeteia Jesus, ele não oferece o outro lado da face, mas questiona quem lhe bateu: “Se eu disse alguma mentira, prove que menti! – respondeu Jesus. – Mas, se eu falei a verdade, por que é que você está me batendo?” (Jo 18.23). O que Jesus quer dizer aqui é que “sejam radicais em não devolver o mal com o mal”, “não façam o mal a quem lhes fizer algum mal”. E não somente não devolver o mal a quem faz algum mal, mas também, em uma perspectiva positiva, “se alguém lhe pedir alguma coisa, dê; e, se alguém lhe pedir emprestado, empreste” (v. 42). Jesus não somente convida a pôr freio à espiral que gera violência, mas também a uma atitude proativa em favor do bem: fazer o bem ao próximo. E este tema se liga ao ensinamento que se segue a respeito do amor aos inimigos.
No segundo ensinamento, que trata do amor aos inimigos, é preciso fazer alguns esclarecimentos: em primeiro lugar, em Israel, quando se falava do próximo, entendia-se por próximo todo aquele israelita que estava no território. Ou seja, um não-israelita, por exemplo, um samaritano ou outro estrangeiro, não eram considerados próximos; portanto, eram inimigos potenciais. Israel havia ocupado a terra derrotando inimigos, o que fazia com que tal aspecto estivesse muito presente. No tempo de Jesus, a terra estava ocupado pelo império romano, que praticava a exploração do povo principalmente através dos impostos.
O natural, em tal situação, era rechaçar, “odiar” tais inimigos. Jesus rompe totalmente com esta tradição e convida a algo que se mostrava muito difícil de compreender e mais difícil ainda de pôr em prática: “amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês” (v. 44). E invoca, para tal atitude, o Pai, que faz com que o sol brilhe sobre os bons e sobre os maus.
Este texto e este capítulo se concluem com uma frase que sintetiza a mensagem que Jesus transmitiu: “Portanto, sejam perfeitos, assim como é perfeito o Pai de vocês, que está no céu”, que ressoa o que se diz na Lei: “Sejam santos porque eu sou santo” (Lv 20.7), e que Lucas traduz assim: “Tenham misericórdia dos outros, assim como o Pai de vocês tem misericórdia de vocês” (Lc 6.36).
O que o Senhor me diz no texto?
Novamente Jesus, no Evangelho, convida-nos a romper com os paradigmas nas relações interpessoais: amar aqueles que nos ofendem. Definitivamente, é muito humano sentir dor ou desgosto diante de situações que inevitavelmente acontecem, e Deus não é indiferente à nossa humanidade, mas exige que saibamos transformá-las em obras de misericórdia. A isso é que o Evangelho chama de fazer algo “de mais”, e este é o caminho da santidade.
O Papa Francisco partilha conosco a seguinte reflexão: “No Evangelho, também Jesus nos fala da santidade e explica a nova lei – a sua. Fá-lo através de algumas antíteses entre a justiça imperfeita dos escribas e fariseus e a justiça superior do Reino de Deus. A primeira antítese do texto de hoje tem a ver com a vingança. ‘Ouvistes que foi dito aos antigos: “Olho por olho e dente por dente”. Pois Eu digo-vos: (…) se alguém te bater na face direita, apresenta-lhe também a outra’ (Mt 5.38-39). Não só não devemos restituir ao outro o mal que nos fez, mas havemos também de esforçar-nos por fazer o bem magnanimamente.
“A segunda antítese refere-se aos inimigos: ‘Ouvistes que foi dito: “Hás-de amar o teu próximo e odiar o teu inimigo”. Pois Eu digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem» (5.43-44). A quem quer segui-lo, Jesus pede para amar a pessoa que não o merece, sem retribuição, a fim de preencher as lacunas de amor que há nos corações, nas relações humanas, nas famílias, nas comunidades e no mundo. Irmãos Cardeais, Jesus não veio para nos ensinar as boas maneiras, as cortesias; para isso, não era preciso que descesse do Céu e morresse na cruz. Cristo veio para nos salvar, para nos mostrar o caminho, o único caminho de saída das areias movediças do pecado, e este caminho de santidade é a misericórdia, aquela que Ele usou e usa cada dia conosco. Ser santo não é um luxo, é necessário para a salvação do mundo. Isto é o que o Senhor nos pede.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Alimento antipatias, falando demasiado ou pensando mal a respeito de quem me fez uma ofensa? Considero que a santidade é somente para aqueles que estão nos altares, ou acredito que posso chegar a ser santo? Creio que a misericórdia é um bom elemento para alcançar a perfeição de Deus?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
O sangue do justo e o do malvado
passam pelo teu próprio coração.
As costas daquele que golpeia e as do que recebe a chicotada
são parte de teu próprio corpo.
Em tuas lágrimas choram a dor do bom
e a confusão de seu agressor.
Tua própria ternura abraça o rosto de tua mãe, Maria,
e do soldado que te perfura.
Em teu coração não há excluídos, em teu corpo cabemos todos nós;
em tuas lágrimas, todos choramos; em tua ternura, todos existimos.
Deixa-me entrar contigo, Senhor, em teu mistério,
e viver no lar de tua paixão,
onde reconcilias o impossível.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
“Senhor, fazendo ‘algo de mais’, vou caminhando para tua perfeição”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, visualizarei a pessoa com quem tenho uma grande diferença ou desgosto e, em oração, pedirei a Deus que me ajude a perdoar a tal pessoa, e cada dia direi: “Fulano(a), eu lhe perdoo”.
“Bem-aventurado o servo que recebe as advertências, acusações e repreensões dos outros com tanta paciência como se proviessem dele mesmo.”
São Francisco de Assis