Assim se tornarão filhos (Mateus 5, 43-48)
17 de junho de 2014Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo (João 6, 51-58)
19 de junho de 2014“‘Prestem atenção! Não pratiquem a justiça de vocês diante dos homens, só para serem elogiados por eles. Fazendo assim, vocês não terão a recompensa do Pai de vocês que está no céu.
Por isso, quando você der esmola, não mande tocar trombeta na frente, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pelos homens. Eu garanto a vocês: eles já receberam a recompensa.
Ao contrário, quando você der esmola, que a sua esquerda não saiba o que a sua direita faz, para que a sua esmola fique escondida; e seu Pai, que vê o escondido, recompensará você.
Quando vocês rezarem, não sejam como os hipócritas, que gostam de rezar em pé nas sinagogas e nas esquinas, para serem vistos pelos homens. Eu garanto a vocês: eles já receberam a recompensa.
Ao contrário, quando você rezar, entre no seu quarto, feche a porta, e reze ao seu Pai ocultamente; e o seu Pai, que vê o escondido, recompensará você.
Quando vocês jejuarem, não fiquem de rosto triste, como os hipócritas. Eles desfiguram o rosto para que os homens vejam que estão jejuando. Eu garanto a vocês: eles já receberam a recompensa.
Quando você jejuar, perfume a cabeça e lave o rosto, para que os homens não vejam que você está jejuando, mas somente seu Pai, que vê o escondido; e seu Pai, que vê o escondido, recompensará você.’”
“Prestem atenção! Não pratiquem a justiça de vocês diante dos homens, só para serem elogiados por eles.” Esta é a chave de leitura do Evangelho de hoje. Na sociedade judaica da época de Jesus, era valorizado aquele que praticava fielmente a religião e suas práticas. Poderia trazer status. Hoje, nem todos os grupos sociais valorizam a prática religiosa, alguns até a desprezam. No entanto, continua válida a questão levantada da IMAGEM. Quer diante dos que ficamos tentados a esconder nossas práticas por vergonha do que podem pensar e dizer, quer diante daqueles que a tentação é expô-las. “Fazendo assim, vocês não terão a recompensa do Pai de vocês que está no céu.” Porque já teremos escolhido a recompensa dos olhares humanos, dos elogios, de manter a imagem. Esta recompensa, no entanto, dura? Preenche? Qual o seu sabor?
Diante desta chave da recompensa e da imagem, Jesus discorre sobre três práticas da sua religião, também importantes na nossa: a esmola, a oração e o jejum. Ele está falando aqui da relação com o outro, com Deus, consigo mesmo e com a natureza. Jesus vem instaurar a paz, o SHALOM, que significa boas relações em todas essas dimensões. O que Você me ensina, Senhor, de cada uma?
“Quando você der esmola, que a sua esquerda não saiba o que a sua direita faz, para que a sua esmola fique escondida; e seu Pai, que vê o escondido, recompensará você.” O que Jesus nos convida a viver é uma caridade profunda e verdadeira fraternidade. Não é para eu me elevar às custas do outro diminuído, mas para vivermos como irmãos. E esta é a verdadeira recompensa que o Pai nos dá: a vida de filho. Quantas vezes fazemos um favor, ajudamos alguém no trabalho, em casa ou mesmo numa obra social e alardeamos pra todos o quanto fizemos. Cobramos um reconhecimento que não nos sacia, aliás, sempre deixa o dissabor de querer mais, de não ser suficiente. A “caridade” vivida desta forma não cria esses vínculos com o mundo novo, o Reino.
Na relação com o Pai, Jesus nos ensina: “Quando você rezar, entre no seu quarto, feche a porta, e reze ao seu Pai ocultamente; e o seu Pai, que vê o escondido, recompensará você.” Este encontro profundo, íntimo com Deus é graça, mas também depende da nossa vida e das nossas escolhas. Quantas vezes em nosso ritmo pesado de vida não conseguimos nos retirar! Será que não? Há coisas que talvez não possamos abrir mão, um trabalho, um estudo, o cuidado da família. Mas do que enchemos nossos olhos, nossos ouvidos, nossa mente o dia todo? Qual alimento buscamos em nosso ir e vir diário? Do que preenchemos o tempo que podemos escolher? Apenas novelas e redes sociais? Ou também boas leituras, boas músicas e espetáculos, descanso e a Palavra de Deus? Pedir luz ao Espírito de como fazer escolhas que nos ajudem a preparar nossa vida para a profundidade, o mergulho na oração; colaborar com a graça para não ficar na superficialidade, mas chegar neste quarto mais retirado, onde o encontro é muito mais íntimo e profundo e, por isso, uma experiência de amor que sustenta toda a vida, tornando-se nosso tesouro.
E o jejum? É uma prática que nos ajuda no autodomínio e na retomada do equilíbrio corporal. Além disso, é indicável oferecer ao irmão que precisa aquilo do qual abrimos mão. Hoje em dia não é comum se falar de jejum, mas o tempo se faz alarde das dietas. E quanta neura e até doenças vêm deste exagero. A questão diante do Pai, “no escondido” aqui seria: Pai, o que eu realmente preciso para viver uma relação saudável com meu corpo, que é Templo sagrado, e com os bens da natureza, tão ferida pelo consumo desenfreado?
Podemos perceber que uma dimensão influencia a outra e a recompensa é viver como uma pessoa inteira e integrada, como filha do Pai de amor, gerando ambientes também de harmonia e integração, com perfume do Reino. E isso não é para “os olhares” ou “os elogios” dos homens. É para a sua vida. E a nossa também. E elas estão “escondidas com Cristo, em Deus” (Cl 3).
Que Maria, mulher que soube viver em Deus, buscando Sua vontade e o sentido de cada pequeno aspecto da vida e cada circunstância, nos tome pela mão e nos ensine a beleza do “escondimento” e a recompensa que vem de viver para o Pai e do Pai.
Tania Pulier, comunicadora social – Família Missionária Verbum Dei e pré-CVX Cardoner