Ouvir e praticar
22 de setembro de 2015Duas perguntas
24 de setembro de 2015Leitura: Lucas 9,1-6
Jesus chamou os doze discípulos e lhes deu poder e autoridade para expulsar todos os demônios e curar doenças. Então os enviou para anunciarem o Reino de Deus e curarem os doentes. Ele disse:
— Nesta viagem não levem nada: nem bengala para se apoiar, nem sacola, nem comida, nem dinheiro, nem mesmo uma túnica a mais. Quando vocês entrarem numa cidade, fiquem na casa em que forem recebidos até irem embora daquele lugar. Mas, se forem mal recebidos, saiam logo daquela cidade. E na saída sacudam o pó das suas sandálias, como sinal de protesto contra aquela gente.
Os discípulos então saíram de viagem e andaram por todos os povoados, anunciando o evangelho e curando doentes por toda parte.
Oração: Viajemos
O texto de hoje trata da missão dada aos doze discípulos. Depois de tanto ouvirem Jesus, testemunharem seus milagres e situações de conversão, agora teriam eles a tarefa de andar por todos os povoados anunciando o evangelho, curando doentes e expulsando demônios.
Percebamos que nossa vida deve fazer o mesmo movimento que os discípulos fizeram diante do contato com Jesus. Há o momento de recebermos a novidade que Ele traz, como há o momento de sermos semeadores dessa novidade em todos os povoados, agrupamentos de nossa sociedade atual. O cristianismo nunca deve ser apenas ouvinte, observador, mas é urgente que seja atuante, missionário.
Podemos ser missionários no interior de nossa família ou de nossa comunidade, mas Jesus nos pede que viajemos: menos no sentido de percorrermos grandes distâncias, mais no sentido de ampliarmos nossa visão do mundo, enxergando sobretudo aqueles que realmente são os mais necessitados e sofridos de nosso mundo, aqueles que vivem em miséria extrema, seja ela miséria física, espiritual ou social.
Não faz sentido simplesmente batermos à porta das pessoas para falarmos de Jesus e daquilo que Ele quer para o mundo. Precisamos ser reconhecidos como parte de Jesus, pois é isso que nos dá autoridade e legitimidade, e Ele já nos disse que esse reconhecimento se dá na caridade que deve haver entre todos que o pertencem.
Peçamos hoje que Jesus ilumine o nosso caminho missionário, fazendo-nos enxergar aqueles que mais precisam de nosso cristianismo. São Francisco de Assis percebeu que deveria transformar radicalmente a sua vida depois de ler este trecho do evangelho de hoje: “Nesta viagem não levem nada: nem bengala para se apoiar, nem sacola, nem comida, nem dinheiro, nem mesmo uma túnica a mais”. Ao meditar essa passagem, decidiu vivê-la ao pé da letra, em completo despojamento, para que estivesse mais próximo do Cristo que vive na pobreza. Podemos rezar e refletir hoje a oração que São Francisco proferiu diante da cruz de São Damião, quando pediu ao crucificado um significado para a sua vida:
Deus altíssimo, ilumine as trevas do meu coração. Conceda-me uma fé verdadeira, uma esperança firme e um amor perfeito. Dá-me o reto sentir e conhecer, a fim de que eu possa cumprir o sagrado encargo que agora o Senhor me acaba de dar.
Marcelo H. Camargos – acadêmico de medicina na UFMG e membro da Família Missionária Verbum Dei de Belo Horizonte.